Lucas
Meus dedos deslizavam com agilidade pela tela do celular digitando uma resposta a mensagem que eu havia recebido alguns minutos atrás. Eu estava jogado no sofá, com as pernas esticadas e o braço livre embaixo da cabeça me servindo assim, de apoio.
Era sábado de manhã, mas precisamente 09h49min, quando o meu colega de apartamento entrou na sala parando a minha frente, com o celular em uma das mãos e a outra acenando para chamar minha atenção.
– O que vai fazer de almoço hoje? – ele disse assim que o encarei, me fazendo franzir o cenho e desligar o celular. Ele sabia que eu não fazia o almoço nos sábados desde que ele se mudou para cá, em dias de semana sim, mas não passava de um miojo ruim.
– Nada – dei de ombros ainda deitado como se fosse óbvio – Você sabe que é seu dia porra. Por quê? Vai sair?
– Não. E justamente por ser meu dia eu vou convidar a Helena pra vir aqui – ele disse ainda parado ao meu lado. Revirei os olhos, não por que eu não queria que ela viesse, e sim por que ele não precisava me informar, já que ela está sempre aqui – E você vai chamar a Julia e a Maria Eduarda!
– A gente vai comemorar algo que eu não esteja sabendo? – eu disse agora me sentando para encará-lo melhor, o mesmo negou com a cabeça já virando de costas para voltar para a cozinha.
– Só chama elas. Estou te fazendo um favor meu amigo! – ele gritou já do local me obrigando a levantar e ir até lá para que pudéssemos terminar essa conversa.
– Tá maluco, caralho? Que favor? – pedi assim que me escorei no batente de entrada da cozinha. Ele estava de costas, mexendo em algo na pia e, somente depois que terminou, se virou para me responder, as sobrancelhas erguidas.
– Pra tu ver tua mulher – ele deu de ombros deixando a cabeça cair para o lado, e antes que eu pudesse retrucar, voltou a falar – Ah qual é, mano? Correu atrás da mina a semana toda que ela tava doente, indo buscar até no trabalho.
– O trabalho dela é no caminho do meu, não vejo por que não dar carona pra uma amiga que estava doente – falei semicerrando os olhos e cruzando os braços sobre o peito.
– No caminho um caralho, tem que dar toda uma volta – era verdade, não era tão perto, mas eu não via problema nisso, não pra ajudar a Julia enquanto ela estivesse doente – Tu ta caidinho por ela, só você não quer perceber.
– Vai se fuder, caralho! – falei bravo descruzando meus braços e arrumando a postura – Para com essas implicâncias infantis, já te falei que somos só amigos. Cara chato.
– Parei! – ele disse levantando as mãos como quem pedisse desculpas pelo ocorrido. Girei sobre os calcanhares indo em direção a sala novamente, mas pude ouvi-lo gritar antes mesmo de me jogar no sofá novamente – Não se esquece de mandar mensagem agora, por que depois fica muito tarde.
Bufei baixo já pegando o celular. A ideia de ver a Julia realmente me animava, mas não assim, não com mais gente por perto, pois eu sabia que ela agiria normalmente, não me deixaria cumprimentá-la com um selinho ou me deixaria ficar brincando com o cabelo dela. Não que eu fosse fazer isso com os outros três aqui.
Durante o resto da semana, depois que a busquei no serviço na quinta-feira, conversamos um pouco antes de deixá-la em casa, trocamos alguns beijos e carinhos, mas nada demais. Na sexta repeti o processo de buscá-la, o que a deixou surpresa, e a mim também.
Esperei receber uma mensagem de confirmação da loira, e assim que li no visor que ela estaria aqui em 30 minutos, um sorriso brotou no meu rosto, mesmo contra minha vontade. Me levantei e fui até a cozinha avisar o Arthur, que já havia começado a preparar algo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Broken Hearts
Teen FictionDuas pessoas de mundos totalmente diferentes. Julia Maria era uma menina calma, quieta e de uma cidade pequena, mas que apesar do seu jeito encantador, já havia passado por algumas coisas que marcaram sua vida, e não de uma forma boa. Assim, ao pass...