Surpresa

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Azriel

As amarras que estavam em volta do meu pulso se foram. Olhei para Abayomi que se encontrava com algumas lágrimas nos olhos, mas nenhuma delas foi derramada e com muita rapidez desapareceram assim que Feyre se aproximou e num movimento leve pegou em suas mãos.

- Leve o tempo que precisar. – Feyre disse doce, se referindo a mudança que a fêmea teria que fazer. – Avise-me quando ela estiver na cidade. – Dessa vez, Feyre olhava para mim e eu fiz que sim com a cabeça. Ela assentiu para minha Grã- Senhora e momentos depois Feyre se foi, provavelmente tinha vários outros problemas a resolver.

- P-preciso voltar para minhas irmãs. – Abayomi disse e pela primeira vez a vi gaguejar. – Está livre para ir, cumpriu sua parte do Juramento. – Ela olhava para mim e depois para Cassian que já estava caminhando até nós dois.

Eu não disse nada, apenas me despedi com a cabeça e parti ao encontro de Cassian, ele estava feliz por me ver e mesmo sabendo que estava bem continuou preocupado.

- Se ela encostar em você novamente .... – Ele começou a dizer, mas o interrompi.

- Eu estou bem. Não precisa ficar bravo, garanto que tem outras coisas que o deixam mais furioso que Abayomi. – A expressão que ele fez ao escutar seu nome foi de surpresa, talvez pela pronúncia ou pelo fato de eu saber o nome dela.

- Não quero ouvir esse nome, não agora e não hoje. – Cassian fechou a cara e mudou de assunto- Voltaremos ao Acampamento, temos muito o que resolver com os grupos rebeldes que estão cada vez maiores.

- Consigo alcançar você. – Era como um "até daqui a pouco, preciso resolver algumas coisas ainda", porque eu ainda precisava de algumas palavras com a Bruxa.

Cassian partiu e o mesmo foi feito pelos Illyrianos que antes vigiavam a fêmea como uma ameaça. Ela parecia segura naquele lugar depois das palavras de Feyre, e estava pronta para partir, quando tentei a impedir e disse um pouco mais alto.

- Como saberei que está pronta? – Me direcionei a ela que estava com o capuz preto cobrindo boa parte do rosto.

- Apenas saberá, Azriel. – Ela disse e pude ver um sorriso entre as sombras que o capuz fazia em seu rosto – Não vou estragar a surpresa. Vejo-o em breve.

Ela se torna completamente invisível, graças as habilidades em domar as sombras e se esconder. Se vai, não sei para onde, mas faço o mesmo e parto até o Acampamento. Suas palavras são verdadeiras e creio que quando estiver pronta eu realmente vou saber.


***


Devlon estava extremamente preocupado com a decisão de Feyre, sobre aceitar Abayomi na Corte Noturna. Estava furioso também, mas isso ele não poderia nos dizer.

- Muito perigoso para se arriscar, não sabemos o que ela deseja de fato – Ele dizia enquanto analisava o mapa em sua mesa- Não podemos simplesmente aceitar desconhecidos em nossas terras. Os grupos estão cada vez mais organizados e se for um plano para se infiltrar? – Ele fez a pergunta, mas não gostaria de uma resposta.

Não cabia a mim respondê-lo, então permaneci calado, apenas alisando minhas têmporas em círculos como se isso me acalmasse e ajudasse a pensar.

- Podemos vigia-la por segurança, não é? – Cassian disse e me olhou buscando confirmação e eu fiz que sim com a cabeça. – Seus espiões podem nos ajudar nisso.

- Não quero mais nenhum problema. – Devlon disse por fim sobre esse assunto e continuou – Os grupos rebeldes estão se manifestando cada vez mais. – Ganhou a atenção completa de Cassian e eu. – Hoje alguns guardar que patrulhavam pelas florestas perto da Corte Primaveril identificaram sinais marcados em algumas árvores.

Ele arrastou uma folha de papel pela mesa, uma pena e um tinteiro, começou a rabiscar e o resultado foi um círculo acompanhado de um losango com um traço em linha reta e horizontal no centro da imagem.

- Nunca vi esse símbolo antes – De novo quem se manifesta é meu amigo. – Conhece isso de algum lugar?

Devlon nega com a cabeça e eu olho novamente para o desenho simples. Poderia ser como o grupo se identificava e se estavam na Corte Primaveril precisávamos avisar Tamlin e as tropas que ali rodeavam. Não acredito que o Grão-Senhor ligará muito, mas os guerreiros precisavam saber que poderiam estar em perigo.

- Vou até lá avisá-los. – Digo rápido antes que alguém tente me impedir – Volto com notícias. - E parto dali.

O inverno não era a melhor época para atravessar, os ventos eram mais intensos e a neve atrapalhava bastante. Mas chegando na Corte Primaveril, o clima era ameno e confortável. Percebi as tropas alinhadas e bem estabelecidas. Rhys tinha as enviado para nossa segurança e as dos Mortais que não estavam mais protegidos pela Muralha. O palácio de Tamlin, continuava coberto por ervas daninhas e em boa parte destruído. Não eram os melhores dias de sua Corte e seu fracasso em recuperar Feyre, o destruiu completamente. Nada que um Imortal não pudesse superar. Ele terá de se erguer em algum momento, passar a eternidade se lamentando não adiantará muito. Não poderia perdoá-lo pelas atrocidades que fez contra minha Grã-Senhora, mas sentia pena de seu estado atual.

Avisto uma tenda maior erguida e vou em sua direção, não estava aqui por Tamlin, porque sabia que avisar ele seria perca de tempo, já as tropas, era meu dever alertar sobre os perigos.

Quando passo pela entrada da tenda, encontro um pequeno conselho sendo organizado, alguns guerreiros, talvez o comandante e o general e uma figura que não esperava encontrar ali. Ele se virou e pude ver seu rosto perfeitamente.

- Vai se juntar a nós, Mestre Espião? – Sua voz estava normal e convidativa.

- Creio que tenho informações importantes para partilhar – Respondi me direcionando a mesa e a cadeira vazia mais próxima, e como se solicitasse sua permissão digo. – Podemos começar, Lucien?

Corte de Escuridão e MagiaOnde histórias criam vida. Descubra agora