10 - Daniel

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Me senti um foragido da justiça voltando para o Rio dessa maneira. Mas eu não sei se conseguiria me explicar da melhor maneira ao dizer que precisava voltar para casa. Eu sei que alguém da minha família perceberia algo de errado.

Entrei no meu apartamento e o ambiente nunca me pareceu mais frio e estéril. Abri as janelas para deixar o ar entrar. Olhei para as paredes e nada ali parecia meu, os quadros faziam parte da decoração padrão do lugar que pertence a empresa que eu trabalho. Sentei-me no sofá e liguei a TV, zapeei pelos canais e acabei parando para assistir a um compacto de um jogo do São Paulo. Não consegui parar de pensar em Fabiana. E cansado de tanto pensar nela, resolvi ligar para a minha namorada, talvez um pouco de sexo me ajudasse a esquecer o feriado fracassado com a minha família.

– Como assim você já voltou? – Jaqueline perguntou chocada quando eu falei que já estava em casa.

– Voltei, ora, por quê? Eu não posso voltar para a minha casa quando eu quiser?

– Você brigou com a sua mãe? – Dessa vez ela perguntou com um sorriso e isso me irritou.

– Vem aqui para casa.

– Agora?

– Claro, agora. – Falei já um pouco alterado, e impressionada por eu falar dessa maneira nada a ver com o meu convencional, ela se prontificou a ir para o meu apartamento.

Assim que ela chegou, eu nem a cumprimentei direito, segurei sua mão e a levei para o quarto.

– Tira a roupa. – Mandei enquanto eu tirava as minhas.

Jaqueline sorriu e obedeceu.

– O que foi que deu em você? – Ela perguntou ainda com o sorriso no rosto.

– Nada.

Quando ela estava completamente nua eu olhei seu corpo, mas o meu corpo não reagiu como eu esperava. Embora sua pele bronzeada e suas curvas perfeitas ainda estivessem ali, eu queria ver uma pele pálida e menos curvas. Não queria aqueles cabelos castanhos longos, queria um cabelo curto. Mas como eu não podia ter o que eu desejava, tive que me satisfazer com o que eu tinha.

– Vem aqui. – Ordenei irritado, o que não era do meu feitio durante o sexo.

Jaqueline veio e se ajoelhou diante de mim, como mandei. Fechei os olhos e deixei que ela me tocasse e me chupasse. Não estava rolando como eu queria. Então comecei a criar cenários e imagens. Nos meus pensamentos era Fabiana quem estava diante de mim. Eram seus dedos delicados que envolviam meu pau, as unhas curtas e pintadas de preto. A língua que pincelava a minha glande era a língua delicada da Fabi. Os lábios rosados dela envolvendo minha ereção. O gemido baixinho dela. Então senti meu pau pulsar satisfeito. Ainda de olhos fechados eu podia ver em minha mente, ela com aqueles olhos pretos me encarando enquanto me engolia por inteiro. Sorri satisfeito com as imagens que meu cérebro foi capaz de criar. De repente meu tesão só aumentou. Movi os quadris com força, entrando e saindo na boca quente eu não consegui me conter, acabei agarrando o cabelo de Jaqueline não fui nem um pouco delicado. Não parei até conseguir gozar. Arfei satisfeito em meus pensamentos ainda em Fabiana. Abri os olhos e encontrei Jaqueline sentada no chão diante de mim me olhando como se eu fosse algo mítico.

– O que foi que aconteceu com você? – Ela perguntou com as faces rosadas.

– Nada.

Não me senti bem por ter feito o que fiz, mas naquela noite eu usei a minha namorada para sentir prazer. Bastava eu fechar os olhos e imaginar Fabiana em seu lugar. Não a beijei, pois se a beijasse eu sentiria a diferença do cheiro da pele dela e a minha imaginação não ia funcionar como eu queria. No fim, também não me senti tão mal, pois Jaqueline pareceu muito satisfeita com a maneira que eu a usei para obter prazer. Eu fui duro, rude. Apertei, mordi, lambi, chupei com ímpeto, coisa que eu não faço com Jaque. Durante a noite ela se enroscou em mim e eu me permiti por alguns instantes fingir que dormia com Fabi.

Pensar tanto em Fabiana não me fez muito bem, sonhei com ela quase todas as noites daquela semana e isso só fazia a minha vontade aumentar. E quase todas as noites chamei Jaqueline para me aliviar. Passei a não sentir culpa, afinal, ela é a minha namorada, e já que não nos amávamos, pelo menos sexualmente podíamos aproveitar da companhia um do outro. Mas na segunda semana, Jaqueline me pegou de surpresa quando em uma das maratonas sexuais segurou o meu rosto e me beijou com fervor, depois implorou para que eu a olhasse. Abri os olhos relutante.

– Eu te amo. – Ela disse e eu senti a necessidade expressa de me afastar.

– O quê? – Perguntei atônito.

– Eu sei que não tenho sido a mulher ideal para você, eu briguei com a sua mãe, mas nós temos nos entendido tão bem ultimamente e eu senti todos os sentimentos por você voltarem.

A confissão me deixou em choque. Nunca falamos sobre sentimentos. Começamos a sair há anos, o sexo era muito bom, falávamos sobre trabalho, fazíamos algumas coisas juntos, mas nunca falamos sobre futuro, e nem sequer houve algo realmente romântico entre nós.

Depois de ver o modo como o meu irmão e a Fabiana se relacionam, eu percebi que o meu namoro com a Jaqueline sempre foi muito superficial. Agora ela estava falando em sentimentos, só porque eu resolvi foder como louco para saciar minha vontade de outra mulher. Eu me enrolei legal.

No dia seguinte eu precisava fazer alguma coisa sobre a confusão que estava a minha cabeça. Então liguei para a minha mãe. Ela atendeu e de cara me deu uma bronca.

– Você não acha que nos deve um pedido de desculpas após fugir do almoço na casa da sua cunhada?

– Me desculpa mãe. – Falei me sentindo realmente envergonhado.

– Depois disso se passaram duas semanas, Daniel. Duas semanas e você nem sequer ligou para o seu irmão para falar com ele. Se você visse como ele ficou chateado, sentiria vergonha.

– Eu me sinto envergonhado, mãe. Tenha certeza disso. Eu vou ligar para ele para pedir desculpas.

– Acho bom mesmo. Mas me diga, como você está?

– Estou bem. Me sentindo um pouco estranho, mas bem.

– Estranho como, filho?

Eu não podia falar com ela sobre o buraco dentro de mim quanto ao meu relacionamento, sobre o meu desejo desenfreado por Fabiana.

– Nada, deixa pra lá. Eu não sei lidar muito bem com sentimentos. – Usei o argumento de sempre para despistar.

– Tem a ver com a tal Jaqueline?

– Também. Ela tem andado amorosa demais. – Falei e ri com a lembrança das últimas declarações da minha namorada.

– Acho que enfim ela percebeu o quanto você é valioso. – Ela disse sorrindo.

– É impressão minha ou a senhora está satisfeita com isso?

– Quem não gosta de ter um filho amado? Espero que ela esteja realmente dando o devido amor para você. Sei que jamais seremos amigas como sou da Fabiana, mas se ela te faz bem, eu jamais a trataria mal. Eu até gostaria de ter a oportunidade de pedir desculpas para ela por aquele dia. Eu também estava errada, não devia ter feito isso, você é meu filho, e se você a ama, quem sou eu para ir contra?

Não era isso o que eu queria ouvir da minha mãe. Parecia que tudo estava ficando perfeito com o meu relacionamento. Minha namorada agora me ama e minha mãe a aceita. Não era isso mesmo o que eu queria.

O IrmãoOnde histórias criam vida. Descubra agora