34|Capítulo [Verdades Secretas]

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LUCIANA

Corre... corre...corre...

É a única coisa que eu faço é correr. Ignorando a dor que sinto. Ouço o estampido de um tiro.

- ALCEU? NÃO! – grito.

Então tapo minha boca com as costas da mão, sufocando dentro de mim a vontade de gritar por ele novamente. Caio em meio ao mato, sentindo minhas pernas serem cortadas pelos galhos secos, espinhos estão sendo fincados em minha pele. Mas não dói. Nada dói. Perto do que estou sentindo dentro de mim.

- Não, meu Deus não permita isso... Por favor – as lagrimas correm por minha face sem que eu possa fazer nada, se misturando com minhas falhas orações, não consigo formar nada alem de NÃO PERMITA ISSO, MEU DEUS POR FAVOR. Não sei quanto tempo se passou, estou abraçada as minhas pernas. Lembro de suas palavras.

Preciso que você saia daqui para eu poder pensar em mim

Tem um telefone no carro, avise Heitor, Dom vai saber o que fazer

Ele precisa de mim. E sentindo a necessidade me levanto voltando a andar em direção a onde estávamos. Me, aproximo e vejo que não há mais nenhum dos dois carros. Corro até a viatura que Alceu veio e abro a porta procurando o que ele falou. Passando a mão por baixo logo sinto o metal frio da arma. Ele me alertou que deixou destravada, tomo cuidado quando tiro de baixo do banco. Procuro o telefone.

- Achei!

Olho para ver, e não tem sinal. Droga. Quando começo a andar de volta para o caminho que tenho que ir, sinto uma vontade de olhar para trás e vejo as roupas que ele estava usando, jogadas no chão. Retraio a vontade de voltar. Preciso chegar logo a cidade, então eu começo a correr. A noite começa a cair e o medo aumenta.

Atire sem pensar duas vezes.

Suas palavras ecoam em minha cabeça.

Sinto minhas pernas doerem pelo cansaço, pelas feridas que foram abertas pelos galhos secos. Na hora não senti a dor, mas agora eu sinto algo quente escorrendo por minhas pernas. Mas eu não posso parar. Não posso. Ele depende de mim. Abro minha boca em busca de ar.

- Não posso desistir! – chego a encruzilhada e lembro. Sempre a direita. Logo a frente vejo faróis de carros vindo em minha direção. Graças a Deus. Penso.

Mas e se forem eles novamente?

Minhas duvidas são tiradas quando vejo as sirenes. Sentindo uma mistura de alívio com ansiedade eu caio no meio da estrada. O choro toma conta de mim novamente. Escuto o barulho dos carros parando. Passos e vozes se embaralham.

- Luciana! – alguém fala meu nome.

- Eles o levaram! – essa frase sai e meio aos soluços – Você tem que ir atrás dele Heitor... Você tem! – seus braços me envolvem me tirando do chão – Por favor!

- Estamos cuidando disso calma, me conte o que aconteceu? – vejo que ele olha para minhas pernas – Você está machucada... Cadê a porra da ambulância?

 Cadê a porra da ambulância?

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