UM

19 0 0
                                    

Sabe aquelas histórias de famílias felizes que passam por problemas no início, mas no final tudo acaba bem? Então, não é o nosso caso. Estávamos a um segundo de começar uma nova vida, em uma nova casa, em uma cidade. Tudo por causa do meu querido pai criminoso.
Mamãe estava super apreensiva, explodindo sua ansiedade sobre todos nós.

- Alex! Alex! Alex, olha pra mim! - percebi seus gritos e acabei tirando os fones de ouvido que tocavam músicas super altas.

- Oi. O que foi? - perguntei. Ela parecia super atacada.

- Você já colocou suas coisas no caminhão?

- Ainda falta uma caixa. - apontei para ela, que estava ao meu lado.

- Então o que está fazendo parada aí? Têm outros dias para ouvir música. Estamos prestes a ir embora, querida.

- Tá, tudo bem. Eu já vou colocá-la lá. - me levantei sem vontade.

- Mãe, viu meu celular? - Megan apareceu na sala, super nervosa também. Eu só queria compreender o por quê de tanto nervosismo em um único dia.

- Não, Megan. Eu não vi seu celular. - respondeu indo até o lado de fora. Megan a seguiu.

- Eu preciso dele logo!

Sam também veio até a sala com sua última caixa nas mãos.
Assim como eu, ela parecia triste.

- Não é incrível? O mundo é um lugar repleto de gente ruim, que pode estragar a vida de muitas pessoas de uma única vez. - disse parando na minha frente.

- Está se referindo à ele? - perguntei, pensando em nosso pai. Sam não tinha uma boa relação com ele.
Talvez fosse pelo fato de que ela soubesse que sua existência era um erro para ele. Sua gravidez não foi planejada e por isso ele não a aceitava. Duas filhas amadas e queridas já eram o bastante, dizia secretamente.
Embora toda a rejeição, lá no fundo ele amava sua bebêzinha ruiva.

- Talvez. É melhor se levantar e colocar essa sua caixa no caminhão de uma vez. - ela acabou saindo também, me deixando à sós com todas as minhas lembranças maravilhosas daquela casa.

Me levantei e acabei saindo e andando até o caminhão de mudanças parado no meio fio, com minha caixa.

- Olha - tia Ally apareceu ao meu lado de repente. - Eu sei que parece difícil essa história de mudar, mas vai por mim, tudo vai acabar bem.

- Sei que ele não foi o ocupado por isso. É a escolha da mamãe.

- Sua mãe é complicada. Ela acha que pode simplesmente fugir dos problemas e tudo irá se resolver.

- Eu meio que já me acostumei com isso.

- Olhe pelo lado positivo: vai fazer novas amizades, conhecer novos garotos lindos...

- Ah qual é? Todo mundo diz isso.
Na realidade, não é tão legal assim.

- Seu pai pode ser um total criminoso idiota gostoso que possivelmente só pensa em si mesmo, mas ele acabou me dando uma oportunidade de morar e ficar perto de vocês.

- Têm razão. Agora você mora com a gente e isso é bom.

- É claro! Eu sou demais. - ela me abraçou pelas costas. - Agora, segura essa tristeza e se despede da sua casinha.

- Dezessete anos da minha vida dentro dessa casa. Eu sei que se apegar às coisas é algo ruim para o ser humano. Então, adeus casa. - falei, entrando no carro junto de Sam e Megan.
Mamãe e tia Ally também entraram no carro, guiando Owen, o cara do caminhão, até a nossa futura casa.

×  ×  ×

Calor de OutonoOnde histórias criam vida. Descubra agora