12. Conselho aleatório.

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Não sei exatamente quais sentimentos eu estava tendo naquele momento. Juro que tudo que eu mais queria era ter terminado essa noite assim como começou. Com paz, harmonia, compreensão e sorrisos sinceros.

Como o cara que eu amava fosse capaz de tentar destruir esse sentimento em tão poucas horas? Eu juro que queria relevar tudo isso, queria muito ser um bom ator e simplesmente voltar para sala, fingir que nada aconteceu, mas eu não consigo.

Mais uma vez escuto ele bater na porta:

-- Vai, Caio. Daqui a pouco elas percebem nossa ausência. -- Ele insiste para eu abrir a porta do banheiro.

Eu respiro fundo, enxugo meu rosto, minhas lágrimas e abro a porta.

-- Por que você fez isso comigo, Túlio? Por que tentar destruir minha vida dessa maneira? Por que, cara? Eu só te dei o meu melhor, disse que te amava...

-- Caio, me perdoa. Eu estava com raiva de você, por favor me entende. Pensa pelo lado bom, olha que coisa boa está agora. Sua família unida, te apoiando. -- Ele fica na minha frente.

-- Sim, estão sim! Você quer que eu te perdoe por que foi um mau que serviu pro bem? Que bom que não saiu como você esperava, acho que essa é tua frustração... E quer saber? Tá sendo otimo tudo isso sim, pois pelo menos teu plano de me destruir falhou, estou vendo essa tua cara fudida e me libertando de você de uma vez de você e viver escondido. -- Ergo a cabeça, procuro me sentir firme e continuo... -- Agora espero que você seja bem feliz com essa sua vidinha de fachada com minha irmã e não se preocupe, pois por mais que você não sirva pra nada, eu não sou capaz de destruir uma família, principalmente a da minha irmã. E é isso, nunca mais fale comigo, nem olhe na minha cara... Agora saia da minha frente. -- Dei dois passos para o lado para seguir o caminho da sala.

-- Caio, me perdoa. Me deixa explicar tudo, eu sei que você vai me entender. Não faz isso comigo, por favor. -- Ele tenta me abraçar, deixando cair algumas lágrimas.

Eu me esquivo do abraço dele, dou duas batidinhas no ombro do mesmo e digo:

-- Não precisa explicar nada. Eu que te devo agradecimentos por essa libertação. -- Dou um sorrisinho falso e continuo andando para sala.

O Túlio fica parado no meio da cozinha e ao me ver indo embora, ele altera o tom de voz e diz:

-- CAIOOO, EU TE AMO.

Eu paro, penso no que fazer por alguns segundos, mas em minha mente eu digo "foda-se". Então me viro, olho para o filho da puta e lhe apresento meu dedão do meio.

Volto para sala e continuo conversando coisas aleatórias com a mamãe e a Yasmin. Ele chega alguns minutos e nada é visivelmente percebido pelas duas.

Fico algumas minutos conversando, mas chega a hora da Yasmin ir embora com a Day e o babaca. Eles pedem um Uber e vão embora para sua casa. (Hoje eu agradeço por eles já terem ido para outra casa). A mamãe vai até o quarto comigo e me dá um beijo de boa noite. Confesso que vou estranhar esse lado da mamãe, mas vamos tentar né? Após ela sair do meu quarto, tranco a porta e corro para ligar para Lu. Contei exatamente tudo o que estranhamente havia acontecido aqui em casa. Ela diz que orou muito para que tudo saísse tudo bem. Eu a agradeço e a noite é finalizada comigo contando tudo o que aconteceu comigo e com o Túlio.

Após toda turbulência, minha vida se torna cansativa. O ano já está acabando e eu prestes a concluir o ensino médio. Minha mãe continua se esforçando para tentar uma aproximação. Eu e a Lu continuamos saindo, mas quem disse que eu consigo ser o mesmo de antes? Até às redes sociais eu deixei de usar um pouco. De uns tempos para cá, o Túlio ainda tentava falar comigo quando vinha visitar a mamãe, mas óbvio que eu sempre o ignorei. De início, eu recebia ligações dele durante a madrugada, mas bloqueei o contato pessoal e o da empresa dele. Confesso que sinto saudades de fazer as coisas no proibidão. Não falo só de ficar com ele, mas de sair escondido, ficar com garotos escondidos, toda aquela adrenalina, sabe? Eu estou tão irreconhecível que mesmo na balada, eu não fico com ninguém. (Amém por isso).

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