Naquele dia, naquele momento, por algum segundo, parecia que eu nunca tinha bebido, pois ao ver minha mãe me olhando daquela maneira, toda minha cachaça havia ido embora. Meu coração foi ao chão e eu simplesmente não sabia o que falar. Fiquei lá, parado por alguns segundos.
-- O QUE É ISSO, CAIO? ME EXPLICA AGORA. — Minha mãe desce as escadas aparentemente furiosa.
Eu ainda não conseguia esboçar nenhuma reação. Ela se aproxima de mim e começa a gritar:
-- MEU DEUS, CAIO. OLHA ESSA ROUPA, SEU ROSTO TODO MAQUIADO, TEU ESTADO, ESSE CHEIRO FORTE DE ÁLCOOL, MEU DEUS. -- Ela tocava em meu rosto, segurava meus ombros e balançava.
Com os olhos cheios de lágrimas, eu finalmente consigo dizer alguma coisa:
-- Calma, mãe. Por favor, me entenda, isso aqui não é... — interrompi com meu choro.
Tentei explicar o que não tinha explicação, mas eu também estava chorando. Ela me puxou pelo braço, me arrastando, fazendo com que eu subisse as escadas.
-- Mãe, calma, por favor me solta. -- Eu insistia para que ela se acalmasse para que eu não fizesse nenhuma besteira.
-- Sobe, Caio. AGORAAA! Você vai tomar um banho. Olha seu estado, que coisa feia, EU NÃO CRIEI FILHO PRA ESTÁ NESSE ESTADO A ESSA HORA DA MADRUGADA PELA RUA. -- Ela me segura com um braço e o outro usa para enxugar as lágrimas.
-- Mãe... Mãe... Isso... -- Tentei novamente.
-- CALA A BOCAAAA E ENTRA.
Ela abre o chuveiro e me joga em baixo. A mesma entra comigo, mas não é para tomar banho, é apenas para tirar toda minha roupa. Eu paço diversas vezes para ela parar ou até para sair do banheiro e me deixar tomar banho sozinho. Mas ela insiste e fica comigo o tempo todo. Ela me ensaboa e ao finalizar o banho forçado, começa a dizer:
-- Meu Deus, estava com saudades disso, me fez lembrar de você pequeno. -- Do nada ela solta essa fábula e derrama lágrimas outra vez.
-- Eu ainda sou o mesmo, mãe. Nada mudou. -- Eu digo, enxugando meu cabelo.
O momento em que ela estava sentimental acaba rapidamente e logo volta com as grosserias.
-- Cala boca, Caio. Cala a boca, por favor. Vamos, anda para o quarto. -- Ela me empurra me forçando entrar no quarto.
A mamãe me joga na cama, ainda pelado. Com o banho, ela desfez todo meu cabelo e eu ainda por estar bêbado, ressaltei isso.
-- Mãe, a senhora destruiu meu cabelo. -- Dei pinta, jogando para trás
-- Puta que pariu, Caio. Cala essa boca. Deita, vou trazer um café sem açúcar pra você.
Parecia que a mamãe não estava totalmente bolada, na verdade acho a raiva dela era mais por eu estar bêbado e sozinho na rua aquela hora. Ou era, ou sei lá. Ela poderia só está relevando pois sabia que eu estava bêbado. Mais sei que seria foda no dia seguinte, mas que Deus me ajude.
Eu virei para o lado da parede, me cobri com o lençol e peguei no sono. Porém, no momento em que ela abre a porta retornando com o café que a mesma preparou, eu escuto e acabo acordando. Mas disfarço e finjo ainda estou dormindo. Escuto ela falando sozinha:
"Meu Deus, meu filho é gay. Onde foi que eu errei? O que vou fazer? Eu não sei nem o que falar com ele. Não consigo nem reconhecer meu próprio filho. Me ajuda a lidar com isso, senhor."
Ela diz tudo isso sentada na ponta da cama e alisando meu cabelo que a mesma bagunçou. A mamãe alisa e mexe tanto em meus cabelos que eu pego no sono novamente.
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Seu olhar no meu
Любовные романыSerá que foi amor a primeira vista? Duas pessoas são capazes de se apaixonar no primeiro contato visual? Nessa história você vai conhecer o enredo de duas pessoas diferentes, com realidades diferentes, mas que irá se unir para viver um amor proibido...