XVIII - Humano

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O tempo era a maior chave para toda a história que permeava o viajante e o anjo do tempo, mas o reencontro de ambos fez com que esse detalhe se tornasse o menor dos importantes. Eles não pararam o tempo e nem o aceleraram, eles o deixaram correr em sua velocidade comum para que assim pudessem desfrutar daquele amor que nascera de uma estranha forma enquanto podiam.

Taehyung sabia que teria que ir embora, mas não queria. Ainda não entendia bem o porquê de Deus ter simplesmente devolvido sua humanidade e deixado o poder do tempo em suas mãos, não sabia que tipo de castigo era aquele, porém não tinha cara de punição, na verdade ele estava deleitando-se em emoções, costumes e características humanas enquanto ainda vivia o que podia ao lado de Seokjin.

Sangue, suor, lágrimas... Ele apreciava poder ter tudo aquilo novamente em si, todos esses elementos tornavam sua estadia no plano material ainda mais intensa, mais apaixonada. Se ele tivesse a escolha, morreria novamente para poder sentir o prazer de ficar ao lado de Seokjin até o fim de suas vidas.

Haviam se passado mais dois meses desde seu reencontro, e daquele momento em diante, Seokjin passou a compreender o que significava realmente aquelas viagens no tempo. Nunca havia sido apenas sobre Mirai. Era sobre Jungkook, sobre Jimin, Hoseok, Namjoon, Yoongi e o próprio Taehyung... Todas essas vidas eram tão preciosas quanto as de sua amada e talvez ver o seus olhos cheios de luz novamente - mesmo que não para ele - fosse o propósito maior: dar a chance de vida para alguém que morrera tão cedo e tão tragicamente.

Os flocos de neve começaram a cair indicando que o inverno já dava as caras e mesmo que Seokjin não fosse amigável à estação, estava feliz em poder aproveitar um dia frio ao lado de Taehyung. Em suas mãos haviam xícaras de chocolate quente enquanto deitados na cama, conversavam por horas sobre coisas típicas do dia a dia, nada de salvação, tempo, plano espiritual ou divindades. Era como se a vida novamente fosse normal.

— E foi isso que aconteceu. Minha mãe me ligou e disse que a poupança que havia feito quando eu ainda era um menino já havia rendido bastante. Tenho um dinheiro guardado comigo também, então logo mais vou poder abrir minha franquia própria do Kim's em Seul. - Seokjin falava com um sorriso esperançoso nos rostos entre um gole e outro da bebida quente.

— Isso é maravilhoso, Jin! - Taehyung exclamou se aconchegando no tronco do outro - Finalmente vai parar de trabalhar tão pesadamente naquele restaurante. Você está visivelmente exausto pelo turno em que trabalha. - com a mão livre ele traçava uma linha no peito nu de Seokjin.

— Eu sei. - suspirou - Infelizmente nem todos começamos de cima assim que nos formamos. Pelo menos esse emprego serviu para que eu juntasse o dinheiro que eu tenho. - respondeu afagando os cabelos loiros de Taehyung.

Seokjin colocou sua xícara no criado mudo e com delicadeza tirou a de Taehyung de sua mão, colocando ambas lado a lado. Com as mãos livres, o rapaz passou seus braços com calma em volta do corpo esguio de seu amado e o trouxe para mais perto de seu rosto, fazendo com que o calor das respirações ficassem ainda mais fortes. O passatempo preferido de Kim Seokjin era demorar seu olhar nos traços de Taehyung enquanto sentia sua pele queimar sobre a dele. Às vezes ficava calado apenas observando o outro falar só para ter o prazer de contemplar cada pedaço daquele rosto e guardá-lo detalhadamente na memória, cada expressão, a forma como os lábios se movimentavam ao sorrir e o brilho que os olhos irradiavam entre uma felicidade e outra.

Dentro de si, explosões se faziam a cada minuto em que se lembrava do quanto Taehyung era importante e a dimensão do amor que o havia arrebatado. Olhar para aquele homem era como vislumbrar um milagre diante de seus olhos. O coração palpitava como louco quando os lábios do anjo do tempo permeavam um sorriso descontraído, os pelos da nuca se eriçavam quando os dedos iam de encontro em entrelaces carinhosos e o fogo em si pelo prazer carnal ardia sempre que ambos os corpos se conectavam. Não havia nada mais humano que aquela relação.

The Time Traveler |  TAEJINOnde histórias criam vida. Descubra agora