▶Doze◀

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Eu te quero tanto, mas está feito
Estou sangrando, porque não podemos continuar
Eu te quero muito, até eu estremecer
Eu quero o que nós tivemos, mas o que está quebrado não se desquebra

James Bay - Bad

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— Bem aqui. Encoste aqui. — Eu instruo o agente que me escolta pela cidade hoje. O carro reduz a velocidade até parar e o cascalho debaixo das rodas é triturado sob seu peso. — Posso passar alguns minutos sozinho, ou você precisa estar ao meu lado? — Eu pergunto, curioso como tudo isso funciona.

O agente olha por cima do ombro e examina o cemitério vazio. O lugar está vazio, exceto por um pequeno grupo de homens trabalhando no paisagismo do outro lado.

— Posso esperar aqui. Leve o tempo que precisar. — Ele puxa o celular e começa a tocar na tela.

Meu coração dispara quando eu saio do carro e atravesso a fofa grama verde. Lembro-me do dia em que enterramos minha mãe... era final do verão, assustadoramente semelhante a hoje. O sol era brilhante e fez o cemitério bonito. Choques de cor brilharam dos arranjos florais e das árvores, e mesmo as árvores sendo mais altas e mais cheias agora, o cemitério parece exatamente o mesmo.

Eu vejo seu túmulo antes mesmo de procurá-lo. Um pouco além do imponente carvalho. Mas eu fico congelado no lugar quando eu vejo seu nome na lápide de granito. Parece menor do que eu me lembro, embora ainda bonito. Pisando cuidadosamente na grama, me ajoelho ao lado de seu campo.

— Mamãe. — Eu sussurro, enquanto corro meus dedos pelas suaves folhas de grama. — Eu sinto muito.

Eu me lembro de seu rosto sorridente na foto que eu tinha de todos nós, a mesma que Sebastian tem. Seu cabelo comprido e escuro, seus olhos azuis claros... seu sorriso carinhoso.

E eu me lembro das palavras do Padre Jeremiah para mim.

— Visite a sua mãe. Fale com ela. — E eu faço. Eu deixo tudo sair. Eu murmuro enquanto choro. O quanto eu sinto falta dela, o quanto a amo. As coisas terríveis que fiz, e as compensações que eu estou tentando fazer.

Eu falo sobre Sebastian, e como eu estou tentando fazer o certo por ele. Eu falo sobre Clarissa, nosso bebê, e sobre tentar fazer o certo por eles também.

Tudo sai. Emoções que eu acreditava ser incapaz de sentir, enterradas sob a superfície, borbulham e transbordam. Eu sinto tanto conforto em sua presença espiritual. Eu quase sinto sua mão em minhas costas, seus dedos passeando por meus cabelos, e seus braços envolvidos firmemente em torno de mim. Juro que posso sentir uma leve sugestão de seu perfume e ouvir sua doce voz sussurrando para mim que tudo vai ficar bem.

Confesso meus pecados e rezo. Peço desculpas e faço promessas, e juro ser um homem melhor. Depois de horas disto, eu me sinto emocionalmente e fisicamente gasto, mas muito mais em paz do que quando eu vim.

Ainda não pronto para ir, porém, eu me sento com as costas contra a casca dura do carvalho, respirando fundo e atraindo o ar quente da tarde para meus pulmões. Eu sinto o cheiro de grama fresca cortada e o cheiro leve dos arbustos verdes alinhados ao perímetro na distância.

Estou em um estranho estado de paz quando vejo uma figura se aproximando. De repente, tudo para repentinamente quando a observo. Suas pernas longas e finas dançam pela grama. Seu cabelo salta em torno de seus ombros. Um braço está envolvendo protetoramente sua barriga ainda plana enquanto o outro se move com cada passo.

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