4 - Daniel

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Fui dormir pensando no que o meu irmão fazia com Fabiana no quarto ao lado. Esperei para ver se conseguia ouvir algum som, algum gemido, mas não ouvi nada, pelo visto eles resolveram não fazer nada por eu estar aqui.

Sonhei com ela, mas no meu sonho seus cabelos estavam mais compridos. Ela sorria para mim e eu sentia algo dentro do peito parecido com alegria. Foi um sonho muito real, daqueles que você acorda como se aquilo realmente tivesse acontecido, era como se eu tivesse tocado sua pele, beijado seus lábios e ouvido sua risada. Era uma merda desejar aquilo e não poder ter.

Senti o cheiro delicioso de café. Há muitos anos eu não acordava com esse cheiro, praticamente desde que saí da casa dos meus pais. No meu apartamento do Rio de Janeiro eu não cozinho e meu café da manhã é um expresso de máquina e alguma torrada ou uma tapioca. Só me alimento bem depois que saio da academia antes de ir para o escritório. Se eu depender da Jaqueline para comer eu morrerei de fome. Lavei o rosto, penteei os cabelos, escovei os dentes e saí do quarto. Ouvi o som vindo da cozinha, eu conhecia aquele som era Duran Duran. Ouvi Fabiana cantar baixinho, andei devagar para ver o que ela fazia sem que percebesse a minha presença. Ela estava de frente para a pia, de costas para mim. Fabiana dançava, olhei para sua bunda redonda balançado de um lado para o outro. A vontade de colar meu corpo no dela venceu. Me aproximei e encostei, a sensação do seu corpo era deliciosa, quando estiquei a mão para pegar sua cintura ela olhou para trás e se virou depressa. Com os olhos escuros arregalados percebi que são realmente pretos. Ela é bonita, diferente de qualquer mulher que eu já conheci. Fiquei um pouco hipnotizado por ela, minha vontade era puxá-la para mim e beijar sua boca rosada. Descobri que aquela era a rotina deles de fim de semana e a inveja veio forte.

Precisei de toda a minha força de vontade para me afastar dela antes que fizesse uma besteira. Me sentei do outro lado da bancada que fica no centro da cozinha. Precisava manter minhas mãos longe dela.

Logo em seguida meu irmão entrou na cozinha e protagonizou um beijo quase erótico, senti o rosto aquecer, pois eu queria ter dado aquele beijo nela. Os dois pretendiam morar juntos. Era pouco tempo, mas meu irmão mais novo estava disposto a se enroscar de vez com Fabiana. Acho que no lugar dele eu faria o mesmo, ela é mais velha e deve trepar como louca, para ele que é quase uma adolescente isso é demais.

Meu irmãozinho se transformou em um homem e eu nem percebi, ele agora tinha uma mulher e o pior é que eu a desejava.

Acho que não consegui disfarçar a minha frustração, pois o clima ficou um pouco pesado e Fabiana percebeu, tanto que mandou a gente calar a boca e comer.

Eu não queria demonstrar como sentia inveja da relação dos dois, era absurdo, eu, o irmão mais velho, o cara que tem uma carreira de dar inveja, uma namorada linda e bem-sucedida, aquele que pode ter o que quer, que lutou para ter uma vida mais refinada, não há lógica em ter inveja do namorico do meu irmão de vinte anos com uma mulher mais velha, toda cheia de modismos e sem qualquer preocupação com a vida, e o fato de os dois quererem morar juntos após pouco tempo juntos só deixava isso ainda mais evidente. E com esse pensamento a curiosidade tomou conta durante o café da manhã.

– E você, Fabiana, o que você faz?

– Eu sou gerente comercial em uma distribuidora de peças automotivas.

– Você fez faculdade?

Ela me olhou com o cenho franzido e respondeu:

–Sim, sou formada em administração de empresas, tenho especialização em logística e falo inglês e espanhol. São requisitos suficientes para ser sua cunhada? – Ela perguntou ironicamente me fazendo sorrir.

A mulher era uma fera, eu certamente não a impressiono e isso só me instigou ainda mais.

– Não me leve a mal, só estou curioso, o Danilo não havia me falado sobre você e como eu nunca conheci qualquer namorada dele antes...

O IrmãoOnde histórias criam vida. Descubra agora