[FARKLE]

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Eu estava em um momento...ahh...íntimo com Smakle quando vi Maya na minha porta. Olhei discretamente para o relógio na parede e vi que eram 8:00. Será que era mesmo a Maya? Porque a Maya que eu conhecia não acordaria antes das 13:00. Falei isso para ela, que baixou a cabeça e não respondeu. Smakle entendeu que alguma coisa não ia bem com a nossa amiga e saiu. Cheguei perto dela. Eu estava mais alto do que ela, já fazia um tempo. Ela era a mais baixinha e odiava aquilo.
- Maya...
Comecei a falar, mas não deu porque...ela desabou! Eu fiquei um tanto quanto chocado, eu só tinha visto a Maya chorar 2 vezes em mais de 10 anos. Mas minha surpresa inicial logo foi embora, eu não podia ficar ali parado, de boca aberta, vendo a minha menininha chorar daquele jeito. Peguei na mão dela de leve para ela não se assustar e fomos andando devagarinho até sentarmos na cama. Ela encostou a cabeça no meu ombro e eu a abracei.
- Eu estou aqui. Vai ficar tudo bem.
Mas eu sabia que palavras assim costumavam funcionar com a Riley, não com a Maya. Ela afundou a cabeça no meu moletom e eu comecei a passar a mão de levinho no seu cabelo loiro.
Ela não conseguiu me explicar muito bem o que tinha acontecido, porque toda vez que começava a falar, o choro ficava mais forte, vinham os soluços que a impediam de qualquer coisa que não fosse enfiar a cabeça no meu braço em busca de apoio. Agora, quase 3 horas depois, ela estava, finalmente, dormindo. Eu tinha ficado o tempo todo acariciando sua cabeça, que agora estava deitada no meu colo. O meu moletom tinha várias e grandes manchas de lágrimas, mas eu não me importava.
Smakle bateu de levinho na porta do quarto, para avisar que estava chegando e depois de uns 2 segundos entrou. Ela ia começar a falar, mas eu fiz um sinal de silêncio com a mão na boca e indiquei Maya. Ela fez que sim com a cabeça e saiu.
Agora que eu era mais alto, eu era também mais forte e peguei Maya nos braços. Levei ela até a cama, afofei os travesseiros e a cobri. Fechei as janelas e saí. Ela precisava descansar.
Quando cheguei na mesa de café da manhã e sentei ao lado de Smakle, pensei que ninguém ia estranhar a ausência da loira, já que ela costumava chegar só para o almoço mesmo. Mas, para minha surpresa, Lucas se virou para mim com uma sobrancelha erguida:
- Cadê a Maya?
Naquele momento soube que o que tinha com ela, tinha algo a ver com ele. Logo mudaram de assunto, com Smakle brincando que Lucas estava dando em cima dela e eu não pensei mais no que tinha deixado ela tão triste. Fomos andar de cavalo e acabamos indo passear no lago e ficamos lá até a hora do almoço, quando voltamos para a casa principal, onde ficava a cozinha e os quartos. E então, vimos Maya, perto do balcão de self service, com a blusa listrada vermelha, amarrotada, o cabelo loiro, desgrenhado, e os olhos vermelhos, inchados. Todos acharam que tal aparência seria normal para alguém que, supostamente, dormira mais de 12 horas. Mas eu sabia a verdade.
Ela deu oi para todo mundo e quando passou por mim, ficou na ponta dos pés e sussurou no meu ouvido:
- Obrigada.
Sorri de leve e assenti com a cabeça. Eu tinha prometido amar as duas. Eu tinha prometido ama-la. Minha baixinha precisava desse amor agora. E no que dependesse de mim, ela teria.

Girl Meets The Broken GirlOnde histórias criam vida. Descubra agora