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Millie estava correndo pela estação, com medo de perder o metrô, a mochila amarela gasta balançava em suas costas e seu all star branco um pouco sujo fazia barulho no chão.

Finn já estava dentro no vagão, um pouco suado por conta do treino de hoje. Por estarem em dezembro, um mês frio em São Francisco, o metrô, mesmo quase lotado, estava gelado.

Antes das portas fecharem, Millie consegue saltar para dentro.

Tinham apenas dois lugares sobrando, um do lado de um homem barbudo com roupas estranhas que aparentava ter uns 50 anos ou um do lado de um colega de classe que Millie nunca conversou antes.

Brown opta pela opção menos perigosa e esquisita, sentar do lado do garoto de sardas e cabelo cacheado.

— Hey! — fala Millie se aproximando.

— Hey. — responde Wolfhard sem muita animação. Não é que o garoto não gostasse dela, ele só não sabia como agir com pessoas que ele não conhecia direito. Finn é tímido e introvertido.

Millie é exatamente o oposto, gostava de conversar, fazer amigos e falar alto. Millie é comunicativa e extrovertida.

O metrô começou a se mover, jogando o jogador de futebol americano para cima da líder do clube de teatro.

Os dois riram com o ocorrido, as bochechas de Finn ficaram vermelhas e ele logo se levantou do colo da garota.

— D-desculpa. — gaguejou Wolfhard, com vergonha.

— Tudo bem. — Millie falou, rindo.

Os dois permaneceram em um silêncio constrangedor por um tempo.

Entediada, Millie pega o celular na mochila e os fones de ouvido, pronta para ouvir sua banda favorita que ninguém conhecia, Jungle.

A garota bufa quando percebe que o celular está sem bateria.

O vagão do metrô estava passando por um túnel, deixando tudo do lado de fora escuro.

De repente, a luz apaga e o metrô para. Sem pensar muito, Millie segura o braço de Finn com força e solta um gritinho abafado.

— Calma, deve ter sido só uma queda de energia. — Finn tenta reconfortar a garota visivelmente assustada.

— Você nunca viu filmes de terror, Wolfhard? Ou leu livros? É sempre assim que começa. — diz Millie séria. — É sÓ uMa qUeDA dE EneRgIa — a garota fala imitando a voz de Finn. — Depois disso é bEM BUM BAM! Morte, sangue, assassinato, espíritos e corpos no chão.

O garoto se assusta um pouco com a fala de Millie, arregalando os olhos. Uma coisa que ela não conseguia ver, já que estava tudo escuro.

Pessoas que estavam no metrô começaram a reclamar da pausa repentina. Mesmo com tanto barulho Finn ainda conseguia ouvir a respiração da garota do seu lado. Acelerada.

Uma voz metálica soa em todo vagão do metrô.

— Peço perdão ao incômodo e a demora senhores e senhoras passageiros. Um imprevisto ocorreu e vamos ficar sem luz por um tempo e sem conseguir se mover também. A equipe técnica está a caminho. Temos tudo sobre controle.

Millie se contorce no banco. Tudo sobre controle a voz ecoava em sua mente. Estalava os dedos como distração.

Finn poderia ser introvertido e tímido mas ele não conseguia ficar calado enquanto a garota do seu lado estava tão nervosa. Então ele tenta puxar assunto com ela.

— Mas as pessoas do filme de terror são burras. E nós não somos burros. — diz Finn em uma voz baixa tentando a acalmar.

— Garoto? Você nem me conhece. Você não sabe se eu sou burra ou não.

locked on the subway | fillieOnde histórias criam vida. Descubra agora