19 - Black Tea

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A vida geralmente não tem um fundo sonoro, muito menos quando você está tendo um jantar super estranho com sua família e de repente todas as pessoas que você odeia na sua vida começam a aparecer e sentar-se a mesa ao seu lado.

A batida agressiva do refrão de twenty one guns do Green Day me fez pular assustado, eu estava jogado no chão e completamente deslocado, me perguntando como tinha ida parar ali, mas quando olho para o meu lado e vejo Yoongi dormindo serenamente, com a respiração suave escapando por entre seus belos lábios rosados é que eu me dou conta de tudo que aconteceu na noite anterior.

Catei meu celular cegamente pelo tapete, esperando que, com sorte, eu o encontraria e faria aquela batida demoníaca para aquela hora parasse de soar pelos quatro cantos da casa.

Me impressionava que Yoongi ainda não tivesse acordado com aquele barulho, ele deveria ter o sono muito pesado.

Lentamente, me virando de lado e tomando forças para levantar, senti minhas costas estralando do topo à base, em uma sequencia dolorosa. Meu corpo reclamava comigo pelo jeito torto com dormi e eu sabia que ele estava certo, eu nunca mais deveria fazer aquilo, mas eu sei que por Yoongi, para dormir ao lado dele, eu dormiria como um morcego se necessário.

Havia uma mesa de centro entre nós dois, certo, mas mesmo assim nós estávamos no mesmo lugar e dividindo o mesmo tapete, então eu já contava isso como algo, se bem que uma cama de casal seria muito melhor para dividir minhas noites ao seu lado, mas eu teria de me virar com o que tinha por enquanto. É aquela velha historia dos limões, eu os recebi e agora cabe a mim fazer uma limonada ou apertar seu suco sobre a ferida de alguém.

Estiquei meu pé sob a mesa e o cutuquei com a ponta do mesmo, mas o desgraçado nem sequer se movia. O cutuquei mais uma vez, sussurrando seu nome enquanto o atingia repetidas vezes com meu dedão. Ele acordou rindo, eu estava fazendo cócegas nele.

– Para com... com isso. – Ele ainda estava com os olhos fechados, mas a boca estava aberta, enquanto ele gargalhava e tentava empurrar meu pé. A situação me fez rir. – Socorro, Tae! – Ele empurrou meu pé e eu me afastei, ele respirava fundo, agora encarando o teto, tentando recobrar o folego.

Olhei a tela de meu telefone e o horário exibido nela fez meus olhos quase pularem das órbitas, eu estava prestes a me atrasar para o trabalho e precisava correr contra o tempo.

– Eu tenho que ir pro trabalho, vamo se trocar? – Levantei apressado, meu corpo ainda reclamando enquanto eu me alongava e espreguiçava, aliviando um pouco da tensão e era seguido por Yoongi enquanto subia às escadas correndo. Dois degraus de cada vez, esse papo de devagar em sempre, ganha-se a corrida não cabe nessa situação.

Entramos em meu quarto completamente bagunçado da tarde de ontem e eu fui logo catando minha toalha e a jogando sobre o ombro.

– Olha, se você quiser ir pra casa é de boa. – Sugeri, brincando com os fiapos soltos de minha toalha. – Mas também se quiser comigo eu não me oponho. – Sorri de lado, sem saber o que esperar, mas já imaginando que ele escolheria ir para ca...

– Eu vou com você. – Ele me olhou e eu sorri, ele sorriu também. Nossos dentes à mostra. Acho que estou feliz, bem, meu coração acelerou um pouco, isso deve ser felicidade, certo? Ou isso ou um ataque cardíaco. – Só preciso tomar banho. Pode me dar uma toalha? – Ele ficou meio envergonhado de pedir.

– Oh, claro. Tem no banheiro, na segunda gaveta do balcão do banheiro. – Apontei para a porta que dava ao banheiro. – Você pode ir primeiro.

– Okay. – Ele se encaminhou até lá.

– Espera! – Corri até ele. – Olha, você tem que trancar as duas portas, aquela vai no quarto da Byul e eu não sei se ela tá em casa, então melhor precaver. – Apontei para a tranca da outra porta e ele assentiu. – Certo. Tchau. – Sai de perto da porta do banheiro, nervoso e vermelho.

i got a girl crush - [taegi]Onde histórias criam vida. Descubra agora