Névoa

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Horas de tribulação, consigo abrir meus olhos, Isabella continuava desacordada, sinto a respiração dela bem ofegante, ainda observando ela, ela acorda bem agitada:

- Nãooooooooo! - Isabella se levanta ainda meio atordoada.

- Calma, relaxa, estou Aki. - Abraço-a acalmando ela assustada.

Fico sem reação, no fundo não sei também o que fazer sobre isso tudo.

- Tudo bem? - Pergunto.

- Nada bem, mas não podemos mudar isso né. Tive um pesadelo horrível.

- Também tive esses dias.

Ainda abraçando ela, solto, e vou até os outros verificar se estão bem. Meu rosto no momento se encontra com vários arranhões por conta do vidro. Me faz lembrar de uma memória de quando eu era pequeno. Meus pais saíram para gravar um filme, e eu acabei ficando sozinho em casa, quando um homem entrou querendo grana na minha casa, acho que ele sabia que eu estava sozinho, tentei brigar com ele, mas só o que eu tinha era um taco de beisebol, no entanto taquei na costela do homem, e ele revidou com um copo de vidro que acertou na minha cara, depois disso desmaiei, e quando acordei o homem não estava mais ali.

Noah e Giulia, já estão de pé, os outros continuam em seus cantos abaixados.
Chamo a todos, e Noah já começa a falar:

- Não queremos te seguir.

- Pretendem fazer o quê então? Vagar por aí sozinho? - Pergunto.

- Você está mais perdido do que a gente, não percebe?

- Bom, é escolha de vocês.

- Precisamos de armas, comida, e um carro.

Olho para todos. - Cara, estamos indo para o abrigo, não quer relaxar e irmos todos juntos? vão acabar morrendo.

Noah continua com a sua idéia maluca:

- E quem nos garante que esse lugar existe Miguel? Acorda.

- Devemos tentar, a esperança é a última que morre. Ou você também não quer descansar sem ter medo de morrer enquanto dorme?

- Todos nós queremos isso. Mas é muito bom pra ser verdade.

- Vamos, Vamos conosco.

Ele abaixa a cabeça, pensativo.
E acaba concordando em ir com a gente, fazendo o grupinho dele também relaxar.
Agora fico meio aliviado, mas estou dando meu melhor.

Vou até a saída do Mercado, os carros continuam lá então um pouco amassados demais, arranhados por conta da ventania, sinistro.

Já está quase amanhecendo, pessoal recolhendo seus pertences. É hora de ir, chamo o pessoal pra irmos pro carro e continuar a viagem.

Todos se aproximam, entro no carro junto com Frederico dessa vez, Isabella, Rusty e Sarah.

Em outro carro vai Igor, Giulia, Noah e Nahla, no outro apenas Bianca e Wemerson.

Então seguimos a estrada, avistamos muitos animais mortos, parece que outros animais estavam se alimentando deles, as tripas estão espalhadas ao redor, muito pensativo, um corvo bate em frente ao carro fazendo eu me assustar:

- O que foi isso?!! - Frederico também se assusta.

- Devemos prestar mais atenção. - Isabella fala.

Ela terminando de falar cai um corvo no teto do carro, inúmeros corvos.

- São corvos? - Sarah fala com medo.

- Parece ser. - Rusty responde.

Cai diversos, mas eles se encontram mortos. Paro o carro.

- Isso é apavorante. - Sarah fala.

Na frente, não para de cair corvos mortos do céu. - O que que está acontecendo aqui? - Isabela pergunta.

- Seríamos doidos se soubéssemos responder isso. - Respondo.

A rua se encontra lotada de corvos no chão. - Da pra passar? - Sarah pergunta.

Sem resposta, acelero o carro e seguimos o caminho. Quase 10 horas dirigindo. Falta umas 15 horas de viagem para chegar em Texas.

Já estavam todos dormindo e apenas eu no volante, isabella acorda e pergunta que horas faltam pra chegar, quando respondo percebo que falta gasolina:

- Falando em hora temos que abastecer.

- Onde será o próximo posto?

- Não vamos ter que parar não né? - Frederico pergunta se acordando.

- Ou prefere ir a pé?

Há um silêncio, e questão de segundos o carro estanca.

- E agora? - Pergunto

Isabella sai do carro pra tomar um ar, e saio também.: - precisa de alguma coisa? - pego meu casaco e coloco por cima de seus ombros.

- Obrigada ! Será se os outros estão proximos ?

- Espero que não demorem.

- Verdade. 

- Está bem claro o céu né? Lembro quando eu ia passar minhas férias no sítio de meu avô.

- Você lembra. - ela da uma gargalhada - eu lembro da vez que a gente inventou de andar de cavalo ao anoitecer, deixamos os cavalos próximo ao rio, a gente parou por lá pra pegar alguns peixes, e quando voltamos os cavalos tinham ido embora. Andamos quase 1 hora pra chegar até a casa de seu avô.

Dou também uma gargalhada - Você lembra também da vez que a gente foi pro celeiro se esconder do bode que o vô tinha comprado, ficamos com medo, e passamos a tarde toda com fome.

E outra vez algo nos interrompe, um vento super forte quase nos leva. E mais longe uma fumaça verde florescente invade o outro lado da cidade.

- Tá esperando o que pra entrar no carro? - Isabella pergunta

- O único problema é que ele tá sem gasolina.

Ficamos parados sem saber o que fazer. É possivel avistar os carros de longe.

- Vamos correr, a fumaça vem muito rápido.

Isabella chama os outros que estão dentro do carro. E começamos a correr. Logo a frente vejo um esgoto. Acho que a melhor ideia seria entrar. Paro em cima da tampa. 

- O que vocês acham? Falo olhando pro esgoto. 

- Serio mesmo? - Sarah pergunta

- A fumaça vem muito perto do carro do Igor e do Wemerson, se eles pararem pra gente não dará tempo de todos entrarem no carro sem ficarmos tomado pela a fumaça.

- E como podemos ter certeza que a fumaça faz mal ? - Rusty pergunta.

- Eu não quero esperar pra testar. - Falo, colocando força pra abrir a tampa do esgoto. 

Começa uma leve chuva, e conseguindo abrir vejo os carros cada vez mais velozes em nossa direção, deixo as meninas entrarem primeiro, depois entra Rusty. Olho pra estrada e depois pro Frederico, sabendo que talvez o ultimo a entrar não sobrevivesse, pois os carros vem em alta velocidade, e acabaria atropelando um de nós.

- ENTRA LOGO. - Falo gritando.

Ele pula. E assim que pulo com a tampa na mão, minha vista fica totalmente branca por causa dos faróis. O impacto do carro passando por cima do esgoto faz eu cair deitado na água suja.

Minha visão escurece só depois consigo sentir uma leve dor na cabeça. Bati de cabeça no chão. Escuto as vozes de Rusty, Isabela, Sarah e Frederico ficando cada vez mais baixa.

(...)

Apocalipse - Sobrevivência e ExtinçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora