Décima oitava regra

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Estava desconcertado.

Não sabia exatamente quantos minutos passaram desde que tentava assimilar tudo o que havia lido na carta e os acontecimentos de sua infância. Pareciam ligados. Exatamente tudo. Pelo que conseguiu entender, Jimin sempre quis ser seu amigo, mas nunca tivera coragem de se aproximar. E quando o fez, acabou por unir seu caminho com o de Taehyung, justamente a pessoa que ele parecia não ter um bom convívio na escola. Então eles eram da mesma turma? Sim, Jimin parecia conhecer um lado de Kim que, em sua vivida amizade com ele, só teve conhecimento na despedida, quando Taehyung lhe disse palavras duras antes de ir embora, para nunca mais voltar. E quando Jimin resolveu se aproximar, foi quando Kim havia ido embora. Jimin se tornara seu porto seguro. Mas mesmo todo o carinho que recebia não fora suficiente.

Seu coração estava amargado. Pelos conflitos dos pais, pela distância de Taehyung, por sua insuficiência em ser um verdadeiro amigo para Jimin. Todas as causas o levaram a ir morar com o pai, dando um tempo de todas as suas memórias em Daegu. E depois de ter finalmente "superado" todas as suas amarguras do passado, recomeçando uma nova vida ao lado da mãe em uma cidade nova, parecia ter voltado a estaca zero.

Entretanto, não permaneceria nela. Não deixaria que Jimin escapasse por seus dedos novamente. Não deixaria que Taehyung novamente fosse embora sem ouvir uma explicação. E inegavelmente, os dois também lhe deviam boas explicações.

Inspirou fundo, deixando o ar sair com força. Precisava colocar tudo nos eixos. Levantou da cama, abaixando-se apenas para pegar a carta e o porta retrato. Colocou-os na mochila, pondo-a nas costas. Sobre o criado mudo, pegou os óculos e o celular. Desceu a escada e direcionou-se para tomar café da manhã. Sua mãe o aguardava.

Por ter acordado cedo, não estava atrasado, então pôde sentar e passar a comer com calma, sobre os olhos atentos da mãe.

Estava torcendo para que ela não perguntasse nada referente a Taehyung, não saberia o que responder. Ela pareceu entender seu receio.

Assim que terminou, despediu-se de Yuna. Sua casa trazia tanta segurança. E agora precisava sair dela. Era uma aventura e tanto.

Como suspeitava, Taehyung não apareceu para tomar café consigo. Enquanto caminhava em direção ao ponto de ônibus, também pôde confirmar que ele provavelmente estava tentando evitar-lhe. Era uma sensação estranha, um incômodo por saber que, indiretamente, o outro o ignorava.

Não podia parar para perguntar, pois, precisava arrumar muitas coisas ainda. Inclusive, a bagunça que havia se tornado a falta de Jimin em sua vida. Não era pura coincidência que mesmo antes de o conhecer, já o tinha como amigo tão próximo. Ele tinha uma aura boa e gentil, que acalmava as tormentas de seu coração. Não poderia deixá-lo sozinho. Não de novo.

Entre aquelas dúvidas, pegou o ônibus e foi para a faculdade. Chegando lá, direcionou-se a própria sala. Pelo caminho, recebeu um envelope vermelho de uma garota. Sentiu vontade de recusar, porque a cada vez que recebia aquilo, era obrigado a alimentar um ego antigo. A marcar um amor incorrespondido no calendário do seu coração. Entretanto, apenas forçou um sorriso enquanto observava as bochechas coradas da garota, recebendo o envelope sem dificuldades.

Ao chegar na sala, a mesma conclusão. Jimin não estava lá. Já estava passando dos limites. Ele estava perdendo aulas e mais aulas. Aquilo era prejudicial para ele. Seja lá de qual assunto ele estava tentando se esquivar, não conseguiria por muito tempo.

Anotou os assuntos do quadro, ouviu a voz do professor dando a matéria, os burburinhos dos alunos que sentavam no fundo da sala. Tudo parecia tão cansativo agora. Todos aqueles dias, para ser sincero. Gostava das aulas que tinha e também era adepto para participar delas, mas sem Jimin ali, parecia apenas mais uma aula tediosa, da qual fixava os assuntos na mente forçadamente.

Como Ser Um Destruidor de Corações | taekook.Onde histórias criam vida. Descubra agora