Capítulo 26

7 1 0
                                    


Hoje logo que levantei decidi ir até a varanda. Nem é dia de semana nem nada, é um simples domingo de sol. Os passarinhos até cantavam e a vizinha da frente cuidava do jardim. Era tudo tão familiar, mas tudo tão estranho. Me sentei no balanço hoje pela manhã. Me sentei lá e pensei. Pensei em tudo, sabe? Como tudo aconteceu e como não aconteceu. Eu nunca contei para ninguém como comecei te amar. Todos acham que foi rápido demais e ingênua demais. Todos acham coisas demais e ninguém esteve em meu lugar. Ninguém sentiu seu abraço todas as manhãs às 7 da manhã com um humor de se invejar. Ninguém viu você me protegendo de qualquer coisa ou pessoa. Ninguém estava lá em todos nossos encontros. Ninguém esteve em minha pele para sentir cada toque seu. Acho que se alguém tivesse passado por isso ao invés de mim, com toda certeza se apaixonaria. Se você pudesse sentir, ver e passar pelas coisas que me proporcionou, você se apaixonaria por si mesmo. Ninguém passou por isso além de mim. Foi um acontecimento exclusivo da minha vida. Ninguém ao menos passou pela sua perda depois disso tudo. Ninguém sentiu esse vazio no futuro. Como se eu tivesse planejado tantas manhãs contigo e nenhuma delas existiu, são manhãs que existem apenas em pequenas garrafas de memórias em Marte. Ninguém sentiu nada. Foi uma dor exclusivamente minha, que eu precisava sentir e passar, então não te culpo, são minhas dores e meus momentos. É minha vida e eu sou totalmente responsável pelos sentimentos que eu criei. Eu te amei. Eu te amo aqui e te amo em Marte. Eu te amo por todo tempo que passamos e ninguém sabe e te amo por tudo aquilo que vivemos em segredo.

Com todos os meus sentimentos no papel, sua Bru.  

Cartas a Marte || CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora