Ato XI: Mais Uma Ficha, Por Favor!

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- "Hei, rapaz! Acorde..." –.

"Anda, acorda!" –.

"Anda, homem! Não seja kerana!" –.

"Cauã, pegue água! Agora ele vai acordar..." –.

"Ele não vai acordar... Eu tenho um método infalível... (PAFT!)." –.

"É... É melhor tentar de novo... (PAFT!)" –.

– "Esse é satã, mesmo hein (Risos!)!" –.

– "Olha! Tente outra vez!" –.

– "PAFT!" –.

– "Se ele não acordar nesta, só na outra vida mesmo." –.

– "Quer apostar?"–.

– "É... Quero!" –.

– "Aposto uma ficha de que ele vai se levantar e estará com tanta fome que não terá forças para ficar de pé." –.

– "Eu aposto duas de que ele vai ficar tomando soro por mais um dia." –.

– "Quer tentar outra vez?" –.

– "Claro! Vou aproveitar que eles não estão aqui e ela está bem jubaia na outra sala. Hoje é um dia bom para ela. O Clarus vai lhe trazer uma jopói (Risos!)." –.

– "Ah! Não seja um babaquara!" –.

– "Babaquara é você! Txynte! –.

– "Está bom! Vamos lá?" –.

"Sim! Lá vou eu (PAFT!)!" –.

"Ih! Perdeu..." –.

"Tenha exiraõ! Só mais alguns segundos e..." –.

Algo me fez irromper o limite da inexistência. Eu não sabia se estava vivo ou morto, mas acredito que estava pendurado com os dedos em uma corda. Ela se desfiava e era questão de tempo até que eu caísse para ermo da escuridão. A morte... O inferno... Ou, talvez, o paraíso... Mas não... Algo me fez ressurgir das trevas e tomei aquele corpo, novamente. Foi a minha Santa Misericordiosa quem me fez respirar de novo. O meu Cristo atendeu ao meu chamado e consegui... O fôlego da vida mais uma vez. Eu tenho que lutar pela minha vida e não posso cair como antes. Os meus olhos permanecem fechados, mas ouço... Sinto... Cheiro... E salivo. Espero que seja raiva, mas pode ser medo. O sentimento que mais me ataca... Só que dessa vez será diferente. Quando eu puder abrir os meus olhos, o primeiro objeto pontiagudo que eu ver, pegarei e apontarei seja quem vier. Aqui falamos da sobrevivência acima de tudo.

- Ele acordou! Não falei! Hei... –.

– Calma, calma. Moço... Espera! –.

– Não faça isso! Não! Fomos nós quem te socorremos! Mãe! –.

– Ele acordou! –.

– Ele quer nos atacar! Mãe! –.

Enfim, fiz o necessário para voltar à vida e o primeiro que vi, eu fiz de refém. Não vou ser pego tão fácil! Um rapaz. Ambos têm traços nativos bem aparentes. Os seus cabelos são longos e lisos como seda. Estão com algo nas mãos que usa tecnologia. É possível? Desde os ataques, não vejo tecnologia como esta, aliás, desde minha infância, eu não vejo algo igual. Tão rústica e não muito adequada para os dias de hoje. São ultrapassadas! Será este rapaz... Uma boa troca pela minha liberdade.

Sussuro O PrelúdioOnde histórias criam vida. Descubra agora