[FARKLE IV]

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Aconteceu muita coisa nessa última semana. Já estávamos de volta a nossa cidade, a maravilhosa Nova York. Estávamos de volta também a rotina e a escola. A primeira coisa que eu fiz quando chegamos em casa, foi terminar com a Smakle. Eu não sei, mas... Estávamos fisicamente próximos, mas já não tínhamos mais aquela conexão de antes, que era importante tanto para mim, quanto para ela. E acho que isso já estava meio óbvio para todo mundo, porque, quando contamos sobre o término, não houveram muitas perguntas. Ela também concordou comigo e entendeu perfeitamente a decisão. Desde então, temos sido bons amigos!
Ah! O mais importante! A Maya perdoou a gente. Eu e o Lucas, quero dizer. Nós pedimos desculpas e eu disse que ela interpretou meu silêncio errado, mas não tive coragem de dizer tudo aquilo sobre ela. Lucas disse que estava nervoso e ela disse que também estava meio "alterada emocionalmente", que tudo bem, o que significa que ainda somos amigos. Mas, mesmo assim, ela está meio distante. Tem passado muito tempo com o Zay e eu, sinceramente, não sei o que pensar sobre isso. Eu estou gostando da Maya. E eu sei que é verdade, isso que meu coração fica me dizendo. Demora, eu sei melhor do que ninguém, mas quando acontece, quando ele fala comigo, eu sei que é verdade, então, eu sei que estou gostando da Maya. Nossa.
Mas enfim, mesmo que eu não gostasse dela nesses termos, eu continuaria (e continuo!) com a minha promessa de tentar dar uma vida melhor para ela. Aliás, isso me lembra o porque de eu estar aqui. Ela parecia bem. Quero dizer, na medida do possível, com aquele jeito dela de levar tudo na boa. Ainda precisava de ajuda, mas o básico mesmo, as ajudas que já davam a ela. Mas hoje de manhã foi diferente. Ela chegou parecendo meio tonta na sala. Sentou no lugar de sempre e apoiou a cabeça nas mãos com os olhos fechados. Senti que aquele era o momento de cumprir com a minha promessa e ajudar a minha amiga. Cheguei perto dela:
- Tá tudo bem?
Ela engoliu em seco e levantou a mão fazendo um sinal de não. Ok, pedido de ajuda mais claro do que esse não tinha. A não ser na semana do "descontrole emocional", a Maya nunca admitia para ninguém que alguma coisa não ia bem. De repente, me toquei.
- Maya, a quanto tempo você não come?
Ela virou para mim, parecendo meio desesperada:
- Eu não sei.
- O Sr. Matthews não vai trazer nada para você?
- Ele tá...ocupado, resolvendo...outra coisa para mim. Eu não vou pedir mais.
- Maya, vem comigo.
- Não, eu tô bem aqui.
- Vem comigo!
Percebi que tinha falado meio alto.
- Desculpa. É só porque eu me preocupo com você. Se você não comer, pode até desmaiar, e ia ter que ir para o hospital, e mobilizar todo mundo, muita ajuda por sua causa. Então, deixa eu te dar...pouca ajuda.
Sorri de leve e estendi a mão para ela.
Ela aceitou. Sentindo a mão dela na minha, eu percebi o quanto ela estava trêmula. Coitada!
Fomos até a cantina. Eu queria comprar um café da manhã decente para ela, mas ela disse que eu já estava fazendo muito, e, me contrariando, escolheu um pão de queijo, mas era muito pequeno! Puxa vida, minha família tinha dinheiro, eu podia pegar pelo menos, um pão de queijo maior!
Ela comeu em 3 segundos. Devia estar com muita fome mesmo.
Voltamos para a sala. O Sr. Matthews já estava lá. Eu comecei a me desculpar pelo atraso, mas a Maya o olhava meio anciosa, nervosa, agitada e...curiosa. Ele não estava me ouvindo. Ele olhava para a Maya, meio sem saber o que fazer. A Riley e o Zay se levantaram. O Sr. Matthews abriu os braços, a convidando para um abraço e disse:
- Sinto muito.
Ela correu até o professor, mas foi chegar lá que ela desabou. Depois do "acidente", a Maya voltou a ser a mesma menina de antes, engraçada, divertida, que zoava e se dava bem com todo mundo. A menina que nunca chorava na frente dos outros. Mas hoje ela estava realmente sem chão.  Primeiro, chegar tão desorientada na escola, eu pensei que fosse fome, mas agora, chorar assim...tem alguma coisa muito grave acontecendo. A Riley e o Zay foram correndo e a abraçaram também. Eu não queria ser grosso com ela, nem nada do tipo, especialmente naquele momento, mas, fala sério! Nós nos conhecemos desde os 7 anos, ela pode me contar as coisas, os problemas, pode me pedir ajuda como antes. Pensei que nunca veria isso. Maya, chorando na frente da turma toda e eu não sei o que houve! No que ela está se tornando? No que eu estou me tornando?

Girl Meets The Broken GirlOnde histórias criam vida. Descubra agora