3 - Fabiana

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– E aí, o que você achou do meu irmão? – Danilo perguntou assim que nos deitamos para dormir.

– Ele é bem diferente de você. – Respondi sem querer entrar em detalhes.

– Isso é nítido, ele é todo cheio de coisas e só pensa no trabalho, mas você vai ver, com o tempo vai acabar gostando dele, afinal ele é meu irmão, não tem como ser uma cara ruim.

Sorri com doçura para o meu namorado, mas não disse nada. Não disse que fiquei desconfortável com a maneira que ele me olhou durante o jantar, como se quisesse me comer viva. Eu não queria pensar naquilo enquanto eu comia ao lado do meu namorado, mas era difícil esquecer o beijo que ele deu no meu ombro, na forma como falou comigo, como disse que eu sou areia demais para o caminhão do Danilo. Que coisa idiota de se dizer, a única coisa que consegui dizer é que o amo, pois é a mais pura verdade, eu amo o Danilo com tanta intensidade que me assusta, é como se ele fosse parte de mim. Se algum dia eu esperei pelo homem ideal eu o encontrei, era ele, deitado ao meu lado com os cabelos cacheados e bagunçados.

– Eu te amo. – Falei enquanto admirava seu rosto bonito.

– Eu também te amo, Fabi. É engraçado que ter você aqui enquanto o meu irmão também está, me faz perceber que sempre faltou algo na minha vida. Acho que chegou a hora de eu encontrar um lugar para morar, quero um cantinho para nós dois.

Meu coração acelerou de alegria.

– Você quer que moremos juntos? – Perguntei com um sorriso enorme.

– Quero. Quero que a gente possa arrumar tudo do nosso jeito, quero dormir ao seu lado todas as noites. Pode parecer depressa demais, mas eu não me sinto assim.

– Eu me sinto da mesma forma, não creio que a gente seja algo passageiro ou temporário.

– A gente tem tanto para saber um sobre o outro e juntos nós vamos nos conhecer melhor.

– Concordo com você.

– Claro que vamos organizar tudo com calma, não precisamos ter tanta pressa, quero fazer tudo correto com você, amor.

Se estivéssemos sozinhos em casa eu o encheria de beijos e faria amor com ele, mas não me senti confortável sabendo que o irmão dele estava no quarto ao lado.

Na manhã seguinte acordei antes dos meninos, fui até a cozinha preparar o café da manhã. Mesmo tendo um primeiro encontro esquisito, eu queria me dar bem com o meu cunhado, quero apagar qualquer má impressão que nós tenhamos tido um pelo outro.

Conectei meu celular na caixinha de som e coloquei Information Society para tocar, deixei o volume em uma altura considerável para não acordar os rapazes. Tocou Running e eu não resisti, como sempre, ao tocar essa música eu danço como louca. A vontade de cantar alto era grande, mas me segurei.

Sempre gostei de café feito em coador, não gosto de café expresso, meu paladar grita com o sabor forte. No apartamento tem uma dessas máquinas bem equipadas, eu nunca a usei, o Danilo sempre tomou o meu café e eu não sabia qual a preferência do irmão dele. Sendo neta de uma mineira raiz, sei preparar um bom pão de queijo, então resolvi fazer pão de queijo e um bolo de laranja, acho que é o suficiente para um tratado de boa vizinhança com meu cunhado.

Desde a proposta do Danilo de morarmos juntos eu não consegui tirar o sorriso do rosto. Meus pais certamente ficarão um pouco inseguros, mas eu tenho certeza de que vão nos apoiar. Meu irmão e Teresa também pretendem se mudar em breve, não sei como não fizeram isso até hoje, estão juntos há tanto tempo que não vejo motivos para postergar.

Enviei uma mensagem para a minha melhor amiga:

EU: Danilo quer arrumar um cantinho para nós dois.

O IrmãoOnde histórias criam vida. Descubra agora