2 - Daniel

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Antecipei a viagem em um dia, mesmo assim fiquei mais de três horas naquele maldito aeroporto esperando o voo atrasado. Antecipei, pois não queria chegar e ir direto para a casa dos meus pais, eu queria passar uma noite sozinho no meu apartamento. Torci para que o meu irmão já tivesse saído de lá. Eu não aguentava mais estar cercado de pessoas. Conseguir a promoção que eu consegui é o sonho de qualquer pessoa com a mente sã, ainda assim é uma vida infernal. Sempre digo ao meu irmão que eu não vou viver muito tempo no Rio, que em breve eu voltarei para São Paulo.

Assim que entrei no meu apartamento inspirei profundamente, era bom estar em casa. O meu irmão certamente pediu para a faxineira dar uma geral em tudo. As coisas estavam em seus devidos lugares e o ambiente cheirava a aromatizador. Deixei a mala perto da porta e me joguei no sofá. Ouvi sons vindo do quarto dos fundos, o quarto do Danilo. Me levantei e segui para lá para confirmar se era o meu irmão, porém quando cheguei no corredor me deparei com uma cena inusitada. Uma mulher magra e alta saía do quarto do meu irmão com uma mochila em suas costas. Seus cabelos eram curtos e pintados em um tom de loiro platinado, seus grandes olhos pretos se fixaram em mim.

– Oi. – Ela falou acenando com a mão. – Eu sou a Fabiana.

Eu não me lembrava de nenhuma Fabiana. Continuei minha avaliação. Ela era bonita, usava uma minissaia preta e uma blusa amarela com um ombro caído. A alça de um top preto ficava a mostra.

– Quem? – Perguntei me aproximando mais dela.

Ainda com os olhos arregalados, ela foi andando para trás.

– Fabiana, sou namorada do seu irmão.

Não era possível, aquela mulher era muita areia para o caminhãozinho do Danilo. Algo me atraiu nela. Não sei se foi o estilo rebelde misturado com a voz baixinha. Sem conseguir me conter me aproximei mais dela, que por sua vez continuou andando para trás.

– Fabiana. – Falei com os olhos colados nela.

– Sim? – Ela respondeu agora ofegante.

– O que você faz com o meu irmão?

Percebi que ela pensou antes de responder.

– Sou a namorada dele.

– Você não acha que é mulher demais para aquele garotinho?

Ela arqueou as duas sobrancelhas cheia de indignação.

– Ele não é um garotinho.

– Você merece um homem. – Me aproximei um pouco mais quase a tocando.

– Eu já tenho um homem.

– Mentira. – Me aproximei mais, o suficiente para meu peito quase tocar o dela, até eu ter condições de beijar seu ombro nu.

O beijei e Fabiana ficou parada, não se moveu, não disse nada, não me empurrou, porém não correspondeu.

– Eu amo o seu irmão. – Ela falou com a voz embargada e quando olhei para seu rosto, vi que seus olhos estavam cheios de lágrimas.

Me afastei me sentindo um pouco culpado. Eu sempre tive tudo o que eu quis durante toda a minha vida, era querer e pegar, por alguns instantes eu quis aquela mulher, não por nada especial, certamente ela tinha a mesma idade mental do meu irmão.

– Me desculpe. – Falei ao me afastar e olhar para o chão.

– Essa foi uma maneira tenebrosa de conhecer o irmão do meu namorado. – Ela falou sem qualquer humor na voz.

– Vocês estão juntos desde quando? Eu não a vi no último feriado.

– Pelo que o seu irmão falou, você não aparece há muito mais tempo que isso.

O IrmãoOnde histórias criam vida. Descubra agora