Oitava regra

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Taehyung sentia-se sozinho. Mesmo que estivesse realmente daquele modo naquela sala visto por não ter amigos, não era por isso que se lamentava. Jungkook havia faltado novamente. Ele parecia mal, triste pela separação dos pais, e Kim culpava-se por não poder fazer nada além de dizer que tudo ficaria bem.

- Você parece mais irritante ainda quando está calado. - Aquela voz. Ah, como esquecer. - Pelo visto seu guarda-costas ainda não apareceu na escola, não é mesmo?

Taehyung encolheu-se novamente na carteira, mordendo a língua para que não falasse nada. Droga, pioraria sua situação! Mas estava cada vez mais difícil ouvir aquele garoto falar aquelas coisas sem nem mesmo pensar no quanto o afetava.

- Ah, vejamos. Soube que vocês se encontram às escondidas depois da escola. - disse, com descaso. - Garotos não deveriam se envolver com outros garotos. É nojento!

Taehyung levantou-se com raiva, empurrando o corpo do garoto para trás, fazendo-o cair pelo susto.

- Você parece tão nojento quanto eu agora nesse chão - Taehyung exaltou-se, cerrando o punho com raiva. - Você é estúpido e irritante! Será que não consegue me deixar em paz por um mínimo momento sequer? Isso tudo é inveja por não ser tão bom quanto eu em nada, não é? Invejoso!

- O que disse? - o garoto levantou do chão, trincando os dentes.

A turma todos já os observava. Olhos que corriam de um ao outro, cochichos sendo espalhados, sorrisos irônicos e comentários maldosos sobre sua atitude tola de empurrar o garoto a sua frente.

Tomado pela raiva, Taehyung não percebeu na droga que havia se metido. Foi só quando sentiu o rosto reclamar da dor que notou, e bem, já era tarde demais para tentar mudar algo.

- Onde está toda a sua coragem, hum? - o garoto indagava enquanto segurava o uniforme escolar de Taehyung. Tolo e ingênuo. Kim era realmente aqueles dois adjetivos por achar que poderia fazer algo consigo e sair sem nem mesmo um machucado. Socou-lhe o rosto, as mãos pequenas não causariam tanta dor se não fossem usadas para machucar um ainda mais fraco que si. - Vamos, repita a sua belíssima frase, Taehyung! - clamou alto, a os alunos passando a irem para suas carteiras a medida que a professora se aproximava. - Seu papai não virá ajudá-lo?

Os minutos após ali foram rápidos. A professora pediu que o garoto se afastasse de Taehyung, enquanto indagava o motivo daquilo. Eram crianças, então nada era realmente levado a sério. Algumas palavras e repreensões para cada um, e pronto.

Quando as aulas acabaram, Taehyung não teve coragem de passar pela casa de Jungkook. Se o amigo soubesse que havia apanhado por não ter aparecido na escola, seria péssimo. E pior, não queria ter que admitir aquilo. A presença de Jungkook na escola havia passado a salvá-lo dos infortúnios, mas agora que aquele garoto parecia ter plena noção da falta do Jeon nela, seus dias passavam a ficarem longos e lamentosos.

Correu pela própria casa, passando pela mãe que o viu chorando. A porta do seu quarto foi aberta em seguida, não dando tempo que a trancasse.

- Querido? O que houve com você? O seu rosto? Taehyung? - sua mãe perguntava nervosa à medida que tocava em seu rosto, verificando o tom vermelho que já não era tão nítido.

Kim suspirou fundo, abraçando o corpo da mãe quando ela sentou na cama ao seu lado.

- Sinto falta dele, mãe - Taehyung murmurou, tentando buscar refúgio no calor materno. - Sinto falta do papai.

- Ah, querido... - sua mãe o abraçou com força, tentando segurar as próprias lágrimas.

Seu pai sempre trabalhava longe de casa, fazia muito tempo que não tivera nem mesmo tempo para voltar. Mesmo que a promessa fosse que o fizesse logo. Mas nada estava facilitando, inclusive, o dinheiro. Sua mãe estava guardando tudo o que era mandado por seu pai a ela, assim como ele estava fazendo o mesmo ao evitar voltar para casa.

Como Ser Um Destruidor de Corações | taekook.Onde histórias criam vida. Descubra agora