1- Fabiana

89 6 0
                                    

Sair para dançar sempre foi meu programa preferido, principalmente quando conseguíamos reunir toda a nossa trupe.

Eu tenho um irmão gêmeo, o nome dele é Fabiano. Bom, sei que parece muita falta de criatividade por parte da minha mãe, quando ela engravidou já havia decidido "se for menino será Fabiano e se for menina será Fabiana". Eis que nasceram os dois.

Minha mãe chamou a atenção de todos ao dar à luz a gêmeos de parto natural como se nada estivesse acontecendo.

Meu irmão e eu somos muito parecidos, quando bebês éramos idênticos, a sorte é que a nossa mãe sempre me vestia como menina e ele como menino, caso contrário iam sempre perguntar "são gêmeos idênticos?".

Quase todos os fins de semana nós saímos para dançar. O meu irmão tem uma namorada, Teresa, além de minha cunhada é a minha melhor amiga, nos conhecemos desde sempre, éramos vizinhos de porta e todos os dias após a aula ficávamos juntas, ou ajudávamos uma a outra a fazer algum trabalho ou a lição de casa, ou assistíamos TV, ou jogávamos vídeo game.

Lembro que certa vez quando tínhamos quinze anos eu vi o meu irmão e a Teresa se pegando no sofá da sala. Fiquei chateada por ela estar namorando o meu irmão, eu tinha ciúmes dos dois. Do meu irmão por ele ser só meu, por ser a minha metade e da minha melhor amiga porque ela ia passar mais tempo com o meu irmão do que comigo.

Ser gêmeo é a melhor e a pior coisa que pode acontecer na vida de alguém. A melhor é porque você nunca estará sozinho, sempre haverá alguém para te fazer companhia e servir de terapeuta, e a pior coisa é nunca estar sozinho, pois sempre vai ter alguém ao seu lado, inclusive quando você quer dar uns amassos em alguém.

Teresa também tem um irmão, mas ele é três anos mais velho, o Artur, que sempre foi o responsável por nós quando saíamos para as matinês. Quando tínhamos quinze e ele dezoito a gente sempre brigava, o cara tinha se tornado um mala do dia para a noite, mas agora que nós estamos com vinte e cinco e ele com vinte e oito está tudo bem entre nós.

Artur tem uma namorada, a Penélope, é a única pessoa chamada Penélope que eu conheço pessoalmente. A Pene é uma mulher fantástica. Ela é dois anos mais velha que o Artur, aos vinte e seis ela se separou do namorido e a conhecemos em sua despedida de casada, na mesma hora eles se apaixonaram. Eu não acreditava em amor à primeira vista até ver aquele casal, nunca tinha visto tanta sintonia e tanto respeito.

Bom, essa é a nossa trupe. Sempre vou de segura vela, eu não me importo com isso, de verdade. Eu gosto de sair para dançar, só isso. Na maioria das vezes, passo a noite toda na pista enquanto os casais conversam e se beijam.

Quando saímos, vamos exatamente ao mesmo lugar. É uma balada chamada O Labirinto, ele é todo decorado ao estilo anos oitenta e noventa. Só tocam clássicos alternativos estilo Depeche mode, The Smiths, Joy Division, New Order e eteceteras. Tocam também várias nacionais do RPM, Titãs e Legião.

Eu tinha o péssimo hábito de ir com um salto enorme, mas uma hora de dança já era o suficiente para eu tirar o salto, entregar para uma das meninas e dançar o restante da noite descalça. O pé saía imundo, mas valia a pena. A pista de dança era toda quadriculada em preto e branco e a cabine do DJ era vermelha, os letreiros eram em um tom neon azul e até o banheiro era escuro. Tinham vários pufes na frente dos banheiros para o pessoal descansar depois de beber, dançar demais ou passar mal.

Nessa noite em específico eu não fui de salto alto, preferi colocar um tênis branco de cano curto contrastando com o meu vestido preto de gola alta e mangas curtas. Meu cabelo foi recém cortado e pintado, aderi ao pixie cult loiro platinado, antes ele era todo desfiado com um mullet e uma franja enorme na cor natural que é castanho. Eu adorei o resultado, contrastou com os meus olhos pretos.

O IrmãoOnde histórias criam vida. Descubra agora