ciclos

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Ai como eu senti falta desse lugar. De estar escrevendo pelo simples prazer de escrever. De não necessariamente estar contando uma história, mas dando registro aos pensamentos.
Penso que de certa forma isso aqui é um diário, sim. Mas um que não é 'secreto', e nem que eu me importe muito com que leiam. Afinal eu escolho o que e como poner aqui, na maioria das vezes.

Hoje mais uma vez eu falo e penso sobre saudade. Ontem tive uma conversa muito produtiva com uma amiga sobre seu medo da morte (ou mais eu fazendo perguntas insistentes e ela respondendo). Percebi que é algo que só me vem à cabeça uma vez a cada 84 anos. Em geral eu não tenho medo da morte, nem da sua finalidade. Acho que faz parte da vida.
Mas reparei que concordo que morrer sem ter feito algo satisfatório na vida é algo que me desagrada profundamente. O que quero deixar como legado? Como vão lembrar de mim? Será que meus abraços...? Imaginei meu velório e alguém comenta que gostava muito dos meus abraços, outra pessoa, que não a conhece, concorda, eram especiais. Acho que é uma das coisas mais marcantes em mim. O jeito que eu fecho os olhos, abro o peito, e deixo tocar o amor como uma música de fundo. Não preciso romantizar o abraço, são literalmente dois corações se tocando, dois seres dizendo "Eu estou aqui, e estou aqui com você". É gratidão, carinho, força, apoio, ninho, útero. É amor em gesto, físico, é presença, energia boa materializada.

Mas voltando à saudade. Sinto falta de abraços específicos. Abraços que eu lembro exatamente do cheiro, da sensação, a pressão das mãos e onde elas estavam, do que me transmitiram e transmitem. Sinto a falta.

Não sinto falta do sentimento específico que um tipo deles me traz, de sugar minha energia, de se apoiar completamente em mim, e eu, já acostumada com o papel de cuidadora, acolhi, sustentei, fiz cafuné, carinho e conectei com essa suposta troca. É estranho pq eu me vejo como extremamente carente, mas naquela noite eu só dei, até sentir que não tinha quase mais nada pra dar. E a resposta foi como se tivessem contribuído também. "Que bom o nutrir e ser nutrido". I don't think so. Were we never on the same page, not even once? Das not good. It means I've been a fool for way longer than I thought. Why didn't I tell you that? Why did I say it felt good when in reality I felt tired, sad and empty?
Hm, entendi, tá aí a carência.

Não sei pq sonhei a noite toda com a mera possibilidade de pasar algo. Desperté cansada, o sonho foi bom, a realidade não. Mas no sonho eu também me enganava, não acerto uma, eh? Acho que já tá mais do que na hora de abrir mão disso. De seguir, de Grow as we go, e seguir mais um pouco. Mas foi bem bonito o sonho. Não lembro de ter percebido que não estava acordada. O trampolim deveria ter dado uma dica. Parando. Eu estou de volta, e a saudade também

(en)cajaWhere stories live. Discover now