QUATRO | A u r o r a |

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Rússia, Moscou8:00 AM

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Rússia, Moscou
8:00 AM

Estávamos reunidos na sala principal da Aurora — eu e meus principais golovorezy. Preparávamos-nos para discutir nossa última missão e o carregamento de armas que estava prestes a chegar.

— Como sabem, saímos invictos e com grande parte do dinheiro de Lucca Belinsky. Cortamos o mal pela raiz. Ele e a gangue já estão fora do mapa. — Olhei ao redor, vendo o assentimento de todos.

— Agora, precisamos focar no carregamento de armas que está a caminho. Já recebemos o aviso. — Yerik complementou, sua voz grave atravessando a sala enquanto cruzava os braços.

— Assim que chegar, quero que Igor verifique tudo e marque com o nosso símbolo. — Instruí, lançando um olhar sério para Igor antes de me levantar e sair da sala. A reunião continuaria com Yerik, meu braço direito; eu confiava nele o suficiente para deixar essa responsabilidade.

O tempo que passava em casa era quase nulo comparado às longas horas na Aurora. Sempre que voltava, sentia-me como uma recém-chegada, uma estranha em meu próprio apartamento. Era irônico, já que vivi ali por anos.

Quando saí da casa dos meus pais, trouxe comigo muitas memórias da infância: o enorme quintal da nossa propriedade na Inglaterra, o sabor do strogonoff que minha mãe preparava... Lembranças únicas que sempre inundavam minha mente. Talvez fosse hora de visitá-los.

Ao sair da cobertura, encontrei o porteiro, Russell, no hall do prédio.

— Ei, Russell, tem cartas para mim? — perguntei, batendo na bancada.

— Algumas, e uma de um tal de Nikolay. — respondeu, franzindo a testa enquanto me entregava o envelope.

Peguei o pacote e agradeci. Por onde será que essa praga andou?

Lá fora, o vento gélido russo me envolveu assim que atravessei as portas de vidro. Apertei o casaco contra o corpo, tentando me aquecer até chegar ao carro.

Cheguei à casa dos meus pais sem aviso.

Doch'! O que faz aqui, meu amor? Não disse que viria! — Minha mãe sorriu surpresa, vindo me abraçar.

— Estava com saudades, não posso mais, Dona Sasha? — Sorrindo, caminhei com ela até a sala onde meu pai estava.

— Sérgio Evanoff, ex-líder de máfia, no sofá sem fazer nada? Ah, mas só se vê isso aqui mesmo! — brinquei.

— Ora! São meus anos de glória, querida. O que mais eu estaria fazendo? — Ele beijou minha testa e me olhou com carinho.

Meu pai sempre foi protetor em relação à família, e sua determinação era algo que eu admirava. Devo a ele e a minha mãe tudo o que sou hoje.

— Yerik está cuidando de tudo? — perguntou, e eu assenti, sentando-me ao lado dele.

— Sim, recebemos mensagens dos Taigos. Eles chegarão esta noite e nos informarão o local na hora certa.

— Vocês dois, sempre falando de trabalho, até quando não estão nele. Venham, fiz pão de centeio e tem aquele queijo que vocês gostam. — Minha mãe nos chamou da cozinha.

— Hmm, coisa boa! Amo! — exclamei.

Passei a tarde inteira com eles, mas logo tive que me despedir. A viagem de volta a Moscou seria longa, e eu não queria chegar tarde demais.

Já na estrada, recebi uma mensagem com o local do encontro: perto de um dos rios da cidade. Assim que o sinal abriu, segui a rota conhecida.

— Mart! Boa noite, vamos ver o que tem para nós hoje. — Cumprimentei meu velho amigo com um sorriso.

— Senhorita Kira! Que honra encontrá-la novamente. — Ele me guiou até um de seus carros, onde abriu uma caixa para que eu verificasse o conteúdo. Peguei uma arma e testei a mira antes de guardá-la em meu coldre. — Bom trabalho, Mart, como sempre. — confirmei com Yerik, que poderia efetuar a compra.

Em momentos como este, a melhor parte da minha equipe estava presente para garantir que tudo corresse bem — assim como os homens de Mart.

— Até a próxima, — me despedi, indo até Yerik. — Como foi a reunião?

— Precisamos de aliados. Esses amadores estão vindo de todos os lados achando que têm alguma chance de entrar para o nosso mundo. — Yerik respondeu enquanto entrava no carro e fechava a porta do passageiro.

Suspirei, apertando o volante antes de dar partida. — Eu sei. Vou contatar alguns contatos para ver com quem podemos nos aliar.

— Sei que você não gosta muito da ideia de trabalhar em equipe, mas veja como isso pode nos ajudar a crescer. Você já domina quase todo o território da Rússia, Kira. Isso é uma conquista enorme! Ter outras máfias grandes ao nosso lado pode ser uma boa ideia. — Ele disse com seriedade.

— Sem chance de ser americano. Não me misturo com eles. — respondi após um momento de silêncio.

— Isso é um sim? — Yerik perguntou animado.

— Isso é um talvez. Mas não prometo nada. — falei, séria.

— Claro, senhora minha chefe, — Yerik riu de brincadeira.

Ignorei-o, mudando de assunto. — Vamos ao Ullyses, sim? — Sorrindo, entrei na rua de bares mais famosa de Moscou.

— Eu nunca me canso deste lugar, — Yerik disse ao entrarmos no bar cheio.

— Vem. Uma vodka, por favor. — O puxei pelo pulso e logo estávamos no balcão lotado.

— Nikolay está de volta. — disse Yerik, e eu bebi o líquido em um gole só, fazendo uma careta.

— Não quero saber o que Nikolay pensa. Quero distância dele.

— Quer fugir assim? Logo você, Evanoff? — Yerik me provocou, mas eu apenas dei de ombros.

Yerik era meu amigo. Tínhamos uma certa coisa de vez em quando, mas ambos sabíamos que isso não levaria a lugar algum.

Depois de uns cinco copos, eu já estava alta, no meio de várias pessoas, aproveitando a noite de todas as formas possíveis.

© luablanca67

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