VINTE E OITO

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Quando alguém que conhecemos morre, sabemos que o sentimento de vazio pode reinar seriamente no coração daqueles que são mais ligados à pessoa. Minha casa parecia estar completa de um clima de pura tristeza e um pequeno sentimento de raiva.
Eu tive que levar Sam para casa, para que minha mãe e tia Ally resolvessem o que tinham que resolver. Honestamente, não conseguia sentir minhas pernas direito, e o fato de que Sam não parava de chorar, piorou as coisas à cada segundo que se passava.
A única coisa que fiz quando cheguei, foi ir diretamente para o quarto de Megan. Aquele quarto que representava o passado de uma mulher que teria um futuro incrível com a família que construíra.
Deitei em sua cama e abracei seu travesseiro macio. Fechei a porta para que Sam não me ouvisse chorar.
Embora estivesse triste, sempre tentava não demonstrar minha fraqueza à ela. Sabia que seria mais difícil, com seus quatorze anos, viver cada uma dessas decepções uma atrás da outra, repetidamente, sabendo que nem ao menos uma única pessoa conseguia de manter de pé em relação à qualquer situação.
Estar em seu enterro no dia seguinte, foi algo que eu não imaginei de acontecer em toda a minha vida.
Todos nossos parentes e os amigos de Megan estavam presentes; Jerry esteve lá antes de ir ao hospital para ficar com a filha. Em nenhum momento eu conseguia ouvir ao certo o que o pastor presente dizia, apenas por um segundo.

- Megan era um jovem maravilhosa. Ela tinha sentimentos e sonhos como outra pessoa qualquer. E deixou um enorme presente de Deus nas mãos de sua família. Pois então, oremos - ele disse.

Minha cabeça doía incessantemente. Em nenhum momento eu conseguia olhar para minha mãe. Ela parecia a pessoa mais infeliz do mundo naquele momento e eu conseguia imaginar o que ela sentia. Todo mundo diz que perder um filho é a pior dor do mundo. Tia Ally se levantou para falar algo. Minha avó a olhou diferente naquele momento. Acho que ela finalmente havia percebido a mulher que ela havia se tornado; estando maravilhosamente grávida de três meses, ela a entendia.

- Megan. Meg. Ela nasceu quando eu tinha apenas onze anos. Eu não sabia ao certo o quanto de responsabilidade eu teria naquela época, e nem como ela se tornaria uma peça tão importante na minha vida. Megan foi uma das pessoas mais sábias que eu já conheci. Embora eu fosse mais velha, foi ela quem me ensinou as coisas - Ally disse por fim. Ela voltou ao seu lugar e então ouvimos a última oração do dia.

Enquanto a maioria das pessoas conversava pelos cantos do cemitério, eu decidi ir para casa. Mas minha tia percebeu o que eu estava fazendo e me seguiu discretamente.
É claramente comprovado que sempre que estamos de cabeça cheia, temos a rápida reação de fazer algo estúpido pela emoção, principalmente alguém que já viveu um contorno excessivo de depressão.
Na época da minha primeira crise séria, mamãe escondeu todas as coisas perigosas ao meu alcance. Mas depois de um tempo isso se tornou meio esquecido. A tristeza pode levar as pessoas a fazer algo estúpido e perigoso. Era a frase que eu ouvia a todo tempo em minha cabeça.
Por fios de lembrança, consigo recordar do momento em que eu havia deitado na banheira de casa, algum tempo depois de chegar em casa e beber algo extremamente danoso que eu havia encontrado no que costumava ser o esconderijo de coisas perigosas.
Talvez toda a dor diminua quando morrermos. Pensei. Senti algo estranho em minha barriga e em todos os meus nervos do corpo; uma forte dor que me fizera fechar os olhos. Lembro-me de vomitar um pouco de sangue antes que pudesse perceber que eu estava totalmente fora de mim.
Eu fiquei inconsistente algum tempo antes da verdadeira alma heroína surgir para me tirar do fundo do poço.

- AH, MEU DEUS! Alex? Alex, por favor. Está me ouvindo? Alex, fala comigo - tia Ally gritava.

Ela ligou para a emergência e uma ambulância chegou rapidamente.
Eu sei o que você deve estar pensando nesse momento. - Como você pode ter feito isso com toda a sua família em um momento tão delicado? A morte de sua irmã! - Como eu disse antes, a depressão pode levar uma pessoa a fazer loucuras. Eu tentei me matar logo após ver que minha irmã estava sendo enterrada bem na minha frente e nunca mais nos veríamos.
Tive que fazer uma lavagem gástrica e rapidamente fui internada, pela segunda vez. Acordei três dias depois.

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Calor de OutonoOnde histórias criam vida. Descubra agora