alright, i accept

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× dois longos dias depois ×


Michael estava nervoso, mil e uma coisas passavam por sua cabeça, estava suando e o coração batia tão rápido a ponto de parecer perigoso.

Ele sabia que sua mãe ficaria decepcionada se soubesse o que ele que estava prestes a fazer, mas não aguentava mais vê-la chorando. Daryl piorou muito, as esperanças estavam acabando, e tempos desesperados requer medidas desesperadas.

Com um suspiro pesado, tomou coragem e andou os metros que faltavam até chegar aos grandes portões que guardava a mansão da família Hemmings.

Certo, era mais difícil do que ele achou que seria. Estar ali era a parte fácil, mas chamar por alguém e vislumbrar os portões se abrindo para ele lhe fazia um frio percorrer a espinha. Não sabia como seria estar lá dentro, e a cada vez que pensava parecia mais assustador ainda.
Antes que pudesse cogitar ir embora, os portões se abriram.

— Mister Clifford, a senhora Elizabeth está a sua espera. — Uma voz familiar anunciou.

— Eu... Hood, não é?

— Sim, Calum Hood. Boa memória, isso é- Quer dizer, pode me acompanhar.

— É um saco isso, não é? — O loiro sussurrou assim que chegou perto o suficiente do moreno. — Ser formal o tempo inteiro e essas coisas.

— Você não imagina o quanto. — Sussurrou de volta, abrindo uma porta que parecia exageradamente grande na visão de Clifford.

— As malditas máscaras, como se pudessem durar mais que a própria face. — Michael disse, mais para si, já que estava pensando alto.

Era sempre assim, um baile de máscaras o tempo inteiro e toda vez o intérprete tentava tornar o personagem mais real que a si próprio, até não aguentar mais e ver suas necessidades falarem mais alto.

Michael apenas continuou seguindo Hood através de todos os corredores, salas, portas e afins. Não estava prestando atenção no trajeto, continuava preso demais em seus próprios pensamentos.

— Espera aqui, eu vou anunciar a sua chegada. — Hood disse parando diante de uma porta grande.

Michael apenas ficou ali parado, esperando por minutos que pareciam uma eternidade, isso porque em nenhum instante sua cabeça parava de repetir que sua mãe iria odia-lo depois aquilo.

— Certo, você já pode entrar. — O guarda barra mensageiro-não-oficial anunciou, tirando Michael de seu transe.

Calum estava exausto, Elizabeth o fez ficar de guarda no portão até que algum Clifford aparecesse, ou seja, passou dois longos dias ali plantado sem ao menos poder ir dormir. Foi um inferno para Hood, mas esperava que valesse a pena depois.

Elizabeth estava deslumbrante como sempre, ela estava de pé no meio da grande sala que o loiro não fez questão de reparar, apenas entrou e encarou a mais velha por alguns segundos antes que a mesma se pronunciasse.

— Eu esperava que tomasse uma decisão mais rápido, mas o importante é que está aqui. Espero que pelo motivo certo.

— Eu preciso do dinheiro e você prometeu que eles ficariam bem, parece lógico, mas não certo.

— Você é igualzinho a sua mãe, só que mais esperto. É verdade mesmo que seu pai piorou?

O tom de voz parecia equilibrado, apesar de levemente curioso. Era como se fosse um teste e Michael sabia disso.

— Como se já não soubesse. Então, qual é o seu acordo, eu preciso saber se vale a pena ser odiado, sabe?

— Você vem morar aqui, tendo plena consciência que é uma mercadoria que foi comprada e nos pertence e o dinheiro vai para os seus pais. Não tem segredo, nem truque, você é um objeto de troca e aceita isso de bom grado.

— Como eu posso confiar em você?

— Não pode. — Ela riu, indo abrir uma das muitas gavetas de sua mesa polida. — Temos aqui uma quantia suficiente para comprarmos duas das casas mais desejadas, com a excessão da nossa, é claro. Você leva para eles e amanhã mesmo você passará a viver aqui. Pegar ou largar. — Suspendeu o saco de dinheiro no ar.

— Mas e o que aconteceria comigo? E eu também gostaria de ter contato com meus pais — Clifford ponderou, já estendendo a mão para pegar o dinheiro.

— Mercadorias não falam, Michael. Aceite de bom grado o seu lugar. Se eles quiserem, tem liberdade para tentar mandar cartas. — Disse fria, soltando o dinheiro nas mãos do loiro. — E mais um detalhe, qualquer afronte será devidamente corrigido, você atende fielmente, educado e gentil ao seu novo dono.

— Que seria? — Perguntou, já se preparando para sair.

— Meu filho, Luke Hemmings. Amanhã vocês se conhecerão e é bom que ele goste de você. Até mais ver.

Michael nem sabia como sair daquele lugar, muito menos como iria convencer a mãe a usar o dinheiro, não sabia nem quanto tempo iria aguentar aquilo mas era por um bom motivo. Precisava ser criativo na hora de inventar uma desculpa que explicasse o dinheiro e o porquê de não acompanha-los. Parecia tudo tão difícil.

— Eu não sei nem por onde eu entrei... — Clifford disse para si mesmo, olhando para todas as portas.

— Por sorte, eu sei. — Calum disse, assustando o loiro. — Me acompanha.

— Já vi que você é pau para toda obra. — Disse seguindo o moreno pela porta da esquerda.

— É preciso, os Hemmings tem uma coisa que eu quero de volta, e o que tenho a oferecer é meus humildes serviços.

— Eles são oportunistas de primeira, já vi que são bons de lábia. Parece que vamos nos ver muito daqui para frente. — A frase saiu carregada de tristeza, aquele era o estado de espírito de Michael naquele momento.

Ficaram em silêncio por algum momento, Michael apenas focado em seguir o moreno e sair logo daquele lugar que estava fazendo com que se sentisse preso. O pior era saber que logo aqueles paredes realmente serião sua prisão.

— Eu sinto muito. Mas espero não ter que te encontrar andando pelo jardim a noite, seria triste para nós dois. — Hood disse assim que passou pela última porta que dava acesso aos portões principais que levavam a rua.

Michael queria perguntar o que aquilo significava mas parecia que era tudo que o outro tinha para dizer. Calum fez uma reverência da qual Clifford não conhecia o significado e depois voltou pelo mesmo caminho de onde veio.

Michael agora tinha um longo caminho pela frente, e sabia que não seria nada fácil. Em menos de 24 horas tudo estaria diferente e ele nem sabia como isso seria, a única certeza que tinha era que aquela era sua última chance. Talvez ele jamais pudesse ser quem foi até agora.

Tudo bem, ele aceitou a oferta.

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