Jaqueline estava radiante e quando chegamos no salão de festas, ela segurou minha mão com firmeza em busca de conforto. Eu ficaria ao lado dela e a protegeria, afinal parte de tudo isso foi responsabilidade minha.
Fabiana estava tão linda, parecia uma princesa saída de um desses filmes de fantasia. O vestido contrastava com a palidez de sua pele e a tiara delicada lhe dava um ar de inocência. Alguma coisa remexeu dentro de mim e eu fiquei muito incomodado. Não tive coragem de tocá-la, nem sequer um aperto de mão. Eu queria evitar qualquer contato e estava muito satisfeito em manter meus olhos longe daquele rosto bonito. Minha mãe parecia muito à vontade com a Jaqueline e eu sorri ao ver as duas rindo juntas. E enfim relaxei em meu lugar. Até a praga se aproximar de mim querendo se desculpar. Eu sei que não tenho motivos para sentir raiva dela. Nós mal discutimos por telefone, mas eu não queria conversar, ouvir aquela voz e muito menos correr o risco de ganhar algum riso dela. Eu já tinha exorcizado aquele desejo maldito. Mas ela não estava satisfeita com isso. Fabiana tinha que fazer um bico triste quando eu fui distante. Eu não devia me sentir culpado, mas me senti. Fiquei pior ainda quando ela me evitou o restante da noite.
– Nós vamos ficar na casa da Fabi, essa noite. – Danilo disse.
– Por quê? – Jaqueline perguntou e eu quase revirei os olhos, pois seria um alívio não ter Fabiana por perto.
– Vamos deixar o apartamento para vocês, é claro. Bom, as roupas de cama são novas. Foram trocadas essa semana. E você sabe onde ficam as toalhas. Se eu soubesse que vocês viriam nós teríamos saído ontem. – Meu irmão falou e coçou a cabeça.
– Não se preocupe.
– O seu carro está na garagem, nós viemos de Uber, sabe como é, se a gente bebesse demais não dava para voltar dirigindo.
Sorri para o meu irmãozinho e o puxei para um abraço.
Fabiana se aproximou de nós e falou para Danilo:
– Vamos com o meu pai? Ele não bebeu nada hoje.
– Está bem. Vamos.
– Boa noite. – Fabiana falou com um sorriso tímido e eles foram.
Fomos para o meu apartamento e eu me senti tomado pela presença de Fabiana. Entrar na casa e ver cada coisa em um cantinho que ela colocou. Eu devia ter ido para um hotel.
Nos deitamos no sofá para assistirmos algo na TV, mas eu não conseguia pensar em outra coisa senão em Fabiana fazendo amor com o meu irmão naquele sofá. Com certeza eles já fizeram algo lá. Foram meses, não tem como. Mas aquele era o meu sofá, então puxei minha namorada para baixo de mim e a beijei.
– Quero fazer amor aqui no sofá. – Falei para que ficasse claro que eu não sairia de lá até conseguir deixar a minha marca no MEU sofá.
Jaqueline sorriu satisfeita, pois fizemos amor em todos os cômodos da casa. Era o meu lugar e eu tinha que deixar as marcas da minha namorada por lá.
Só que tudo isso não serviu de muita coisa quando eu adormeci e sonhei com aquela diaba de olhos pretos.
E novamente eram aqueles sonhos marcantes, não eróticos. Sonhos de toques sutis e caricias cheias de amor. Sonhos em que ela me olhava com adoração e tocava meu rosto com delicadeza. Sonhos em que ela me amava.
Acordei me sentindo péssimo, principalmente quando Jaque parecia extremamente feliz.
Meu telefone tocou e eu atendi, era a minha mãe.
– Não me diga que não. Vocês vão vir almoçar aqui em casa hoje. Seu pai me disse que vocês só vão voltar às seis da tarde, então têm tempo de dar uma passadinha aqui.
Eu não podia dizer não, ainda mais quando ela falou tão animada que queria fazer as pazes com a minha namorada.
Chegamos na casa dos meus pais e fomos recepcionados com muito amor. Foi até um pouco estranho, porque eu jamais imaginei que as coisas pudessem ficar tão boas e calmas como estavam.
Pouco tempo depois Danilo chegou com Fabiana. Eles pareceram felizes com a minha presença. Fabiana estava simples usando um jeans justo e uma camiseta regata de uma banda de rock. Os cabelos estavam lisos, sem pomada e o rosto sem maquiagem. Tão simples e ainda assim atraía a minha atenção. Enquanto Jaqueline estava de salto alto e a maquiagem impecável. Minha mãe levou as duas para a cozinha e eu fiquei na sala com o meu pai e o meu irmão, cheio de pensamentos.
– Pelo visto, as meninas se entenderam de vez. – Meu pai disse com tranquilidade.
– Ainda bem. – Danilo falou um pouco sonolento.
– Você está bem? – perguntei para o meu irmão.
– Eu passei mal a noite inteira. Meu estomago está ruim.
– É a sua gastrite?
– É. Vou marcar uma consulta essa semana. Já faz uns dois anos desde a última vez.
Fiquei um pouco chateado por ver meu irmão tão murcho. Fabiana parecia preocupada, então percebi o motivo da sua falta de produção, ela estava cuidando do meu irmão.
Observei os dois e ela escolheu os alimentos certos para ele. Não permitiu que ele bebesse nada enquanto comia e não deixou que ele comesse doce. Depois de tudo isso ela fez um suco de sei lá o que para ele.
– Bom, é hora de ir. – falei me levantando do sofá.
– Foi tão bom estar com vocês. – Jaqueline disse com um sorriso sincero. – Foi um prazer te conhecer, Fabiana. – Ela disse e deu um abraço na minha cunhada.
Nos despedimos de todos e mais uma vez eu evitei contato físico com ela.
Chegamos no Rio e eu agradeci a Deus por estar em casa. Na minha casa, onde nada me lembrava Fabiana. Mas minha tranquilidade não durou muito, pois Jaqueline começou a tagarelar e eu descobri que ela também fazia parte do fã-clube da Fabiana.
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O Irmão
Lãng mạnDaniel sempre conquistou tudo o que desejou, uma carreira de sucesso, dinheiro e prestígio. Sua escalada ascendente o afastou de suas origens. Fabiana estava cansada de segurar vela quando saía com seus amigos, até que ela encontrou o amor com um j...