Já era noite quando fomos levadas para dentro do metrô do Distrito de Rosa Luz e minha barriga chegou a roncar de tanta fome que comeria um boi inteiro. As meninas? Estão bem! Comeram e, logo, conseguiram um cantinho para dormir. A mais nova é uma pirralha daquelas que é bem perturbada. Não parava quieta e falava muito, enquanto o charmoso a induzia a se calar para não chamar a atenção de mais loucos, quer dizer, moribundos! É assim que esse grupo os chama. O cão valente? Está ágil, mas balançava tanto a língua que o menino com o sensor... Bem... Para ser mais exata, o seu nome era Osvald Tifa. É claro! Sempre pergunto o sobrenome de todo mundo, afinal de contas, eu sou curiosa de nascença (risos). Ele parecia caridoso com os animais e arranjou uma pequena tigela com água e um pouco de ração velha que eles tinham para o pobre Kiko. Era um bom rapaz, embora muito 'mauricinho' e cafona. Ele era tão prestativo, atencioso e inteligente, que valia por toda sua aparência. Não era mesmo...
Nós percorremos uma boa trajetória no subsolo do Distrito até chegar ao que eles chamavam de 'área de lazer dos Trovsky'. Que nome mais Roots! – O que seria Trovsky? – Perguntou a pequena e sapeca Lilica. O jovem negro de piercing no nariz, que agora posso chamá-lo de Írides. Um nome diferente dos que conheço, mas achei um belo substantivo! Eu consegui depois de várias insistidas e ver vários olhares ameaçadores. É realmente um cão de caça esse menino! Deve ter passado por poucas boas... Ele olhou para o lindo e o mesmo o respondeu. Ele assentiu com a cabeça e disse: - É onde nos mantemos. Temos roupas, comida, água, remédios... -. Quando ele disse RE-MÉ-DI-OS! Eu me lembrei do quanto fui burra ao ter deixado cair parte dos suprimentos que o Arthur tinha coletado comigo para irmos bem para cá e não vi quando a mochila, que tinha o único dever de carregar, rasgou. Eram muitas coisas. Muito peso para uma mochila só!
Enquanto estávamos no caminho para o tal Trovsky, o ruivo não parava de mexer o nariz. Eu resolvi bater um papo com aquele mocinho e disse claramente: - Ruivinho? Você tem um nome, não? Como se chama? -. Ele estufou o peito, era praticamente um galo no meio de várias galinhas. Ao menos, tentava ser (risos). - "Sou o cara que salva o dia! Eu trago a felicidade para todos!" - Eu não suportava mais que acabei dizendo: - Não é melhor parar de usar tanto rapé sintético? Assim para de incomodar! Vai ficar sem nariz de tanto coçá-lo, menino! -. Ele ficou tão sem jeito que a Joellen riu junto do Dante. O Írides, um pouco marrento, levantou apenas um lado da boca e o Osvald gargalhou tanto que passava a impressão de que havia se mijado nas calças. Eu lhe perguntei seu nome e ele apenas o disse: Joe. Não sabia se era um apelido ou se era irmão da loirinha do seu bando, mas sim, eram irmãos: O Joeson e Joellen Piscys. Eu os apelidei de a Dupla JJ.
O charmoso eu nem precisei perguntar, pois o seu nome era o mais invocado para tratar de assuntos mais sérios. Eu vi que ele é quem coordena o bando. É óbvio que não daria bandeira logo de início, pois ele acharia que eu sou uma daquelas mulheres que ataca qualquer um que vê pela frente. Então preferi esnobá-lo para mostrar a minha sedução fatal... Eu sou uma loira de arrasar quarteirões e ele teria que saber disto.
De todos, o único ser que não consegui ter contato fora com aquele rapaz de longos cabelos negros. Era o mais afastado e todos se afastavam dele, naturalmente, menos o gato do Dante, cujo chamava para cochichar aos ouvidos. Na verdade, não sabia se era um homem ou uma mulher, mas era magérrimo e usava uma camisa longa de cor preta. Uma calça legging que o deixava bem afeminado. Talvez seja uma mulher ou, quem sabe, é um homem? Muitas perguntas para uma mente, apenas. Optei por não perguntar, mas me sentia estranha. Era como se ele, ou ela, estivesse me observando na escuridão. É insólito! Que sensação esquisita! Forte! Eu sentia seus olhos me observando com mais proximidade, a partir do momento que tive mais contato com o Dante. É a mesma sensação que tive, enquanto estava na mata. Será que é essa pessoa? Me parece assustador!
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Sussuro O Prelúdio
Horror[Não plagie! É crime!] Arthur Francis, um bombeiro, precisa sobreviver em meio ao caos ocasionado por criaturas desconhecidas, que matam e devoram pessoas, chamadas apenas de Sussurro, ou Luisón, da mitologia Tupi. Ele encontra uma enfermeira chamad...