Ato III: Brocoió

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Eu havia recebido minha honra ao mérito por bravura junto de meus companheiros falecidos. Fui aos seus funerais. Estive com seus familiares, que ficaram desolados com a história mentirosa que tive de dar a eles. Ascendi ao posto de Capitão do Exército... Pois é! Esta é a minha rotina! Sempre soube que poderia perder a minha vida e a dos outros em troca da paz da minha nação. Assim é o coração de um gûarinim.

Entrei em recesso, mas antes desse dilema maravilhoso (que já não era tanto), fui ao meu superior, para ser mais exato: No Quartel General da 42ª Área. Isto é, a Base Científica denominada de Itacueretaba. Um lugar vasto de rios, colinas que tinham a face moldada pelo sol da manhã e um verde estonteante da mata, que todo marinheiro de primeira viagem se perderia com facilidade. Eu comuniquei toda a missão e citei do desaparecimento do aranha caranguejeira ao fato. Disse sobre os Domines e suas tecnologias ao qual só tive o canhão antimatéria (foi assim que foi chamado pelo superior); a aliança deles com a Nova Granada em oculto para invadir e destruir nosso país; e sobre a criatura que destruiu a equipe. Não obtive resposta alguma sobre as perguntas que ficaram no ar e decidi não desmoralizar a decisão que vinha acima de mim. O Major Pimenta apenas assentiu com a cabeça acerca dos relatórios da batalha, por mim transmitido e me concedeu permissão plena para recesso. Nada foi noticiado! Nem mesmo a traição da nação vizinha com os Domines. Sequer algum tipo de retratação por parte deles com a nossa terra. Creio que nunca houvera um conflito e ninguém, além de mim, saberia disto. Depois de toda esta andança, perdas e mais uma missão completa, eu só queria voltar para casa e aproveitar as delícias da vida. Mesmo que tivera perdido muitos companheiros em uma guerra silenciosa que achara que poderia ter sido muito mais fácil se tivesse mais informações, que me fossem ocultadas.

Dias depois, eu estava no distrito da Baía de Santa Esmeralda relaxando ao lado de uma piscina com direito a um belo chope de estufar o estômago com uma leveza insaciável e petiscos que dava para comer até os dedos, quando fui chamado para uma operação regional. Ou seja, em minha própria cidade. Minha própria terra!

Meus superiores queriam que eu coordenasse uma infantaria para uma rebelião que explodia no centro da cidade. Eu peguei tudo o que tinha para pegar, inclusive, a faca herdada da minha mãe, que parecia me dar tremenda sorte e parti para o Quartel General mais próximo. O 39ª Batalhão de Infantaria chamado de Pedreira Silva e Coutinho. Era uma área rodeada pelo mar, cuja entrada era um túnel submerso, pelo qual veículos de apoio entravam e saíam. O acesso ao público era dado apenas pela baía. Pelo mar!

Ao chegar, me deparei com uma infantaria novata, cujo tinham meninos entre 17 até 24 anos. Garotos!Mirins! Eu recebi a ordem de levar um comboio para conter esta rebelião e levar todas as testemunhas para um campo de concentração forçado. Achei estranho, pois para realizar um ato como este somente em casos de sítio e guerra. Mas fazia bastante tempo que não havia um conflito em meu país. Porém, um soldado não questiona decisões. Ele as obedece e conclui suas tarefas.

Peguei o comboio e levei todos os soldados, cabos e sargentos, os subtenentes e tenentes para o centro do Subúrbio Serrano a fim de conter a rebelião. Quando entramos no Centro da cidade parecia o caos! Pessoas correndo e não sabia parecer do quê elas corriam. Os meus soldados entraram em formação espartana pela minha ordem e os separei em três flancos. O da esquerda, o do centro e o da direita para fecharem o ponto da rebelião. Ao nos aproximarmos, eu vi algo que nunca esperava na vida: O Nhanduguaçu vivo! Isso mesmo! Ele estava vivo, mas diferente. Muito diferente! Parecia um monstro... Muito esquisito! Parece que havia se misturado ao Brocoió e estava atacando as pessoas. Os seus braços se alongavam e formavam presas que atacavam suas vítimas. Sangue e terror! Fora o que eu vi neste dia! Eu gritei:

- Nhanduguaçu! O que está fazendo? Você se esqueceu dos seus amigos? Está matando civis! O que é você afinal de contas? –

O monstrengo virou para mim e com um olhar perverso disse em forte tom:

Sussuro O PrelúdioOnde histórias criam vida. Descubra agora