Monstro

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Abayomi

Já estávamos em uma distância segura para que ele não pudesse saber onde estivera mais cedo. Já era noite, e as sombras e os vestes agora me favoreciam, usei o mesmo feitiço para esconder os rastros e agora o despertei do seu sono.

- Acorda, Princesa. Precisamos achar seus irmãos. – Eu disse, enquanto Azriel ainda piscava os olhos lentamente e tentava se localizar.

- Devem estar fazendo rondas pela floresta – Sua voz ainda era estranha e estava tentando se equilibrar e ficar de pé – Vamos achá-los rápido.

Caminhamos por árvores cheias de neve nas folhas que ainda restavam e árvores que só possuíam os galhos sem nenhuma folha. As pedras e o chão, estavam cobertos por neve branca, mas durante a noite elas não me deixavam em evidência, pelo contrário, conseguia me camuflar em todos os lugares. Azriel por outro lado era como um vagalume, as joias azuis brilhavam e conseguiam entregar onde estávamos, não que isso seja um problema agora, precisávamos que nos encontrassem, era esse o objetivo.

- Isso nunca apaga? – Pergunto ao rapaz, ele parece atento a floresta, mas volta a prestar atenção em mim – Essas joias, ficam sempre acesas?

- São Sifões, se se apagarem quer dizer que perdi minha força e poder. – Ele diz, encarando a escuridão mais uma vez e desviando os olhos de mim – A não ser que eu morra, permanecerão acesos.

Não me achei no direito de continuar a conversa, tive a resposta que precisava. Sifões. Assim como ele, voltei a atenção para a floresta escura, no momento certo para enxergar o que estava na minha direção, consigo desviar do objeto, mas mesmo assim ele consegue rasgar um pedaço de minha pele do rosto. O sangue começa a brotar no local e é quando me protejo de algum outro possível objeto que fosse lançado contra mim, paredes escuras e vibrantes rodeiam Azriel e eu.

- Foi bastante fácil te achar dessa vez. – Conhecia aquela voz, o tom de ironia, mas não conhecia seu nome. – Devolva meu guerreiro e podemos conversar sobre sair viva daqui.

Eu dou uma risada alta, ainda segurando as paredes em volta de nós dois, adoraria passar o dia inteiro provocando esse guerreiro, porém, meu objetivo é outro.

- Não teria me encontrado se eu não quisesse que fosse feito. – Repito o tom de ironia que o mesmo me dirigiu – Seu guerreiro tem algumas palavras para você.

- Cassian, - Então era esse seu nome. Azriel diz com calma – ela está em busca de um acordo e não de guerra. Ela não faz parte das organizações que procuramos. – Organizações? Poderia perguntar sobre isso mais tarde se sobrevivesse. – Não estou ferido. Não precisa machucá-la.

- Que tipo de acordo se faz com monstros? – Cassian diz do lado oposto ao nosso e meu sangue ferve. Monstro. – Agradeço por não ferir, Azriel. Mas isso não a torna menos ruim.

- E o que me torna ruim? – Pergunto, já alterada, tentando não parecer me incomodar com os insultos feitos a mim. - O que me faz um monstro, Cassian?

Não o deixo responder, e assim prossigo o que estava dizendo.

- Me defender, me faz um monstro? – Noto que não estamos sozinhos mais, os outros soldados alados chegam e se aliam em posições estratégicas – Te enfrentar, me faz um monstro? – Azriel me encarava nesse momento, sabia que as regras tinham sido quebradas a partir do momento que aquela adaga foi lançada contra mim e estava preocupado com o irmão. – Não matar seu irmão quando tive a oportunidade, me faz um monstro? – Deixo de encarar Cassian e passo a olhar para Azriel – Proteger minha família, me faz um monstro?

Ninguém se move, ninguém fala. O silêncio domina a floresta, nem os animais ou o vento ousam se mover e cantar agora. Respiro fundo antes de falar.

- Se tudo isso for a caracterização de monstro em sua cultura. – Eu encaro Cassian, apesar de estar longe olho no fundo dos seus olhos. – Então, eu sou o pior monstro que encontrará.

- Basta! – É Azriel que se pronuncia agora – Cassian, ela só quer conversar. E não seremos nós que a proibirão de falar. Levaremos ela até nossos Grão- Senhores e eles decidirão o que será feito. - Um certo alivio me ronda quando sinto a firmeza e confiança no que foi dito por ele. Creio que todos perceberam a mesma coisa.

- Certo, será levada até eles. – Cassian diz caminhando para mais perto. – Terá o que quer, agora, devolva meu irmão. – Ele caminha em nossa direção.

- Ele é minha segurança de que não me jogará numa prisão ou masmorra antes de falar com seus superiores. - Digo me aproximando de Azriel. – Até isso acontecer, seu irmão permanece do meu lado. – Lanço um feitiço sob as mãos de Azriel que são envolvidas por sombras e alguns lampejos de luz, a mesma energia se estende e ronda minha mão agora, depois se solidifica no meu pulso, estaremos ligados por essa amarra agora.

Cassian para no meio do caminho, perplexo por mais uma vez não estar preparados para os meus dons e não saber explicá-los. As paredes permanecem erguidas me protegendo de qualquer ataque surpresa dos seus soldados. Apesar do guerreiro parecer furioso com a surpresa sei que não arriscará me atingir enquanto estiver tão próxima de Azriel.

- Levaremos você até o Acampamento para esperar que os Grãos- Senhores entrem em contato – Cassian disse já se virando de costas preparado para partir em direção ao seu destino.

Ele parou assim que as árvores se mexeram e um vento repentino se formou atrás de nós. O guerreiro foi o primeiro a se virar e ajoelhar-se, seguido por todos os outros soldados. Por fim Azriel e eu nos viramos em direção ao vento e ele também se ajoelhou. A figura a minha frente, usava um vestido preto simples e uma capa parecida com a minha, tirando o fato do pingente que usava para decorar, pareciam três montanhas. Além disso, essa também tinha asas e as orelhas pontudas assim como todos eles. O corpo brilhava e ela se destacava na noite escura.

- Creio que não precisarão me esperar por muito tempo. – Ela diz com muita graça e elegância – Estou aqui para a reunião.

- Quem é você? – Pergunto a ela. A mulher sorri e se direciona a mim. Todos já estão de pé, inclusive Azriel ao meu lado.

- Sou a Grã-Senhora da Corte Noturna. 







Notas da Autora:

OLÁAAA, estava a milênios querendo falar com vocês. Então, tô postando esse capítulo mega importante pra história e eu espero que vocês estejam curtindo ler. Comentem o que estão achando... 

Eu tava querendo estabelecer um Dia e Horário fixo pra postar, mas minha vida tá uma mini loucura então por enquanto a única que eu consigo afirmar é que postarei aos fins de semana. 

Além disso, eu queria declarar que eu amo muito o Az e todos os personagens vão ter seu momento de brilhar, aos poucos eu vou inserindo eles, pode deixar! 

Tenham uma boa noite, bom dia, boa tarde, e até o próximo <3

Corte de Escuridão e MagiaOnde histórias criam vida. Descubra agora