QUINZE | A u r o r a |

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Meus nervos estavam borbulhando por conta de Yerik e, por Deus, se ele me dirigisse a palavra, iria receber um soco

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Meus nervos estavam borbulhando por conta de Yerik e, por Deus, se ele me dirigisse a palavra, iria receber um soco.

Eu estava furiosa, e quando fico assim, minha reação natural é me afastar, mantendo quem me incomoda o mais distante possível. Yerik sabia disso, e por isso me evitava desde o incidente, o que, no fundo, me aliviava. A tensão permaneceu até a noite, quando, enfim, decidimos seguir para a boate. Confesso que isso me animava mais do que deveria; me sentia como a estrela de uma grande apresentação, a protagonista de um espetáculo de luxo e pecado.

"Às vezes, até eu me surpreendo com o que penso de mim mesma", refleti, com um sorriso. Kira Belinsky Evanoff, sempre a vilã em sua própria mente: sorrateira, malévola, uma personificação viva da luxúria. Mas, de alguma forma, isso me alimentava, me fazia sentir viva.

Meus olhos vasculharam a boate até encontrarem o camarote, onde visualizei nossa valete, Gina Greenwall, cercada de pessoas. Identificar os disfarces entre os convidados era um jogo fácil para mim, e logo foquei em um dos homens mais próximos de Gina. Ele notou meu olhar e, sem hesitar, sorri maliciosamente, chamando-o com um gesto de mão. Não foi surpresa quando o idiota veio até mim, sem nem ao menos avisar sua protegida.

Enquanto ele descia as escadas da área VIP, Amélia piscou para mim, aproveitando a distração para subir. Eu parti para o que sabia fazer de melhor: enganar e distrair. O beijo do moreno foi breve, mas suficientemente convincente. Logo percebi uma movimentação estranha ao redor e vi Diane sinalizando para mim.

Empurrei o homem pelos ombros, mantendo meu sorriso provocador. Me aproximei de seu ouvido e murmurei:
— Me espera no banheiro...
Ele se animou, mal conseguindo esconder a ansiedade enquanto se dirigia apressado para o corredor escuro, cheio de casais em busca de prazeres efêmeros.

Sem perder tempo, segui o caminho que os outros homens haviam tomado. Peguei um drink no balcão, mas mantive o olhar fixo na direção em que eles estavam indo. Deixei o copo ali mesmo, e caminhei rapidamente. As portas estavam todas fechadas, exceto uma, à esquerda, de onde uma luz escapava pelas frestas. Era lá.

"O destino da rainha é cair", pensei, sentindo a adrenalina correr nas veias. Apagar Gina do mapa parecia a coisa certa a fazer. Ela estava aqui por achar que conseguiria aliados, mas mal sabia o que a aguardava.

As risadas deles ecoaram pelo corredor, ridículas, como sempre são as risadas de homens tolos. Apressei-me para sair dali, mas, antes que pudesse reagir, Yerik me puxou para fora rapidamente.

Saímos da boate, e o som abafado da música ficava para trás enquanto caminhávamos em silêncio. Encontramos Diane não muito longe.

— Quem era ele? — Perguntei, referindo-me ao homem com quem Diane estava. Sabia que ela entenderia. — Parecia importante para você, Dyévatchka, considerando o que fez por ele.

As bochechas de Diane coraram, surpreendendo-me um pouco.
— Um policial, Oliver Durand. Conheci ele quando fui sondar algumas coisas na França... parece que ele é italiano.

— Um policial, Diane? Isso não parece ser uma boa ideia. — Balancei a cabeça, concordando com Yerik, enquanto Diane parecia decepcionada.

— Eu sei, mas ele... — Suas palavras foram cortadas por Amélia, Ethan e Colin, que se aproximaram correndo, e logo tivemos que fugir dali.

As cartas precisavam ser colocadas na mesa... mas não naquela noite.

Mais tarde, em casa, tirei os scarpins pretos dos meus pés doloridos e me servi de uma dose de whisky para acalmar os ânimos. Yerik se juntou a mim, repetindo o gesto.

— Onde você estava? Desapareceu. — Perguntei, indo até a varanda.

— Os homens que você seguiu iam matá-la hoje, mas, aparentemente, algo os impediu. — Respondeu ele, parecendo intrigado. — Essa mulher está com problemas.

— Estranho... por que não o fizeram? — Franzi o cenho.

— Não sei. Mas alguém deve estar por trás disso... Ela não passa de uma marionete mimada pela máfia. — Yerik comentou, e eu apenas dei de ombros.

Olhei para o relógio; já eram 2h00 da manhã.
— Ligue para Aurora. Temos nossos próprios problemas para resolver. — Disse, retirando-me para o quarto, onde meu corpo finalmente cedeu ao cansaço.

Acordei tarde no dia seguinte, encontrando Yerik no sofá, com olheiras profundas, trabalhando em seu notebook. Mesmo assim, ele parecia absurdamente bonito.

— Não dormiu? — Perguntei, enquanto ia para a cozinha preparar algo para comer.

— Dormi tarde e acordei cedo, lidando com alguns assuntos da Aurora.

— Algo com que eu deva me preocupar? — Perguntei, voltando com uma tigela de frutas e granola. Yerik negou, e eu sorri.
— Perfeito. Vamos nos preparar para ir à Rosa Branca. Temos informações a compartilhar.

Quando entramos no galpão, Ethan e Diane caminharam à frente em silêncio. Nossos pensamentos estavam presos no que viria a seguir.

— Ontem foi uma noite próspera. O que descobriram? — Amélia perguntou, sentada de forma relaxada.

— Próspera? — Diane rebateu, impaciente. — Você quase colocou tudo a perder, Amélia. O que foi todo aquele barulho?

— Você tem muito a aprender. Havia pessoas importantes lá, Ferrari. — Yerik acrescentou, parecendo pensativo.

— Pelo menos conseguiu alguma informação dela? — Perguntei.

Amélia parecia irritada, sua postura passiva nos frustrava.
— A Rosa Branca é minha, e eu tomo as decisões aqui. — Ela rebateu. — Mas quero ouvir o que descobriram também.

— Alguns homens presentes na festa tinham ligações com Gina. — Yerik começou, e eu continuei.

— Pelo visto, a senhorita Greenwall não é muito querida por eles. — Sorri.

— Concordo, ela parecia uma tola mimada, nem seus próprios "capangas" se importavam muito. — Ethan disse, me fazendo rir.

— A coisa mais interessante que Amélia descobriu é que Gina já teve um caso com Devito. — Colin acrescentou, fazendo uma pausa dramática.

Meu queixo quase caiu.
— Tenho uma sugestão. — Falei, aproveitando o momento.

— De você, Volkov, esperamos sempre boas ideias. — Diane brincou, sorrindo.

— Devíamos focar em Devito, mas de uma forma diferente. Que tal começar pela família dele? Depois podemos infiltrar alguém. — Propus.

— Gosto de você, Kira. Sorte a sua tê-lo. — Amélia sorriu para Yerik, inflando meu ego.

— Obrigada, eu também. — Respondi, trocando olhares com Yerik antes de desviar.


luablanca67

We come. We rave. We love.   (NOVA VERSÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora