rain

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Michael estava cansado, quase exausto. Ele descobriu que não teria paz, isso logo nas primeiras horas do dia, isto é, ao estar na presença de Luke, tinha que ser gentil e amigável como lhe foi instruído mas quando não estava na presença do Hemmings mais novo, tinha que trabalhar.

Ter uma vida confortável e desfrutar do que os Hemmings tinham não passavam de palavras bonitas que Elizabeth usou, na prática ele tinha que fazer de tudo um pouco, e se reclamasse, seria punido.

Ele não era um convidado, não era um amigo, era um objeto de troca, tinha dado o seu preço e lhe foi pago, não tinha nada que pudesse fazer a respeito.

Ali, em seu quarto pouco iluminado, com sua cama pouco confortável, Michael pensava em como seus pais estavam; será que sentiam sua falta? Será que o odiavam? Será que queriam vê-lo?

A chuva caia suave pelo céu, como se estivesse dançando pelo vento até chegar ao chão, já Michael estava perdido em pensamentos, deixando a mente vagar para longe, aos poucos o sono foi chegando. O barulho da chuva aumentou mas Clifford não se importou, estava tão cansado.

— Mike? — A voz saiu baixa, abafada pela porta de madeira.

Michael achou estar imaginando coisas, talvez por estar sonolento, acabou por não dar atenção.

— Mike? — A voz soou mais alta, agora com a porta aberta. — Está acordado?

Clifford abriu os olhos lentamente, olhou para a porta e viu uma silhueta que não pôde identificar pela luz que entrava pelo corredor. A pessoa entrou e fechou a porta, com a pouca luz, Michael viu que era Luke.

— O que foi, Luke? — Perguntou sonolento.

— Está chovendo... — Hemmings disse  aproximando-se da cama.

— Percebi. Qual o problema?

— A janela do meu quarto é enorme, ela tem grades para poder ficar abertas, o teto também é alto, é um pouco grande e mesmo com as janelas fechadas, é frio; e faz eco por causa da altura e mesmo com as cortinas fechadas, dá pra ver a claridade dos trovões... — Luke explicou, já ao pé da cama.

— Er... Legal, eu acho. O meu quarto é bem diferente. — Disse sem saber ao certo como reagir.

— Eu sei, por isso eu vim aqui, eu não gosto muito de chuvas desse jeito, aqui parece mais seguro. Eu posso ficar, não é?

A resposta era fácil, Michael tinha que dizer que sim, independente do que ele estivesse pensando, afinal ele estava ali para isso: agradar Luke.
De verdade, ele queria dizer que aquilo era infantil e ridículo, mas era Luke na sua frente e se ele dissesse o que pensa, certamente iria se arrepender.

— Se quiser, é claro que pode, mas aqui não é tão mais seguro que seu quarto e nem tão confortável. Acha que isso vai nos trazer problemas?

— Não terá consequências, e se tiver, eu mesmo resolvo.

Michael queria acreditar nisso mas sabia que não iria acontecer nada com o loiro, já com ele, bom, talvez ninguém ali se importasse tanto com seu bem estar.

— Luke, aqui não é como você está acostumado. — Alertou.

Hemmings apenas deu de ombros, em seguida deu as costas e retornou pela porta da qual tinha entrado
alguns minutos atrás. Michael chegou a pensar que talvez o outro tivesse desistido da idéia, então se preparou para tentar dormir novamente.

A porta foi novamente aberta por Luke que dessa vez trazia consigo um travesseiro e um cobertor, fechou a porta meio desajeitado e seguiu até a cama.

— Você só precisa me dar um pouco de espaço e saber que eu posso te acordar durante a noite. — Hemmings disse ajeitando seu lado da cama.

— Eu tenho sono pesado, você não me acordaria. — mentiu.

— Ah, eu sou bem capaz mas fica tranquilo, talvez eu não precise te acordar.

Michael virou de costas para o outro, olhando para a janela, estava tentando se convencer que Elizabeth não o mandaria para a forca quando soubesse que o filho dela havia estado em seu quarto.

— Boa noite, Mike. — A voz saiu baixa, talvez sonolenta.

— Boa noite, Lu- — Foi interrompido por um bocejo.

— Agora temos apelidos só nossos... — Sussurrou, tentado manter os olhos abertos. — Mike e Lu, gostei. — Sorriu minimamente antes de adormecer.

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