VI - Agradecido

303 51 12
                                    


Naquele mesmo ano do qual Seokjin havia sido transportado para um passado distante, simultaneamente na cidade de Seul, um garoto de 11 anos deitado em seu quarto, observava seu celular e repleto de dúvidas que iam surgindo em sua mente. Ele suspirava ao olhar aquela mensagem que chegara a cerca de meia hora sem saber se respondia ou apenas ignorava e voltava a observar o teto repleto de estrelas que havia colado ali.

Jungkook era um jovem um tanto peculiar para sua idade, apesar de nascer em uma boa família e sempre ter pais presentes em sua criação e crescimento, era mimado e egoísta. Como o filho mais novo que era, nunca foi habituado a palavra "não", tendo assim em suas mãos com rapidez tudo o que queria e que ganhava pelo grito. Sua irmã mais velha, Mirai, repreendia os pais pelo erro na construção do caráter do mais novo, porém igual a uma pílula de farinha que não faz efeito, os pais fingiam-se de cegos e continuavam a satisfazer os desejos egoístas do mais novo, fazendo com que ele odiasse ser contrariado.

Era novo, tinha pouca idade, mas com 11 anos já se espera que alguém ao menos saiba enfrentar as dificuldades da vida e resolver sozinho alguns problemas recorrentes... Mas Jeon Jungkook não era assim. Sempre queria as coisas para agora e se os pais não lhe dessem o que desejava, objetos iam de encontro com a parede, birras e chiliques perduravam por horas, fazia cena de que era um injustiçado. Um típico infantil.

A única pessoa que seria capaz de penetrar aquela armadura de infantilidade e egoísmo, porém ele ainda não sabia, era o jovem Hoseok. O garoto mais velho que ele, tinha em si uma áurea tão jovial, otimista e pura que não se importava com as ofensas e atitudes mesquinhas do primo, pelo contrário, trabalhava em si sempre a paciência para compreende-lo e torná-lo uma pessoa melhor. Jung Hoseok era de uma bondade infinita e mesmo que tudo pelo que passara em sua vida pudesse levá-lo a ser um homem futuramente amargo e sem escrúpulos, optou por ter a melhor visão da vida que podia.

Novamente naquela noite, Jungkook olhou a mensagem escrita em seu celular e suspirou. Não queria aceitar aquilo de jeito nenhum.

Kookie-ah, nós estamos indo até Busan. Hoseok precisa de nós... Pegue um bom colchão e arrume as coisas, ele irá morar conosco e por enquanto ficará em seu quarto. Seja um bom primo, por favor.

Mirai.

Só em pensar em ter mais uma pessoa para lhe negar suas vontades torpes, Jungkook sentia vontade de levar sua mão ao encontro da parede. Era como um pequeno rei na casa, uma presença nova ameaçaria seu reinado de egoísmo e infantilidade. Jogou o celular para o lado e de má vontade levantou-se indo direto ao armário. Pegou um colchão enrolado que havia na parte superior do móvel e jogou-o no chão ainda daquele jeito, não fez questão de deixar nada arrumado ou com aparência receptiva, não se interessava nos problemas de um primo caipira - na verdade, ele não fazia ideia de que Hoseok estava naquele mesmo momento chorando ao ver Haneul indo preso.

Como o espectador pelo espelho, Seokjin observava toda aquela cena ao lado de Taehyung e seu estômago revirava só de pensar no quão estúpida era a atitude do mais novo. Sempre soube que o garoto era mesquinho e queria tudo para si, além de ter se encostado em Mirai por muito tempo depois que os pais Jeon morreram, mas nunca o conheceu ainda na flor da adolescência... Não sabia dizer qual época foi a pior, sinceramente.

— Ele sempre agiu assim? - indagou Taehyung.

— Sim, sempre sendo esse serzinho desprezível. - Seokjin observava enquanto o mais novo fazia cara de desdem ao olhar para o colchão - O que me surpreendia de verdade era que apesar de ser assim com todos, se transformava em uma pessoa normal quando estava com Hoseok. O garoto foi bom na vida de Jungkook...

The Time Traveler |  TAEJINOnde histórias criam vida. Descubra agora