Décima quarta regra

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Jungkook encarava o teto do quarto enquanto ouvia sua mãe falando com alguém no telefone. Provavelmente com seu pai, sobre quando ele iria visitá-lo, ou até mesmo morar com seu pai novamente.

Era estranho, porque não queria se mudar de novo, e também, seu pai tinha uma nova família. Um irmão mais novo, fruto de um relacionamento que seu pai o afirmou ser verdadeiro. Não que se incomodasse, era filho único e no fundo sempre quis um irmão mais novo. Ao menos torcia para que eles não acabassem do mesmo modo que seu pai e sua mãe.

Ouviu duas batidas na porta do seu quarto, e logo sua mãe adentrou o mesmo. Ela parecia receosa, Jungkook já conhecia bem aquilo. Não queria deixá-la sozinha. Mas não desejava ocupar ainda mais o tempo dela. Logo precisaria ter sua própria casa, e no fundo também queria que sua mãe arrumasse alguém bom para ficar. Só não os queria vê-los sozinhos, porque isso ainda o machucava.

- Você ainda está na cama? - ela perguntou baixo, sentando no canto do acolchoado, e Jungkook assentiu, retirando as cobertas de cima do corpo. - Lave o rosto e vá tomar seu café da manhã. Já está tarde.

Jungkook assentiu, mas percebeu que ela ainda não havia terminado.

- Taehyung veio aqui de manhã cedo. Perguntou sobre você, mas como você estava dormindo, eu disse pra ele vir mais tarde. Tudo bem pra você? - perguntou, ciente que Jungkook ainda possuía um gênio forte. O ruivo sorriu pequeno, tentando disfarçar a surpresa por aquilo. Afinal, Taehyung sempre tinha algum motivo para ir em sua casa, seja pela escola ou por não desejar ficar sozinho em casa quando a mãe saia.

- Tudo bem. Vou falar com ele depois - disse, mesmo que tivesse quase certeza que não teria coragem.

Yuna concordou, levantando e saindo do quarto em seguida.

Quando Jungkook se viu sozinho no quarto novamente, não demorou para fazer o que lhe fora dito. Havia dormido mal na noite passada, e seu corpo denunciava aquilo explicitamente. As olheiras abaixo dos olhos opacos, a pele mais pálida do que o normal.

Desceu as escadas e tomou seu café da manhã apressado, desejando fugir dos olhares maternais. Queria se desligar um pouco do mundo, de tudo. Simplesmente parar de pensar, porque aquilo estava o consumindo.

Voltou para o quarto e procurou alguns materiais, ajeitando-os na cama antes de se sentar no meio dela, passando a estudar. Suas notas estavam ótimas, as frequências altas, os elogios sempre presentes, mas aquilo já não parecia preenchê-lo como deveria.

Como se a massa de modelar que havia usado para criar seu castelo, derretesse, e eventualmente, desmoronasse.

Jungkook suspirou com força uma última vez antes de procurar os óculos sobre o criado mudo, colocando no rosto. Pegou o primeiro livro em mão, ciente que sua mente precisava ser ocupada por alguma coisa, antes que ela mesma começasse a criar ideias que o tirariam do seu sono a noite novamente.

[...]

Acabou não descendo para o almoço, comendo apenas algumas fruta que achou pela geladeira. Jimin não respondeu seu bom dia, muito menos visualizou sua mensagem. Era estranho, tinha que admitir. Não havia um dia que ficavam sem se falar, mas era lúcido que algo estava errado desde o dia anterior. Jimin parecia tudo, menos confortável. E por conhecê-lo tão bem, imaginava que algo estava fora do lugar. Mas o quê?

Colocou os fones de ouvido e selecionou uma música, tentando se concentrar no assunto estudado. Mas estava sendo péssimo naquilo.

Você ainda se lembra daqueles dias em que estávamos juntos? Seu coração está agitado? Tudo aconteceu tão rápido. Sempre que penso nessa época, me pergunto se não podemos voltar no tempo. Não consigo acreditar, que já faz tanto tempo.

Como Ser Um Destruidor de Corações | taekook.Onde histórias criam vida. Descubra agora