Wish

darkness things

— Por que dormiu no quarto do Luke? — Calum perguntou assim que chegou perto de Michael, que estava sentado no chão limpando as mãos.

— O quê? — Se fez de desentendido.

— Eu fui te chamar e você não estava no seu quarto, a Lauren conseguiu descer e por isso eu fui cobrir a função dela de fechar metade das cortinas do quarto do Luke e você estava lá, curiosamente dormindo na cama dele. Por quê?

— Não sabia dessa função da Lauren, mas pra onde ela "desceu"?

— Não muda de assunto, Michael, eu como seu amigo devo te alertar que o Luke não é quem você pensa, ele deve estar brincando com você. Tudo pra ele é jogos e diversão, inclusive pessoas. Não deixa ele te usar, ele não vai se importar com seus sentimentos.

— Espera! Eu não penso nada sobre o Luke e não tem sentimento nenhum acontecendo. Você pensa o quê, que estamos tendo um caso?

— Você estava na cama dele e ele já esteve na sua, eu penso que estão transando, na verdade eu tenho certeza. Cara, ele vai te foder de verdade, se afasta enquanto pode.

— Não. Estamos. Transando!

— Não é isso que está parecendo, você sabe que a Elizabeth está te esgotando as energias porque sabe que ele dormiu no seu quarto e também é por isso que ela colocou guardas no corredor, pra evitar que o Luke voltasse. Não vai sair nada bom disso.

— Pelo amor de Deus, eu não estou tendo um caso com o Luke. Ele foi no meu quarto porque tem medo de tempestade. — Michael explicou.

— Nos poupe, você acreditou nisso? De todas as pessoas, você seria o escolhido para protegê-lo? Michael olha para o Luke, ele sabe exatamente onde pisar mas nós estamos perdidos no escuro.

Clifford não respondeu.
Ele não tinha o que falar.
Calum plantou a semente da dúvida em sua cabeça, talvez ela germinasse até rápido demais. Na verdade, achava que deveria se colocar em seu lugar.

— Onde a Lauren foi? — O loiro perguntou, desviando o assunto.

— Nos calabouços. É óbvio que Luke não ia te falar que escada à baixo tem uma prisão particular mas tem. — Era visível a mágoa em sua voz.

— Nem vou perguntar o porquê de uma prisão, quero saber o que ela está fazendo lá.

— Ver o irmão dela, levar comida e tentar cuidar dele...

— A Lauren tem um irmão na prisão dos Hemmings!? A Lauren...? Meu Deus! Um irmão? Tô confuso. — Era possível ver como Michael estava alterado, já Calum, estava abatido.

— Sabe que St. Willys é uma miséria, e sabe que a gente faria qualquer coisa para cuidar de quem amamos. O irmão dela estava desesperado à ponto de roubar comida para alimentar a família, ele não seria capaz de tirar dos necessitados como nós, tirou de quem tinha mais. Porém não houve compaixão ao ser pego no ato, ele teria sido executado se não houvesse a perversidade da tortura e humilhação... — Hood ergueu a cabeça e fechou os olhos, tentando conter as lágrimas que Michael não percebeu estarem ali. — Ela está tentando pagar a dívida dele, buscando a liberdade.

— Isso é cruel, é desumano, é suicídio... Isso não pode ser normal, deve ter alguma lei que proíba isso, dev-

— ELES SÃO a porra da lei. Eles tem dinheiro e parece que é o suficiente. — Aquilo estava fazendo Calum sangrar.

Sangrar assim como as mãos de Michael que estavam machucadas pelos espinhos das rosas que ele estava cuidando, ou ao menos tentando cuidar.

— Quem colocou ele lá?

— Quer mesmo saber? — O moreno levantou, respirando fundo. — É óbvio demais, tenta adivinhar.

— Foi o Luke? — Perguntou receoso que a resposta fosse positiva.

— Foi a mãe dele, mas não se preocupe o sangue e o veneno também correm nas veias dele. Enfim, tenho que ajudar a servir a mesa, os Hemmings estão quase chegando.

— Calum, por que você está aqui? — Deixou sua curiosidade falar por si.

O moreno apenas o encarou por dois segundos antes de virar as costas e sair do jardim a passos largos, deixando Michael extremamente confuso e ainda atônito com tudo que acabara de ouvir.