XI - Impulsivo

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Era como sentir-se que o que você foi destinado a ser não era o certo para si mesmo, mas infelizmente as coisas haviam ocorrido e se sucederam dessa forma. Um homem que há muito já morrera, enfrentou um deus que era nada mais que uma criança cheia de brinquedos e naquele momento se encontrava como uma criatura incapaz de sentir ou viver novamente, estava sentindo aos poucos o amor que nunca lhe pertenceu quando vivo.

Taehyung se aninhava como uma criança no abraço de Seokjin enquanto este lhe afagava os cabelos loiros em sussurros de que tudo ficaria bem. Mas ele sabia que as coisas não eram tão simples e por um momento desejou estar completamente morto, não se prestando àquele papel de deus ex machina que lhe fora proposto. Quis nunca ter conhecido Kim Seokjin ao mesmo passo que a presença daquele rapaz lhe fora a maior bênção mesmo pós vida. As dualidades do anjo do tempo eram muitas.

— Tae, quer conversar agora? – sussurrou em seu ouvido.

Taehyung se afastou do abraço e fitou os olhos escuros de Seokjin, naquele reflexo viu um ser em estado deplorável. Ele sabia que não poderia expor seus sentimentos, mas não poderia deixar o rapaz no escuro.

— Não foi nada, Jin. Só... uma crise interna. – respondeu desfazendo o contato visual.

— Crise interna? – indagou desconfiado – Tae, olhe quantas penas tem pelo quarto. Você basicamente se mutilou! Como acha que vou acreditar que não foi nada? – o tom de voz carregava uma preocupação tão grande que fez Taehyung contrair o rosto.

— Eu só queria estar vivo! – exclamou de repente – Não queria estar nessa condição de um mero espectador enquanto as pessoas sentem, vivem, amam, sofrem e tudo o que me é reservado é uma porcaria de eternidade vazia! – os olhos felinos queimavam em lágrimas novamente.

Seokjin assustou-se com a ação de Taehyung, mas depois de compreender a tamanha dor em suas palavras, respirou fundo e tocou-lhe o rosto novamente obrigando o contato visual.

— Para mim você é o ser mais extraordinário que existe. Além de me ajudar e ajudar a todas essas pessoas, me deu a chance de perceber que nem tudo na vida é motivo para lamúrias. – sussurrou estampando um sorriso de canto – Você acha que não sente e não vive, mas olhe-se no espelho e veja... Você está chorando. Isso é sentir.

Sentir, um verbo carregado de significados e consequências que aquele anjo que um dia já foi humano queria afastar. Ele não queria se afeiçoar, pois depois de tudo aquilo, ele sentiria uma coisa extremamente mais maléfica para si mesmo: a saudade. Seokjin seria só mais uma lembrança fria, um curto período de sua pós-vida que jamais teria de volta...

— Esqueça isso, tudo bem? – disse secando as próprias lágrimas – O que importa agora é que você conseguiu ajeitar as coisas e Jungkook e Hoseok estão bem. Nós já podemos avançar para o último passo.

Com uma interrogação em seus olhos, Seokjin tomou proximidade do outro e esperou que ele lhe falasse um pouco mais, contudo ele tinha uma grande dúvida em si desde o começo e talvez aquele era o momento correto para sanar essa questão.

— Último passo então? Tem a ver com o fato de Haneul fugir da cadeia?

— Sim... Tudo gira em torno de Jung Haneul e sua busca inconsequente de dar um futuro bom pro irmão, mas da pior maneira possível. – a voz grave havia tomado um tom já mais recuperado. Falar daquele assunto era uma boa saída para esquecer de seus próprios problemas.

— Tae... Há muito tempo eu desconfio de algo, mas talvez seja propenso eu lhe perguntar isso agora. – Seokjin iniciou temeroso da resposta de sua pergunta – Foi Haneul quem matou Mirai?

The Time Traveler |  TAEJINOnde histórias criam vida. Descubra agora