Lar ou não Lar

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Não consigo mais ficar aqui não se passaram apenas um dia, dois, ou três, parece que estou Aki a semanas. Olho novamente a pintura do quadro por alguns minutos e vou até a porta que ainda está fechada, a janela sempre me dá a vista do quarto da frente.
Dessa vez o quarto está aberto e não há ninguém. Mas antes havia uma criança lá, pude perceber algumas vezes uma pessoa retirando seu sangue será que ela finalmente conseguiu entrar no abrigo?

Eu sempre vejo pessoas passarem por aqui de máscaras, impossíveis de distinguir até se é homem ou mulher, sempre estão muito apressadas.
- Ei... - Falo enquanto novamente uma pessoa passa, dessa vez consegui chamar sua atenção mas em questão de segundos, a pessoa segue com seus afazeres naturalmente sem me responder indo até o quarto da frente. - Eiii. - Falo mais uma vez batendo na porta.

Olho ao redor do quarto, não queria fazer nada por impulso mas preciso de respostas, falaram que ia ser rápido e mal olham na nossa cara. Fico observando a pessoa da frente, está fazendo uma limpeza, preciso pensar em algo... Se bem que não posso chamar atenção.
Pego o quadro e quebro nas minhas pernas fazendo o menor barulho possível, a ponta do quadro como se já tivesse sido quebrado antes está um tanto quanto afiado, machuco meu braço na tentativa de fazer uma estaca, só consigo sentir meu braço sangrando depois de ver alguns pingos no chão, pego o suporte de soro e taco nas câmeras de segurança que há em meu quarto.
A pessoa saiu da sala da frente mais rápido que eu pensei que sairia, tentei me esconder rapidamente para que não podesse me ver. A pessoa deve estar vindo ao meu quarto como de costume para me dar comprimidos, sempre fico sonolento e acabo dormindo enquanto fazem a limpeza do quarto, dizem que o remédio é meio que uma vitamina para meu corpo vomitar tudo o que estiver de ruim no meu organismo, mas foram muitas coisas que falaram...
Me escondo atrás da porta, a porta se abre me levanto com tanta adrenalina e puxo a pessoa para dentro, fecho a porta para ninguém nos escutar, imediatamente retiro a máscara dela e ela olha para mim com um susto. É uma mulher, uma mulher de cabelo bem grande e olhos intensamente azuis.
- O que você fez? Eu posso ser contaminada!
Eu me aproximo enquanto vejo ela se afastando, mas pressiono ela contra a parede.
- Cadê meus amigos?
- Todos estão bem tá? Você tem que entender ... Tá legal? Eles...
Puxo ela e a faço como uma refém colocando ela na minha frente com a estaca apontada entre suas costas.
- Me leva até eles agora sem fazer nenhum movimento brusco.
Ela presa a mim vai andando forçadamente...
- Miguel você está sangrando...
- Como você sabe meu nome?
- Pela sua ficha... Por favor não me machuque, eu tenho prestado atenção em você, tenho cuidado de você.
- Você quer viver? Então faça o que eu mando.
Esse lugar é enorme, algumas pessoas viram o corredor.
- Melhor não tentar nada. - Falo baixinho no seu ouvido enquanto as pessoas passam sem dar a mínima para a gente.
Vejo ela tentando pegar algo em sua roupa, deixo a estaca encostar em suas costas quando vejo algum movimento dela:
- Nem pense nisso.
- Aqui é bem grande você não gostaria de me matar. - Ela fala cm a voz trêmula.
E no entanto ela estica seu braço e me mostra uns pequenos riscos.
- Era pra ser um mapa?
- Não é possível, esse não é o meu.
- Fala sério.
- Você nunca irá conseguir fazer nada sem um mapa de verdade.
- Mas tenho você para me mostrar o caminho. Onde eles estão exatamente?
- Eu não posso saber, cada um deles tem uma pessoa cuidando, podem já terem sido liberados.
- E onde estamos?
- Estamos no corredor de quartos que usamos para as pessoas ficarem até estarem 100% sem contaminações.

Consigo observar uma porta aberta ao nosso lado que dá acesso a uma escada.
- Onde essa escada nos leva?
- Vai por mim, você não quer ir lá agora, ainda precisa ficar de quarentena.
- Onde nos leva?
- Olha, eu tô falando a verdade, você não vai querer ir lá agora. - Ela olha em meus olhos, mas ainda assim sem falar nada sobre.

Tá, é por aí que vamos, sem dizer nada só empurro ela para entrarmos e subirmos a escada.
- Há muitas pessoas por aqui? Responde - Ela fica com a cabeça olhando para baixo, triste sem dizer nada.
- Ei, eu não quero te machucar, só estou fazendo isso por não saber de nada de vocês, e por não contarem nada a gente, eu só quero respostas.
- Você precisa se acalmar, eu posso estar correndo perigo perto de você, você só precisa ficar lá mais um dia e será liberado, assim encontrará seus amigos novamente.
Escuto duas voz femininas se aproximando e coloco a garota entre meus braços como se fossemos um casal assim ninguém poderia desconfiar, tiro uma mecha do cabelo dela que estava em seu olho, e ponho atrás da orelha... As meninas andam normalmente, e assim que não consigo mais avista-las subo com essa garota.

Antes que eu podesse perceber a menina encosta sua mão em um botão vermelho na parede, fazendo o local todo ficar vermelho e barulhento.
- Era só ter paciência garoto! - Um cara se aproxima de mim quase como fantasma, me bate na cabeça com uma arma fazendo eu ficar tonto e em seguida sair rolando as escadas.

...

Acordo em um quarto bem grande com camas incapazes de contar agora, bem aconchegante até, mas ao contrário da outra mini "prisão" estou acorrentado a cama, tento me soltar mas em vão, não demorou muito até um homem que aparenta ser caucasiano razoavelmente alto e forte de cabelos pretos, olhos castanhos e barba por fazer abrir a porta do quarto, juntamente com a menina que fiz de refém, Verônica e mais 3 seguranças.
- Olá jovem, entendo você ficar preocupado, mas nosso diretor irá contar tudo. - A verônica se aproxima de mim com uma maleta de medicações. Ela limpa meu braço que está todo cheio de sangue seco.
- Finalmente lhe conheci garoto, me falaram muito bem de você, enfim seryna tem algo a dizer antes. - O homem fala, já olhando para a moça que a fiz de refém.
- Você era o próximo a sair da quarentena. Mas 10 minutos você...
- Seryna...
- Não vou prestar queixas.
- Obrigado Seryna. Você vai ter o seu tratamento agora para verificar se foi ou não contaminada.
- Tudo bem, pode ir Seryna para o outro quarto. Assim que eu terminar com este jovem irei até você. - Verônica diz a Seryna que já andando para fora do quarto.
- Correntes são dispensáveis. - O homem fala a um de seus seguranças e me solta logo depois me estende a mão para um cumprimento, não deixo de notar que suas mãos estão manchadas:
- Meu nome é Sr Tomeeras. Bem, as vezes gosto de me imaginar em um filme de terror ou algo parecido, tento me gravar, por isso essas tintas nas mãos. - Ele expõe um sorriso no rosto. - Você entende bem essas coisas né? Seus pais são uma estrela do cinema.
- Quem te contou sobre mim?
- O seu pessoal, e que você era líder deles, parece que temos muito em comum garoto.
- Cadê minhas coisas?
- Infelizmente não deixamos entrar itens contaminados aqui, seria um risco, nosso protocolo é muito restrito Miguel priorizamos a segurança ao sentimentalismo.
- Quantas pessoas vivem aqui?
- Não há muitas, duzentos e cinquenta aproximadamente incluindo você, mas Miguel não se engane, não os fizemos prisioneiros nós ô salvamos, vocês vieram até a gente.
- Então podemos ir embora quando quisermos, e não ter nos deixado trancados como fizestes. E o que vocês estão esperando, se só somos duzentos e cinquenta ainda tem gente lá fora.
- A patrulha trouxeram todos que encontraram.
- Então não há mais ninguém vivo?
- Se há sobreviventes, ainda não se comunicaram conosco. Mas se há, vamos trazê-los dou minha palavra.
- Quero ver o meu pessoal.
- Claro que sim eu também ia querer. Você irá ficar neste quarto, assim como os outros rapazes, estão quase chegando. Se quiser pode tomar um banho, e logo sair por aquela porta que dará ao nosso salão chamando por Seryna ela irá colocar algo para você comer.

Não consigo falar nada, mesmo sendo tudo uma maravilha, não posso deixar me enganar que disseram que era apenas por 24hr e me deixaram lá sem nenhuma explicação por uma semana.

- Seu DNA e de seus amigos tem a mesma estrutura, nossos cientistas estão abismados com a eficiência de seus sistemas, não fosse isso seus amigos ainda estariam em quarentena. - Não consegui raciocinar direito o que o cara disse e logo ele sai com os seguranças.

- Tem roupas guardadas nas gavetas de suas camas. - Verônica diz e logo também sai, assim eu ficando totalmente sozinho, paro para observar o quarto, é gigante, com muitas camas, beliches, janelas com cortinas, tapetes, é mesmo bem aconchegante, será que realmente encontramos um lar? Diferente das paredes velhas, e tintas descascadas do corredor e da escada, neste quarto é bem organizado e pintado com mais de uma cor, uma parede pintada de verde escuro, cinza, e até mesmo preto, com quadros.
Abro a gaveta que a Verônica disse que teria roupas, pego um casaco de manga cumprida preto, e uma calça leve de tecido macio verde escuro, caminho até o banheiro e encontro toalhas limpas em um armário.
Tomo um banho por uns 30min, bem quente, nem me lembro qual foi a última vez até então.

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⏰ Última atualização: Jun 27, 2020 ⏰

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Apocalipse - Sobrevivência e ExtinçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora