09. Até logo.

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O dia começou triste. Eu estava vendo o Túlio colocando todas as malas em seu carro, enquanto a Yasmin se despedia da mamãe, da Janete e de mim.

-- Tchau, mamãe. Eu prometo vim visitar a senhora... Dar tchau a vovó, Day. — Yasmin pedia para minha sobrinha cumprimentar a mamãe. Mas ela nem fala, só sabe chorar e mamar.

Fiquei esperando chegar minha vez da despedida. Parecia que eles estavam indo para fora do país. Gente, eles iriam morar num bairro vizinho e quem diria que eu ficaria tão triste com isso, logo eu que impliquei tanto com a ideia deles vim morar aqui.

Eu abracei minha irmã, beijei a Dayana no rosto e fiquei aguardando que o Túlio viesse até mim para falar algo. Como ele não veio, eu fui até seu carro onde ele guardava as últimas malas.

-- Não vai falar comigo, idiota? -- Perguntei.

-- Só em responder já estou falando. Mas prefiro não ter tanto papo, pois vou querer te beijar aqui mesmo. -- Ele sorriu.

-- Não vou mentir que acharia ótimo, mas não podemos. -- Dei dois passos para trás, caso ele fosse fazer isso mesmo.

Túlio se aproximou de mim, e levantou o braço. Ele queria me cumprimentar apenas com um toque de mão. Coisa de hetero uó. Óbvio que eu não neguei, dei dois toques de mão nele e dei as costas. Em alguns metros de distância, ouvi ele gritar:

-- Vamos Yasmin, as malas já estão todas no carro.

O casal iria morar em outro bairro. Não era tão longe, mas parecia ser. O ruim disso tudo era só porque eu não teria o previlegio de tê-lo quase sempre em minha cama.

Fui para meu quarto chorando, eu estava muito triste. Peguei minha mochila e desci as escadas para ir com a mamãe para escola.

-- Você deve está feliz agora não é? Sua irmã foi embora. -- Mamãe falava olhando para mim enquanto dirigia.

-- Não! Por incrível que pareça, eu já estava me acostumando com a presença deles lá em casa. -- Permanecia triste com a cabeça encostada no banco do carro.

-- Olha só, que surpresa boa! -- Ela sorriu. -- Mas não se precupa, eles vão está próximos e semana que vem vamos nos reunir para comemorar o aniversário da Yasmin. Você quer ir? Vai ser em um restaurante, aqueles que vocês amavam ir quando criança.

-- Claro que eu topo! Estou dentro. -- Fiquei feliz.

Cheguei na escola com a mesma cara de triste. Luana por sua vez, percebeu e veio me perguntar.

-- O que houve hein amigo? Eu não te reconheço mais. Você está sempre com essa cara de lerdo, surtado, chorão, sei lá.

-- Oh, Lu. Eu estou apaixonado por uma pessoa. -- Eu escrevia o texto que estava no quadro.

-- Mentiraaaaaa. Para tudo, amigo!!! Que história é essa? Me conte tudo e não esconda nada. -- Ela exagerou na reação.

-- Sabe aquela história em que contei que meu cunhado ficava me olhando o tempo todo? Pois bem! Ele uma vez me filmou saindo com vocês e me fez chantagem. Disse que se eu não ficasse com ele, ele mostraria para minha mãe...

-- Estou passada! Deixa eu entender... Você está ficando com seu... -- Ela estava boquiaberta e não conseguiu continuar.

-- No começo era algo abusivo, ele só transava comigo quando queria, queria mandar em mim e tal. Mas eu fui me apegando, gostando do perigo e acabei me apaixonando. E agora ele saiu de casa, foi morar em outro bairro e eu sei que vou morrer de saudades dele, do que ele me proporcionava.

-- Amigo, você é louco. E sua irmã, como fica nessa história?

-- É óbvio que ela não sabe né, Luana. Mas tem mais... Ele pediu para que eu mentisse para mamãe alguns dias da semana. Porque o trabalho dele é aqui perto e largo no horário de almoço dele. Então o mesmo quer vir me pegar alguns dias para a gente matar a saudade. Mas para isso, eu vou precisar da tua ajuda.

Seu olhar no meuOnde histórias criam vida. Descubra agora