Capítulo um: O retorno da lenda

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Era uma manhã ensolarada de segunda-feira, eu estava preparando o café da manhã enquanto minha filha Stefani pegava suas coisas para ir à escola.

— Bom dia, mamãe! — disse Stefani, descendo as escadas.

— Bom dia, meu amor! — digo, pegando-a no colo. — Está animada para o dia de hoje?

— Sim! — gritou, feliz. — Mas eu estou com fome.

— Então vamos comer! Vou preparar o seu chocolate quente e os seus pãezinhos já estão prontos para você devorar. — digo rindo e a colocando no chão. — Ai, filha, você está tão grande.

— O papai ainda está no banheiro, não vai esperar por ele? — perguntou Stefani.

— Não, ele demora demais. — coloquei uma das mãos no rosto. — Não se preocupe, até porque quem vai te levar na escola hoje é ele, a mamãe tem que chegar cedo no trabalho.

— O papai vai ficar em casa hoje? — perguntou Stefani.

— Sim, eu vou! — respondeu Théo, aparecendo na cozinha. — Eu preciso descansar depois de uma longa semana indo defender várias pessoas em tribunais.

— Coitado. Muito ocupado! — digo.

— Ah, Spencer, não vai parar com esse deboche nunca, não é mesmo? — perguntou Théo, rindo.

— Mãe. eu já acabei. — disse Stefani, indo por a louça na pia.

— Está bem, agora sobe e vá escovar os dentes para o papai te levar. — peço.

A Stefani subiu correndo e eu gritei para ir devagar, mas a mesma não ouviu.

Pois então, eu devo confessar que as coisas estão indo muito bem desde toda aquela bagunça. Stefani cresceu e agora tem doze anos, meu casamento está firme e forte. O Théo conseguiu recuperar o tempo perdido nos estudos e hoje em dia faz faculdade de direito e trabalha como advogado voluntário par ajudar as pessoas que não tem condições de pagar por um. A minha amizade com o Willian está como sempre esteve e concluímos que tudo continua bem do nosso jeitinho.

— Pronto, mamãe! — disse Stefani, voltando à cozinha com a mochila nas costas.

— O seu pai já está lá fora, te esperando no carro. — digo, entregando a sua merendeira. — A mamãe ama você, boa aula! — dei um beijo em seu rosto e a levei até a porta.

E assim os dois seguiram para à escola e eu voltei para a cozinha, para terminar de ajeitar algumas coisas e ir trabalhar.


{Stefani}

— Papai? — chamei.

— Oi, filha. — respondeu.

— Eu encontrei um livro estranho no baú onde a mamãe guarda as coisas antigas dela. — digo.

— Que livro estranho? — perguntou, e eu percebi a expressão de preocupação.

— Ah, ele é antigo, está um pouco rasgado... — respondi.

— É só um livro velho. Por que você estava mexendo naquele baú? — perguntou ríspido.

— Mamãe disse que havia uma boneca antiga dela lá e que eu poderia pegar. — respondi.

Ficamos em silêncio o caminho todo, meu pai não disse uma só palavra depois que eu comentei sobre o livro. Agora minha curiosidade ficou maior ainda e eu vou descobrir do que se trata.

Chegamos na porta da escola. Me despedi de meu pai, peguei a mochila e saí do carro, segui logo em direção ao meus amigos que estavam sentados no banco próximo ao parquinho das crianças menores que nós.

— Oi, pessoal! — digo, sorridente.

— Fala aí, Fanizinha! — disse Filipe.

Filipe Guerra. Um dos meus melhores amigos e o único que eu permito me chamar de "Fanizinha"; esse apelido é humilhante.

— Bom dia, amiga! — disse Jojo, sorrindo.

Joelle Bregoli, minha melhor amiga e com certeza a pessoa com o nome mais complicado do nosso grupo, por isso a chamamos de Jojo. Ela é bem parecida comigo, bastante aleatória e nas horas vagas inteligente.

— Coé, doida! — disse Harison.

E por último, o Harison Apek. Ele é mais amigo do Filipe, sempre anda conosco, mas eu particularmente não gosto muito. O mesmo só vive nos colocando em enrrascadas, é totalmente sem limites.

— Nem parece que tivemos quatro dias de descanso. — digo, puxando assunto.

— Verdade! Mas na real mesmo, precisamos de férias outra vez, porque quase não aproveitamos as de verão. — disse Jojo.

— Passou rápido demais e a gente tinha várias brincadeiras em mente. — disse Filipe.

— Cara, o lance aqui é outro. Eu tenho uma parada muito melhor do que todos os nossos planos feitos para o verão. — disse Harison.

— O quê? — perguntamos em uníssono.

O Harison pegou a mochila e tirou um livro, que por coincidência era o mesmo que eu havia encontrado no baú da minha mãe.

— Onde conseguiu esse livro? — perguntei, espantada.

— Calma, Fanizinha, parece que viu um fantasma. — disse Filipe.

— Onde conseguiu esse livro, Harison? — perguntei, novamente.

— É da minha tia Isabella. Não entendi o motivo do nervosismo. — respondeu, Harison.

— É que... — tentei dizer, mas comecei a gaguejar.

— Ei, Stefani, por que ficou tão surpresa com o livro? — perguntou Jojo.

— Encontrei um desses quando fui mexer no baú da minha mãe. — respondi.

— Mas a minha tia disse que não existia outro desse... — disse Harison, confuso.

— Então ela mentiu. — disse Filipe.

— Mas a questão é: Do que se trata esse livro? E por que as duas tem isso guardado em casa? — perguntei, esperando por respostas, mas sabia que não teria nenhuma.

— Vamos tentar não ficar paranóicos com isso, tá bom? — disse Filipe, tentando nos acalmar.

— Tudo o que eu sei, Stefani, é que se trata de algo chamado Slender Man. — disse Harison.

Fiquei em silêncio, pensando naquele nome que não me era estranho. Minha mãe me disse uma vez sobre essa lenda, mas faz tanto tempo que eu não consigo me recordar.

— Eu vou perguntar para a minha mãe sobre isso e você fala com a tia Isabella, pode ser? — perguntei.

— Tá bom. — disse Harison.

— Bom, gente, o papo está ótimo, mas a gente precisa ir para a sala de aula. — disse Jojo.

Consentimos e seguimos para a sala de aula. Fiquei pensando no livro e no que o Harison disse enquanto caminhávamos, não pode ser só uma coincidência.

Slender Man - O Conto [Livro 3]Onde histórias criam vida. Descubra agora