XIV - Acabado

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Não era a mesma sensação que ele via em seus sonhos ou em outra realidade, não... Aquilo era de uma estranheza sem tamanho. Os olhos escuros fitavam a mulher, mas não viam nela a beleza de uma jovem exausta, porém focada em não sair de seu objetivo único, não encontravam a constante luta de manter-se de pé enfrentando todas as adversidades da vida. Ele via uma bonita jovem sim, a mesma Mirai, o mesmo cabelo, o mesmo rosto, mas não a pessoa que ele conhecera naquele pequeno mercado num dia nevado em Seul.

Não conseguia parar de fitá-la em busca de algo que trouxesse aquela lembrança, mas tudo o que vinha em sua cabeça era a imagem de uma Mirai num caixão, sem vida. Ela se aproximou dele e em um cumprimento cordial esquisito as mãos de ambos se tocaram, mas não houveram arrepios, correntes elétricas pelas veias e muito menos batimentos descompassados... Era como se ela fosse apenas mais uma na multidão, não sua Mirai.

— Jeon Mirai. - a voz doce disse em meio ao mesmo sentimento estranho.

Noona, foi ele que conversou comigo no dia da entrevista. - Jungkook se intrometeu.

Mirai soltou-se do aperto de mãos de forma leve e fez uma reverência, curvando-se em agradecimento a Seokjin. Por mais que aquele clima esquisito estivesse pairando por toda a atmosfera, ela ainda era imensamente agradecida por ele ter inserido o mínimo de consciência em seu irmão.

— Obrigada, de verdade. - disse ainda curvada.

— Ora, noona, levante-se! - disse Jungkook ajeitando a coluna da irmã - Não é para tanto! - o garoto Jeon resmungava enquanto os outros riam dentro do ambiente. - Vamos, Jin. Onde está seu computador?

— Ah, bem... No quarto. - respondeu ainda um pouco desconsertado pela situação - Vamos lá.

Deixando a garota pra trás, mas ainda buscando pela mulher que amava, Seokjin rumou para o cômodo junto com um Jungkook que tagarelava sobre algumas coisas daquele jogo. Era estranho não ver Mirai da mesma forma, não conseguir enxergar a mulher por quem ele estava fazendo tudo aquilo. Parecia que não era a mesma pessoa, mesmo ele sabendo que de fato Jeon Mirai estava ali, em sua casa, viva.

Mirai suspirou depois daquela situação deveras esquisita e resolveu deixar aquele sentimento de lado, não tinha motivos para não simpatizar com Kim Seokjin. Voltou a sentar-se novamente no mesmo banco que estivera e retomou sua conversa com Min Yoongi, que de muito bom humor entreteve a garota em sua estadia lá. O rapaz Min era totalmente diferente do que no início, quem o conhecia naquela era de sua vida jamais cogitaria o uso de tóxicos e a arrogância que carregava em si. Seokjin mudou sua vida radicalmente e como todos que estavam envolvidos naquela insana viagem do tempo, ele era extremamente grato ao amigo.

Yoongi puxou um dos bancos e sentou-se em uma distância confortável de Mirai, tinha uma garrafa de coca-cola em mãos, uma vez que desde que se reabilitara prometeu a si mesmo que jamais colocaria uma gota de álcool na boca. Seu rosto era sereno, suas palavras calmas e seu tom de voz amigável. Aquilo chamou a atenção da moça.

— Como conheceu seus colegas de apartamento? - indagou a jovem interessada.

O rapaz não revelaria detalhes sórdidos dos acontecimentos, havia muito arrependimento e vergonha envolvidos naquela história, então sem perder seu semblante ele respondeu:

— Jimin é meu melhor amigo desde a infância, já Jin e eu nos conhecemos na escola... Ele me salvou de coisas que eu jamais imaginei ter saída, é como um irmão para mim. - sorriu ao lembrar-se de todo o esforço feito.

— Ele costuma a ajudar as pessoas assim?

— É do feitio dele ser bom. - deu de ombros e logo depois engoliu mais um pouco do refrigerante - Sempre foi assim, um bom amigo e conselheiro, mas não dá a devida atenção a si mesmo.

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