The 16

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De repente, uma onda de desespero se alastra pela sala com a súbita aparição daquela criatura horrenda, que agora tinha quatro braços e olhos amarelo florescente. Uma cena digna de filme de terror.
Os alunos correm sem direção na esperança de sair, mas a sala tem apenas uma porta estreita, fazendo com que vários deles ficassem para trás. O terror crescente só deu mais força aos questionamentos sobre tudo o que está acontecendo. Do que, exatamente, estamos fugindo?

Conseguimos enfim, com muito esforço e pesar pelos que ficaram para trás, sair daquele lugar infernal. Corremos a esmo, em direções aleatórias. Muitos seguiram a rua na qual o ônibus foi. Outros, o caminho de onde o ônibus veio.
O meu grupo, no entanto, não seguiu nenhum desses caminhos. Talvez todos pensassem a mesma coisa, que se aquilo havia acontecido dentro da faculdade, certamente seria arriscado tentar voltar a pé pelos mesmos caminhos que viemos ou seguir uma direção sem saber onde vai parar.
Decidimos, então, seguir por um bairro na esperança de encontrar alguma ajuda, embora essa ideia fosse tão arriscada quanto as outras duas, decidimos tentar.

Após vários minutos sem parar, conseguimos então se distanciar suficientemente do colégio, então paramos numa esquina, ofegantes e apavorados.

Olho para Frederick, que com sorte conseguiu sobreviver. Estava ao meu lado, aparentemente mais cansado que o resto.

- Mas que merda foi aquela? Você viu? - pergunto respirando convulsivamente e apreensivo.

- Vi, mas não consigo acreditar. Acho que tô tendo alucinações. O que acha de voltarmos para conferir se realmente é o que parece ser? - ofegante, responde, para de falar, e olha para trás.

Nesse momento, alguns dos alunos que ali estavam olham para ele com o mesmo olhar. Dava para imaginar o que todos estavam pensando, então respondo ignorando um cara exaltado com muita raiva que ia se levantando para responder.

- Quê!? Alucinação? Você acha mesmo que todas essas pessoas estavam realmente tendo alucinações?

- Cara, você viu que aquela coisa começou a criar QUATRO BRAÇOS. QUATRO BRAÇOS! Isso é surreal.

- Sim, também vi que sua pele ficou bem pálida, como se estivesse morta, e seus olhos, saíram do preto para amarelo em questão de segundos.

- Sim, também prestei atenção nos olhos. Será que tá na moda ficar fazendo olhos de arco íris? - diz debochando, querendo aliviar a tensão.

Nos reunimos ao restante das pessoas que estavam a poucos metros, sentados em frente a uma lojinha, parecendo bastante apreensivos.

- Alguém já tentou ligar pra casa? - pergunta uma menina com a voz chorosa dentre o grupo

- Já, mas não tem sinal. - um menino ao lado dela responde

- Ah, fala sério! Parece até que a gente está preso em um filme de terror. - Frederick fala impaciente, pegando seu próprio celular e tentando em vão ligar pra alguém.

- Se estamos em um filme de terror, gracinhas, é melhor que tomemos a decisão do que fazer a partir de agora. Não querem ser devorados por uma criatura de quatro braços, querem? Lembrem-se do dedo que vimos no vômito. Isso significa que aquela coisa, seja lá o que for, se alimenta de seres humanos. - Isabella surge do meio do grupo e responde decidida e chama a atenção de todos.

Passo uns segundos admirando a beleza surreal dela, a coragem e a liderança, mesmo num momento como esse, então respondo saindo novamente do transe em que ela me colocava sempre que começava a falar.

- Isso mesmo, pessoal. Vamos andando. Com sorte, conseguimos encontrar um lugar mais seguro. - respondo reforçando o comentário dela.

Ela olha pra mim, com aqueles olhos de fascínio, e ficamos alguns segundos trocando olhares. Neste momento, sinto como se estivesse em outro mundo, em uma outra dimensão. Uma galáxia só nossa, que eu consigo me teleportar instantaneamente só de olhar nos olhos dela... Até que alguém me traz de volta a Terra.

Apocalipse - Sobrevivência e ExtinçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora