capítulo 7

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"Somos mais do que as nossas piores ações"

- tirada da série-documentário 'Making a Murderer' da Netflix

- tirada da série-documentário 'Making a Murderer' da Netflix

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[Tessa]

Visto umas calças de ganga, demasiado gastas, e rasgadas na parte dos joelhos, e uma t-shirt justa sem mangas.

Pego no meu anel, de diamante negro, e penso no que fazer com ele. Nos últimos tempos tenho-o colocado sempre escondido, com medo que mo roubassem. Mas agora já é seguro usá-lo, uma vez que já recuperei a força necessária para me proteger e à minha propriedade, e sou uma 'salvadora' oficial.

Decido usá-lo em forma de colar. Pego no fio que comprei com os meus pontos, e enfio lá o anel, para depois o atar à volta do meu pescoço, não muito largo nem muito justo.

É então que ouço alguém a bater à porta. Dirijo-me até lá e abro-a, deparando-me com Negan. Não consigo deixar de transparecer surpresa com a sua presença.

- Negan, a que devo o prazer da sua presença? - eu pergunto, recompondo-me.

Ele parece divertido com as minhas palavras de gracejo. Sorri, aquele sorriso tão típico, e noto que tem o seu bastão na mão. Lucille.

- Tenho de ir a Alexandria resolver uns problemas. Prepara-te, pois também vens. - ele diz, sem margem para eu me negar a ir.

- Pensava que as minhas tarefas incluíam cuidar da horta. Ainda estamos na parte inicial, não posso simplesmente abandonar o trabalho agora. - eu contraponho. Disse-o num tom neutro, para que não fique a pensar que estou a ser desobediente. Quero apenas salientar a importância da minha presença nos passos iniciais da construção da horta.

- Tenho a certeza que a tua presença não é indispensável. - ele carrega na última palavra.

- Preciso de uma hora para os instruir sobre o que fazer hoje.

- Tens meia-hora.

- Preciso de mais pessoas. Ainda somos muito poucos. - eu aproveito para esticar a corda, agora que ele parece estar tão disposto a dar-me aquilo que eu preciso.

- Quantos precisas? - ele semicerra os olhos, porém tem um sorriso nos lábios. Como sempre.

- Pelo menos seis.

Ele parece ponderar na minha resposta.

- Vamos ver o que se pode fazer. - ele acaba por responder.

Eu sorrio, satisfeita.

- Posso perguntar o porquê de ser eu a ter de ir a Alexandria? - eu pergunto, já sem sorrir. É curiosa, a sua escolha. E não consigo pensar em nenhuma boa razão para que ele o faça. Sei que é necessária uma certa agressividade quando se vai às outras comunidades, e eu sou muita coisa, mas agressiva não é uma delas. E jamais magoaria alguém, excepto quando absolutamente necessário.

Percebo então que o seu olhar mudou de direção. Está a encarar o meu colar com o anel.

- Eras casada? - ele pergunta, agora sem sorrir. O seu olhar é inquisidor.

Dou por mim a tocar no anel.

- Não. Este era da minha mãe, o meu pai deu-mo quando fiz 18 anos. - eu explico. Consigo lembrar-me desse momento como se tivesse sido ontem. O meu pai dissera-me que escolhera um diamante negro, pois não era tão comum como o transparente. E a minha mãe também adorava o preto.

- Ela morreu?

- Sim. Quando eu ainda era bebé.

- Que merda.

Ele parece genuinamente com pena. É um sentimento estranho de ver em Negan. Por vezes, esqueço-me que ele é humano.

- É...

- Tens meia-hora para falares com os teus homens. - ele avisa, agora autoritário. Na sua mente, sentimentos são apenas uma fraqueza.

- Sabes qual é a coisa mais forte do que o medo? - eu pergunto, de repente. Ele olha-me com mais atenção, como se tivesse a perguntar-se se ouviu bem o que eu perguntei.

Ele abana a cabeça, ao de leve, em resposta.

- Esperança. Tens de dar às pessoas um pouco de esperança, Negan. Eu posso ajudar-te a fazê-lo.

(N.A: ideia tirada da citação - Esperança é a única coisa mais forte que o medo. Um pouco de esperança é eficaz, muita esperança é perigoso. Faíscas são boas enquanto são contidas - da trilogia "The Hunger Games" da Suzanne Collins)

Ele lambe os lábios, pensativo. Só pelo facto de o ter posto a ponderar nas minhas palavras, já é uma vitória.

- Qual é a tua ideia? - ele pergunta, pausadamente. Está desconfiado. Talvez ainda ache que não pode confiar em mim. Talvez ache que eu estou a planear uma armadilha para o tirar do poder. Gostava de lhe mostrar que tudo aquilo que eu digo é totalmente honesto. Não suporto a mentira.

- Tenho muitas ideias. Podemos discuti-las pelo caminho, ok?

Ele sorri e abana a cabeça, divertido.

- Está bem, querida.

Society | Negan [The Walking Dead]Onde histórias criam vida. Descubra agora