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Boa leitura! Favoritem caso gostem.

Já era quase uma da tarde quando eles voltaram. Youngjae entrou na casa e tentou agir normalmente, mas não conseguia esconder o olhar curioso em direção a Jaebum. Havia tanto para perguntar.

— Então, tira a camisa. — Youngjae disse para o alfa de repente e percebeu-o tremer um pouco. — Sabe... seu ombro. — Um pouco da tensão daquela manhã voltou à tona, mas ele tentou ignora-la o máximo que pôde. Nao havia motivos para temer Jaebum. Além de ele ser um alfa, claro.

— Oh.. — Ele parecia receoso, e Youngjae percebeu, mas não fazia a mínima ideia do porquê.

— Eu sei que pareço inexperiente, mas minha mãe é enfermeira. — Sentou-se no sofá da sala, tentando relaxar. — Sei muito bem o processo para tratar um ferimento. Prometo. — Jaebum sorriu e, ainda receoso, tirou o moletom por cima da cabeça. Ele era muito magro, mas, por ser um alfa, tinha uma facilidade maior para desenvolver seus músculos. Uma musculatura pouco desenvolvida chamava atenção em seus braços, assim como no abdômen, e ele percebeu que aquilo atraia a atenção de Youngjae. Por algum motivo, gostou disso. — Sente-se. — Jaebum fez como pedido e sentou-se ao lado do ômega, com as costas viradas para ele. — Hyung!

— O quê? O que foi? — Jaebum questionou a exclamação vinda do mais jovem. Ele sentia uma ardência do ombro até a metade das costas, mas não tinha parado para verificar.

— Isso 'tá muito feio! Não se mexa. Onde tem álcool? E algodão?

— No armário da cozinha. — Respondeu.

— Fique aí. — Jaebum observou-o correr até o cômodo vizinho e voltar com uma garrafinha de água, um pacote de algodão e uns curativos, que ele sabia que Jackson havia comprado há pouco tempo. — Vai doer, hyung.

— Eu vou ficar bem. — Respondeu. O mais jovem parecia preocupado consigo, então queria passar uma sensação de segurança. Assim que sentiu o líquido escorrer por suas costas, apertou os olhos, e, por fim, sentiu o algodão sendo passado gentilmente por toda a extensão de seu dorso. Lembrava de cair no caminho de pedras do seu jardim de costas quando estava quase alucinando na noite passada. A blusa fina que vestia havia se rasgado, mas ele havia ignorado. — 'Tá perto?

— Quase. — Em questão de alguns minutos, o Choi terminou os curativos e sorriu, orgulhoso de si. — Melhor, hyung?

— Na verdade, sim. — Olhou o reflexo das costas na tv, admirado. Parecia um trabalho de um profissional. — Você é bom mesmo, Youngjae.

— Obrigado, hyung. — Eles ficaram em silêncio por um momento. — Então, você me desculpa por ter temido você?

— Já falei que sim. — Jaebum disse. — O que te incomoda?

— Bom... você passou a noite cuidando de mim e... só quero que você saiba que eu estou muito agradecido. E, ainda, fui rude com você. Só quero uma maneira de retribuir.

— Bom.. — O alfa ponderou.

— Tem alguma coisa que eu possa fazer? — O ômega encarou-o esperançoso.

— Durma comigo. — Jaebum disse sem pensar e, depois de milésimos de segundos, percebeu o quão errado aquela frase havia soado. Youngjae desviou o olhar para longe e rodeou os braços ao redor de si, um ato que mostrava que demonstrava medo. Ele sentia, também, um misto de vergonha e desapontamento— O-oh... não. — Jaebum engasgou com as próprias palavras antes de proferi-las. — Oh, como isso soou errado. — O jovem não encarou-o de volta. Jaebum estava com tanta vergonha que não sabia como estava com a cabeça erguida. Só queria se esconder, mas não queria deixar o menor sozinho. Pareceria rude, e isso era tudo o que ele menos queria. — Só deite-se ao meu lado. Não vou fazer nada. — As palavras cuidadosas atraíram a atenção do ômega. — Bem... esqueça.

— É isso o que você quer? — Jaebum assentiu com as bochechas coradas. — Está bem. — O alfa encarou-o nos olhos, como se perguntasse se ele estava falando sério. Ele queria negar, mas era impossível quando aquilo era tudo o que mais queria. Instintos. Ele só queria sentir o cheiro do ômega mais de perto; o cheiro que o acalmou na noite passada. Como Youngjae tinha alguma coisa para retribuir à ele quando esse era quem havia se aproveitado do garoto desacordado. — Vamos, hyung. — Youngjae estendeu-lhe a mão e o mesmo a pegou, sendo guiado para o andar de cima. Jaebum deitou-se em sua cama e Youngjae o seguiu.

Os dois ficaram encarando o teto, acanhados, até que Jaebum aproximou-se um pouco e, por fim, aconchegou a cabeça na curvatura do pescoço do ômega, que não demonstrou nenhum estranhamento. Muito pelo contrário, Youngjae, que tinha sua cintura rodeada por um dos braços de Jaebum, sentiu uma sensação estranha. Diferente. Sentia-se em uma caixa, protegido, como se ninguém pudesse mexer consigo enquanto estivesse ao lado do alfa. Era assim que se sentia um ômega em um relacionamento com um alfa, ele pensou. Protegido.

Alfas comandavam aquela sociedade, e ômegas, no geral, não tinham voz. Andar sem um alfa poderia ser perigoso na grande Seul, Youngjae já ouviu todo tipo de história que, só de pensar, fazia-o ter calafrios. Em Mokpo, por ser uma cidade menor, era mais tranquilo. Estava ali há uma semana e odiava ter que depender de Jackson para ir nos lugares, ainda mais quando o chinês não parava de falar e distrair-se com besteiras.

Youngjae não sabia quanto tempo havia passado, mas não queria sair dali. Uma sensação relaxante tomava conta de seu corpo. Sabia que o alfa não estava dormindo mesmo não podendo ver seus olhos. Moveu sua mão, antes ociosa ao lado do corpo, e começou a acarinhar os cabelos negros de Jaebum.

— Por que estava com tanto medo de mim? — Jaebum perguntou, a voz fraca, aproveitando o carinho recebido e o cheiro maravilhoso do ômega.

— Já ouvi muitas histórias cruéis de alfas fazendo mal a ômegas. Só não queria ser mais uma vítima. — Ele disse, sincero.

— A maioria das histórias são verdadeiras, você deve se precaver, mas eu nunca seria capaz de fazer isso em sã consciência. — Youngjae sorriu e, após algum tempo, ambos pegaram no sono.

Obrigada para quem leu até aqui.
Até o próximo capítulo! :)

DESTINO - 2jaeOnde histórias criam vida. Descubra agora