Epílogo

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06 anos depois

Julia

Chego em casa e bato a porta assim que entro, jogando a minha bolsa em cima do sofá de couro preto e chutando meus sapatos para longe. Não são nem 16hrs ainda, mas eu não aguentaria mais trabalhar hoje sem brigar com alguém ou acabar agredindo algum idiota.

Não que eu não goste do meu trabalho, eu realmente amo o que eu faço, meu escritório de advocacia é um verdadeiro sonho, depois que terminei a faculdade, consegui uma sala e comecei a trabalhar em parceria com o Luis Gustavo, um ano depois, uma antiga colega de faculdade se juntou a nós, e agora somos nós 03, mais 04 estagiários.

A verdade é que eu ando muito nervosa, qualquer coisinha eu fico ansiosa e tenho vontade de chorar, hoje na audiência eu tive vontade de dar um soco na juíza, mas depois me repreendi por pensar que violência resolveria alguma coisa. Não é esse exemplo que eu devo passar pras pessoas.

Me levanto a contra gosto, é sexta-feira a tarde, então não vai ter muitos problemas eu ter saído mais cedo. No quarto, pego um short jeans e uma blusa grande folgada e vou tomar um banho gelado a fim de tirar um pouco meu estresse. Em seguida, preparo uma panela de brigadeiro e outra de pipoca, me arrastando para a sala e procurando pela minha serie que comecei no mês passado e ainda não tive tempo de terminar.

Às 17hrs meu celular toca lá no quarto, com um grunhido pauso a série e corro procurar meu celular, assim que pego o aparelho vejo o nome da minha amiga vibrar na tela.

– Eu tava deitada e tive que levantar pra pegar o celular, espero que seja algo realmente importante.

– Ai credo, seu mau humor ta pior a cada dia. É falta de sexo, sabia?

– O que foi hein, Helena? Não fala assim comigo, pois estou sensível.

Sensível e chata. – bufo baixinho me jogando no sofá e murmurando um pedido de desculpas antes dela continuar – Então, é o seguinte, eu to quase surtando, e só posso contar pra você.

– O que aconteceu? – franzo o cenho pegando um punhado de pipoca.

Acho que to grávida! – cuspo as pipocas no tapete e levanto em um pulo, fazendo cara feia ao olhar a sujeira – Julia?

– Por que você acha isso? – sussurro voltando a me sentar.

Não sei, mas eu to muito paranoica essa semana e preciso fazer um teste. Acabei de sair da escola, vou passar na farmácia comprar.

– Você quer, sei lá, que eu vá pra sua casa e fique contigo? Não sei o que dizer nessa situação, desculpa.

Na verdade, posso ir ai? Não quero que o Arthur chegue em casa e veja, quero ter certeza que é só coisa da minha cabeça primeiro. – dava pra ver pela voz dela que ela estava nervosa com tudo isso.

– Claro, vem. Vou deixar o portão aberto.

Você ta sozinha né?

– Sim, até as 18h30min, ou até as 19h hoje, mas não importa, só vem, ok? Não fica nervosa, vai dar tudo certo.

Chego em 20 minutos.

Assim que desligo a chamada, deixo o aparelho cair ao meu lado no sofá e passo os próximos cinco minutos pensando na conversa, então, corro buscar a vassoura e limpar o tapete que custou a minha alma.

A Helena e o Arthur ainda estavam namorando, começaram a morar juntos a uns 04 anos. Logo depois dela se formar, conseguiu pegar algumas aulas em uma escola de ensino médio, atualmente, dá aula em duas escolas diferentes e faz uns vídeos explicando conteúdo para postar no YouTube, o que tem dado bastante dinheiro.

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