Seu olhar no meu

06. Mais uma vez.

Fiquei olhando sem entender absolutamente nada.
Fui em direção ao banheiro para tomar banho e ir dormir. Ao encostar a cabeça no travesseiro, fiquei me auto sabotando, pois fui muito idiota em me passar para isso. Me deitar com um homem totalmente grosso, estúpido e sem caráter nenhum. Imaginei que por ele trair minha irmã com o próprio irmão dela dentro de casa, imagina fora?

"Quer saber? Que ele se foda. Não vai acontecer novamente." -- Pensei.

Passei toda semana tentando ignorar o idiota do meu cunhado. Eu sempre o pagava me olhando, geralmente nem conseguia disfarçar na frente da mamãe. Mas ela é boba, nem percebe essas coisas, porém a Janete é um tanto quanto esperta e veio me perguntar algo sobre isso.

-- Caio, você se dá bem com teu cunhado? -- Ela sentou em frente a mim na mesa pela manhã.

-- É indiferente, Jane, porquê? -- Perguntei colocando uma bolacha na boca.

-- Nada! É porque eu percebo ele te olhando muito estranho. Com cara de psicopata, de raiva, sei lá.

-- Kakakaka, eu também percebir isso, mas pensei que fosse só eu. Mas relaxa, Jane. Tenho medo não. -- Brinquei.

-- Caio... Caio... Cuidado, viu? -- Ela acrescentou.

-- Tá certo, meu amor... -- Beijei a testa da Jane e fui embora.

Meu Deus, a Janete já estava percebendo algo de errado naquele idiota, mas acho que não vai dá em nada. Nem quero contato com o mesmo.

O fim de semana se aproximava e a animação do grupo "CLUB DAS WINX" no WhatsApp já tomava conta. Luana, Mary, Enzo, Lucas e até o Luiz (que eu não sabia que estava no grupo) estavam super animados para o último final de semana do mês. Isso tudo porque em toda última sexta do mês, a boate faz um evento open bar e quase todas edições iríamos e dessa não seria diferente. Organizamos a hora, local e os looks que iríamos, claro. Luana por sua vez, tambem me achou estranho e veio me perguntar:

-- O que está acontecendo contigo, amigo? Você é sempre tão animado pro open. Tá dodói? -- Ela brincou.

-- Não amiga, não estou doente. Só que sei lá, tem umas coisas estranhas acontecendo comigo. -- Minha vontade foi de falar tudo o que aconteceu.

-- Quer desabafar? Você pode ir lá pra casa quando a gente largar. Você almoça lá, a gente fuma um e você conversa.

Fiquei tentado com a proposta, mas nesse exato momento eu só queria ficar sozinho e pensar.

Fui para casa e me tranquei no quarto. Confesso que esperei todos os dias da semana que ele viesse falar comigo, ou então naquele momento entrar no meu quarto igual ele fazia, mas não. Não aconteceu nada disso.

Finalmente chega a sagrada sexta e com isso toda expectativa do open. O pessoal postavam mil fotos no grupo das roupas que supostamente iriam. Eu tinha o mesmo costume, mas não estava no clima. Pessoas cobravam no Instagram stories meu, mas eu também não queria postar nada no momento.
Realmente, algo de errado estava acontecendo comigo.

Esperei que todos dormissem, botei uma roupa básica, estilo hétero normativo e abri a porta. Olhei para o corredor e não tinha ninguém. Pus meus ouvidos na porta do quarto da mamãe e o silêncio tomava conta daquele cômodo. Para que eu pudesse me certificar, fiz o mesmo no quarto da Yasmin e estava a mesma coisa. Após isso fiquei do alto das escadas e olhei para a sala.

"Que bom! Ele não está lá." -- Pensei olhando para o sofá onde geralmente o idiota costumava ficar até tarde assistindo programas de esportes.

Então voltei para meu quarto, peguei o celular, meu documento e uma certa contia em dinheiro. No momento em que abri a porta, tive um susto. O idiota estava lá, e possivelmente iria abrir a porta no mesmo momento.