- Eu não aguento mais ficar neste lugar! Há pessoas lá fora que podem nos apoiar! Pessoas que têm o mesmo pensamento que nós! Tudo que temos que fazer é conseguir estas mãos para construirmos tudo e combater os nossos inimigos de eras. Eles migram, mudam de forma, mas suas essências são únicas e nunca saciam o desejo de vingança. Da vergonha que passaram ao não conseguirem tomar o que é nosso: todas as nossas riquezas da nossa Grande Mãe, Araci. Aqueles calundús nunca conseguirão... eu não deixarei! Nem mesmo os tapuias... – Ela olhou como uma cunhataí, brilhosos como a lua em sua fase mais cheia e colocou suas mãos nas minhas e me encorajou: - Ben... você é um gûarinim e herdou tudo do esplêndido Arconte que ensino para as nossas crianças. Você é o grande naurú de nossa tribo que fará o levante de Pindorama ao seu auge! Nem os brocoiós puderam contra ti. O nosso Senhor está contigo e vejo a luz da esperança em você. Olhe para o filho do Profeta! Está morto! Mas não você: vivo e saudável diante de tantos antagonistas. As nossas crianças, aliás, a casamata inteira sabe quem és. Eu sou grata por lhe conhecer, quando me salvou das mãos daqueles perversos que iriam me atacar. Foi preso por minha causa e agora sei que és aquilo que precisamos. Arconte está em ti... – Ela se inclinou para próximo de mim. Parecia um termo de gratidão por ter enfrentado seus malfeitores, aqueles aíbas. A sua intenção se assemelhava a de uma jovem que queria ter um abaíba, só que não a observava como tal, mas como uma cendira e dei uma leve afastada. Ela se sentiu envergonhada, mas não pude me envergonhar por ela e fiz uma complementação em seus pensamentos: - Beth, há um erro no quê ensina para as crianças. – Ela se demonstrou surpresa e indagou a minha afirmação: - Como assim? Ben, eu tenho graduação e licenciatura em pedagogia, tenho formação e pós-graduação especializada na História de Pindorama, cujo fiz parte de um grupo forense que tinham antropólogos, topógrafos, geógrafos, oceanógrafos e paleontólogos e, durante todo nosso acervo, eu nunca encontrei esta informação. Assim, mesmo que muito avançada para lidar com os mirins, nunca erraria. No quê estaria errando? Rá! Impossível! Lembrando que também sou antropóloga. – Abaixei-me e futuquei o chão como é de costume e lhe respondi: - Arconte era fêmea. Uma grande amazona! – Ela mexia sua cabeça me detalhando de que não era possível. Eu lhe expliquei: - Entendo, Beth! Pelo fato de ser uma grandiosa historiadora e pesquisadora com uma vasta experiência profissional, isto, para ti, não era provável, mas... eu fui a lugares que nunca pôde ir e sei que nunca atravessou o Amazonas. Quando jovem, eu fui guarda de várias expedições por lá e estive com Dr. Kíron nelas. –
– Doutor Kíron?! Einsenglad Kíron?! Foi meu mestre! Como nunca soube disto? – Ela parecia estarrecida, mas tive que lhe incomodar ainda mais: - Tu és jovem! Eu tenho experiência e estive com muitas personalidades científicas, mesmo que um tavy, tenho minhas astúcias e ele encontrou um epigrama contando parte da história entre as tribos Yahu. –
Ela estava se convencendo e pôde complementar a minha informação: – Uma das últimas tribos que os Fundadores tiveram contato... ela era considerada bem selvagem, mas a uniram com os Vermelhos. Graças ao Brasílis! – A Beth abaixou sua cabeça e se sentiu envergonhada por não saber deste detalhe, mas eu tentei confortá-la segurando suas mãos e disse: - Tu és talentosa! Ainda precisaremos de sua força quando formos para o Planalto Tamandaré, no nosso quartel secreto, pegaremos a arma Domi que extermina os monstros e as armaduras. Eu sei que temos nossas armas, mas a atual tecnologia não permite enfrentar este Xororó Votu que temos passado. Quando habilitarmos o Abequar, todos os nossos inimigos temerão! – Ela ainda parecia não entender algo e me perguntou: - Ben, eu não entendo. Como e por que nosso povo sempre especificou Arconte como um homem? –
Eu a respondi: - Por que houve uma reforma após Mandaribóia. Ele acreditava que manter uma mulher como líder dos Fundadores não seria algo bem visto neste período e, por ser de uma educação patriarcal, optou por diferir o sexo da nossa heroína ocultando esta história por séculos. Mas o povo Yahu, muito primitivo e selvagem, teve contato com ela e outras mulheres gûarinins e batalharam juntos contra os victorianos por Amazonas. Segundo o Kíron, daí o nome em homenagem à elas. Não havia apenas ela como mulher dentre os Templários e todas as existentes se disfarçaram durante grande parte de sua vida em favor de Deus... elas... -
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Sussuro O Prelúdio
Terror[Não plagie! É crime!] Arthur Francis, um bombeiro, precisa sobreviver em meio ao caos ocasionado por criaturas desconhecidas, que matam e devoram pessoas, chamadas apenas de Sussurro, ou Luisón, da mitologia Tupi. Ele encontra uma enfermeira chamad...