II

1.7K 147 5
                                    

Minha cabeça doia um pouco. Abri os olhos, mas continuei vendo só o escuro. Esfregando o rosto, me levantei tirando os pesados (mas quentes, macios e gostosos) cobertores de cima de mim e abri uma frestinha da cortina, vendo o sol já alto. Tudo parecia normal, até eu olhar em volta e perceber que aquele não era meu quarto. Comecei a me lembrar dos acontecimentos anteriores. Meu Deus, onde eu estava com a cabeça? Primeiro, tinha feito a grande idiotice de ir falar com o Lucas e depois, usei o Farkle de lenço. Mas tinha que admitir, ele tinha sido bem legal. Não, quero dizer, ele tinha sido ótimo! Ele era o melhor amigo que eu poderia ter. Sem me preocupar muito com a aparência, desci para o restaurante self service, onde comíamos todo dia, desde que chegamos ali. Sinceramente, pensei em não ir, eu ia ter que ver Lucas, e o pior, ver ele e a Riley. Juntos. Mas depois me lembrei que ele achava que estava tudo bem e se eu não aparecesse ele poderia querer falar comigo depois, e falar com ele, a sós, era tudo que eu menos queria. Fiquei ali parada, respirando fundo, até que vi Riley, Lucas, Farkle e os outros chegando. Abri um meio sorriso para todos e abracei o Farkle. Sussurei no ouvido dele:
- Obrigada.
Fiquei surpresa comigo mesma. Eu fazia esse gênero de menina durona. Eu não costumava agradecer. Bom, eu também não costumava chorar.
No que eu estava me tornando?
Ainda meio perturbada com esses pensamentos, eu comi pouco e logo subi para o meu quarto.
Resolvi pintar alguma coisa. Aquilo me acalmava. Peguei minhas tintas e passei o resto do dia trabalhando naquilo.
Como artista, é muito difícil avaliar minhas próprias obras. Mas tinha que falar: a pintura havia ficado incrível!!! Era realmente uma pena que eu nunca poderia mostra-lá para os meus amigos. Tinha um sentimento assim enquanto pintava, mas agora tinha certeza: não podia mostrar para os meus amigos porque expressava coisas demais, coisas sobre mim, coisas que eles não podiam descobrir, se não, arruinaria tudo, a Riley e o Lucas, a nossa amizade e até minha relação com o Cory e a Topanga, com a minha mãe...
Essa é uma foto da pintura:

Eu nunca admitiria isso nem na minha própria cabeça, mas agora que me sinto diferente, acho que não tem problema, pelo menos comigo mesma, falar o que sinto

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Eu nunca admitiria isso nem na minha própria cabeça, mas agora que me sinto diferente, acho que não tem problema, pelo menos comigo mesma, falar o que sinto. E é assim que eu me sinto. Como na pintura. Presa. Sufocada. Desesperada. Sem saber o que fazer. Com raiva. E acima de tudo, triste.
Enquanto admito para mim tudo o que sinto, ouço uma batida na porta. Falo que já estou indo enquanto guardo a minha obra, mas o apressadinho não espera. Entra direto. Quando me viro para brigar com o idiota que veio entrando assim, me deparo com Lucas. E então todas as palavras somem, e eu fico ali, olhando para ele.

Girl Meets The Broken GirlOnde histórias criam vida. Descubra agora