TRINTA

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Voltei para casa no dia seguinte. Todos estavam me tratando de um jeito estranho, sendo extremamente cuidadosos. A questão principal era que mamãe e tia Ally estavam aparentemente agindo como se nada tivesse acontecido à quatro dias, e Sam não estava falando com ninguém direito. Tia Ally se encontrou com Michael para finalmente tentarem descobrir o sexo do bebê. Ela não estava nem um pouco animada.

- É um grande momento, Ally - dra. Hannigan estava prestes a começar o procedimento. - Muito bem... Parece tudo tão bem.

Ally olhou rapidamente para Michael ao ouvir os batimentos. Dra. Hannigan pareceu confusa no início, mas sorriu após alguns segundos.

- Está ouvindo?

- É... Por que tanto barulho? - ela perguntou, então segurava a mão de Michael.

- São os três batimentos. Seus bebês, Ally - respondeu rindo.

- O... O quê? Três? Isso é impossível! Ninguém me disse que isso iria acontecer - Ally se levantou um pouco e começou a olhar a ultra.

- Três? Isso parece... Inacreditável - Michael falou. - Só pode ser brincadeira, né?

- Eu sei. É algo realmente inacreditável. Nos primeiros meses realmente não conseguimos ter certeza de nada. Mas... Agora é isso. Meus parabéns, vocês terão trigêmeos! - disse por fim.
Michael e tia Ally saíram do hospital em silêncio algumas horas depois. Ela não parecia feliz e não conseguia dizer nada.

- Ei, vai ficar tudo bem, Ally. Está tudo bem. Estamos juntos nessa e em qualquer momento - Michael segurou sua mão, mas ela recuou, enquanto caminhavam até o estacionamento.

- Eu acho que isso não vai dar certo. As coisas estão acontecendo muito rápido. A Megan... Morreu, a Alex tentou se suicidar e agora... Três bebês vão sair de dentro de mim. Eu não sei se consigo fazer isso - ela começou.

- O que está dizendo, Ally? - Michael perguntou, se aproximando. - Fala comigo.

- Eu... Acho que precisamos de um tempo. Eu preciso de um tempo para tentar raciocinar tudo que está acontecendo.

- Então, você está terminando comigo? - ele perguntou. - E os nossos bebês?

- Eu só preciso de tempo. Isso não é sua culpa, Mike. Me desculpa. Pode me levar pra casa? Meus pés estão me matando - ela voltou a andar com dificuldade em direção ao carro.

Ally chegou em casa naquela tarde, ainda sem dizer nada. Estávamos ansiosas para saber das notícias, enquanto a observávamos tirar seu casaco, colocando-o junto dos outros.
Ela se sentou no sofá mais próximo.

- Você chegou! E então, como foi? Menino ou menina? - mamãe apressou o passo e se sentou ao seu lado. Ela parecia ser a mais animada.

- São... Três - disse baixo, ainda sem expressão.

- O quê?! - Sam perguntou alto.

- TRIGÊMEOS?! - mamãe pareceu extremamente surpresa.

- Está tudo bem? Você parece... Triste. Cadê o Michael? - percebi sua falta de animação, diferentemente de mamãe e Sam.

- Eu não me sinto bem. Michael e eu... Terminamos - ela começou. Vimos uma lágrima escorrer pelo seu rosto no mesmo momento.

- O quê? Oh, Ally... O que aconteceu? - minha mãe segurou sua mão.

- Eu acho que surtei depois que a Hannigan falou sobre os três bebês... E eu fiquei imaginando como seria tudo isso daqui à quatro meses. Eu fiquei em pânico.

- Está tudo bem, Ally. Foi só um período difícil - mamãe fez um sinal para que eu e Sam ficássemos mais próximas dela, e foi o que fizemos.

Ficamos ao lado de tia Ally até que ela parasse de chorar. Eu havia entendido o quanto era difícil para ela chegar a essa decisão depois de tudo que havia acontecido nos últimos dias.
A morte de Megan, minha tentativa de suicídio e agora a inacreditável surpresa de ter três bebês. Eu senti o peso em minha consciência por fazer parte de seu pequeno sofrimento.


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Calor de OutonoOnde histórias criam vida. Descubra agora