CINCO

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Manhã de segunda-feira. Primeiro dia de aula na escola nova. Eu estava com uma enorme vontade de não existir naquele momento.

- Já estão prontas? - Megan apareceu na cozinha, segurando a chave do carro de nossa mãe.
Ela iria levar eu e Sam até a escola.

- Eu não quero ir. - Sam abaixou a cabeça na mesa.

- Vocês têm dez minutos antes do sinal bater. É melhor irmos logo. - claramente, Megan estava zoando nós duas mentalmente.

- Vamos embora. - sai e fui até o carro.

A escola não era longe da nossa casa e por isso chegamos rápido.
Havia muita gente na entrada. Caras do time de futebol, líderes de torcida e gente que definitivamente não fazia parte do pessoal "popular".

- O dia vai ser bom. Pode ter certeza. - Megan falou antes de sairmos.

As pessoas nos olhavam de um jeito muito estranho, como se fossemos surreais, ou algo assim.
Olhavam principalmente para Sam, que estava com a perna enfaixada, por conta de seu machucado feito na tarde passada.

- Que gente otária. - Sam disse baixinho.

- Pois é, né? - concordei.

Assim que entramos, o sinal tocou e eu fui diretamente para a primeira aula. Física.
Sentei ao lado de uma garota de cabelo cacheado. A professora tinha um nome engraçado: Glóren Ray.

- Muito bem, gente, silêncio! - ela começou, fazendo gestos. - Temos uma aluna nova. Qual seu nome, querida?

- Alex. - respondi meio baixo.

- Seja bem-vinda, Alex. É um enorme prazer tê-la conosco. Bem, abram o livro na página 63.

- Eu sou Barbie. - a garota sentada ao meu lado chegou mais perto de mim.

- E aí? As pessoas são chatas aqui? - perguntei, também falando baixo.

- Não exatamente. Só a maioria. - falou. - Posso te apresentar tudo, se quiser.

- Tudo bem. - falei por fim.

A aula da professora Glóren não era tão ruim assim, tirando o fato de que as pessoas odiavam física. Sai da sala acompanhada de Barbie.

- Temos as mesmas aulas. Podemos almoçar juntas também.

- Claro. Então, me fala sobre você?

- Bem, deixa eu pensar em coisas sobre mim. Eu nasci aqui mesmo na Califórnia, gosto muito de café e fui adotada por duas mulheres maravilhosas, ainda pequena. Minhas mães.

- Sério? Que legal. A propósito, eu também adoro café. Me deixa mais...temperamental.

- É isso mesmo! - ela disse rindo. - E você?

- Bem, eu me mudei faz dois dias. Minha mãe achou que foi a melhor escolha a ser feita, após...a prisão do meu pai.

- Sinto muito.

- Tudo bem. Eu estou me acostumando com a ideia.

Enquanto caminhávamos pelos corredores em direção à próxima aula, fomos interrompidas por um garoto de cabelo grande - aparentemente bonito - que correu até nós duas.

- Ei, Barb, esqueci de te dar a entrada da exposição no sábado. - ele lhe deu um envelope azul bem chamativo.

- Valeu. Ah, Chris, essa é a Alex. Ela começou hoje. - ela pegou o envelope e o abriu.

- Oi. - sorri ao cumprimentá-lo.

- É um prazer conhecê-la, Alex. Você parece apreciar os pequenos detalhes da vida. Toma um também. - disse me dando um envelope. - Eu preciso ir. Nos vemos depois.

Olhei o envelope em minhas mãos. Era um tipo de convite para uma exposição de arte de rua que aconteceria no sábado à noite. Mais tarde, após as aulas, Barbie me contou coisas sobre Chris. Ele vive com os avós, desde a morte de seus pais. Também é artista de rua; - o que explica o convite para a exposição - tira fotos e pinta.
Ah, ela também disse que ele é um tipo de cara "expressivo", o que pessoalmente eu não entendi.

Encontrei Sam na saída, enquanto íamos em direção ao carro dirigido por Megan.

- Oi, meus bebês! - Megan gritou assim que entramos no carro. - E então, como foi? Fizeram amizade com alguém?

- Foi legal. Agora sou amiga de uma garota chamada Barbie. E também conheci um amigo dela, Chris. Ele me convidou para uma exposição de arte.

- Primeiro dia de aula e já foi convidada para um encontro? Quem dera fosse assim na minha época.

- Megan, não é um encontro! Vai ter muitas pessoas lá, além de que eu nem sei se eu vou.

- Para com isso! Você precisa se divertir e aproveitar sua adolescência. - disse por fim. - E você, Sam? Está calada demais. Como foi seu dia? - perguntou a olhando pelo retrovisor.

- Foi legal, eu acho. Conheci alguém. Jane.

- E como ela é?

- Estranha, mas divertida.

- Interessante. - Megan falou, quando finalmente chegamos em casa.

Tia Ally não estava em casa. Acho que ela seguiu o acordo com mamãe e foi procurar um emprego. Definitivamente, ela vai conseguir. Trabalhou por quase três anos em uma revista famosa e teve muito sucesso.
Provavelmente vai fazer algo parecido novamente.

Após entrar em meu quarto, peguei meu convite e o abri.
Havia uma frase super engraçada e chamativa escrita bem na frente. Não sei se é o tipo de evento que me chama a atenção, mas eu tinha muito para decidir se iria ou não.

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Calor de OutonoOnde histórias criam vida. Descubra agora