letters to you

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                    ...no primeiro toque, tudo se desfaz e é impossível refazer

A porta foi aberta e Luke adentrou, esperou Michael se posicionar ao seu lado para finalmente olhar nos olhos de Elizabeth, a mesma não demostrava emoção alguma.

— Liz, poderia abrir aquele armário? — O mais novo perguntou com um tom neutro.

— Por que o faria?

— Porque o papai ficaria decepcionado se eu contasse com o que você me manteve ocupado ultimamente. Então, eu mesmo abro o armário. — impaciente, andou até a mesa a fim de pegar a chave, mas antes que fizesse, Liz a pegou.

— O que você pensa que está fazendo, garoto?

— Uma coisa boa. — Pegou a chave da mão alheia e abriu o armário, pegou o que queria e não fez questão de fechar o móvel. — Creio que isso tenha outro dono.

Liz ficou em silêncio enquanto observava o filho andar com convicção até o rapaz ali presente e lhe entregar uma pequena pilha de envelopes.

— Creio que isso seja seu. — Disse sorrindo minimamente para Clifford, esse hesitou um pouco ao receber. — Agora podemos ir.

— Boa sorte... — Liz disse ao que os jovens atravessavam a porta para sair do cômodo. Apenas Luke a olhou.

Os dois andaram em silêncio por alguns minutos, até Clifford parar e observar o que tinha em mãos. Eram as cartas que foram escritas para seus pais, à primeira vista.

— Elas foram interceptadas, mas, a partir de agora vou te ajudar a enviá-las.

— Como sabia?

— Tem seu nome. — Apontou para o envelope como se fosse óbvio.

— Não. Como você encontrou elas?

— Ah, eu estava procurando por outra coisa...  Vi seu nome nelas, achei que você poderia querer de volta, já que estavam guardadas em um local de difícil acesso.

Michael o olhou por alguns segundos e depois lhe deu as costas, sentindo-se irritado. Andou a passos largos, ignorando o chamado de Luke. Ele queria falar várias coisas mas não conseguia organizar os pensamentos. Seguiu para o quarto que deveria ser seu e deixou que algumas lágrimas escapassem, mas sabia que não poderia desmoronar agora, tinha que ser forte. Estava tudo uma bagunça, mas não podia parar pra contemplar o caos.

Guardou as cartas, limpou o rosto, respirou fundo e tentou sorrir. Falhou. Não era capaz de esboçar um sorriso, mesmo que fosse falso. Andou até a porta e ao abri-la, viu Luke ali parado, com uma expressão que Clifford não conseguiu decifrar.

— Eu não li as cartas. — Hemmings se apressou em dizer. — Quer dizer, desculpa, eu li o primeiro parágrafo e parei quando percebi que foi você que as escreveu e não o contrário.

— Obrigado.

— Ah, bem... — Parou de falar assim que reparou no rosto alheio, preocupou-se. — Você chorou?

O rapaz negou e passou pelo de olhos azuis como se ele nem estivesse ali. Não queria ter que lidar com ele naquele momento.

— Achei que ficaria feliz em tê-las de volta...  — Luke balbuciou.

Michael parou, pensou em lhe responder que se sentiria melhor se não tivesse preso a família Hemmings, mas descartou esse pensamento e continuou andando, iria cumprir todos os afazeres possíveis, até estar exausto o suficiente para cair no sono sem pensar em nada.

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